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Doping precisa ser combatido antes e depois das competições

06/02/2018 15h02

Pyeongchang, Coreia do Sul, 6 Fev 2018 (AFP) - O COI promete um programa de controle antidoping rigoroso para os Jogos Olímpicos de inverno 2018, mas é nos meses anteriores à competição que são realizadas muitas análises. Já as amostras de Pyeongchang poderão dar o que falar por muito tempo após o evento.

Sacudida pelo escândalo de corrupção na Federação Internacional de Atletismo (Iaaf), devido ao doping de atletas russos, e depois pelas revelações de um esquema de doping institucional na Rússia envolvendo todos os esportes, a luta antidoping aposta pesado na Coreia do Sul para restaurar sua credibilidade.

Mas esta luta não acontece apenas durante os quinze dias olímpicos a vir.

- "Compartilhar experiência" -O Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Agência Mundial Antidoping (Wada) colocaram em prática uma força-tarefa antes dos jogos, com o apoio das federações internacionais dos esportes de inverno, das agências nacionais antidoping (Onad) e da União Esporte sem Doping (DFSU).

O objetivo desta estratégia é "compartilhar experiência" e dar à luz uma "inteligência coletiva", explicou à AFP a ex-ministra francesa dos Esportes Valérie Fourneyron, que comanda a nova Agência de Exames Internacional (ACI).

"A avaliação dos riscos é compartilhada com todos: em caso de performance inesperada de um atleta, ou se este desiste de uma prova de última hora, as informações circulam. Este trabalho é muito mais pertinente e eficiente", explicou.

"Uma verdadeira estratégia surge, para saber, por exemplo, quando podemos procurar por EPO (Eritropoetina, substância proibida)" com exames de sangue e não de urina, "ou quando é necessário estudar o passaporte biológico" para observar variações suspeitas no perfil biológico do atleta, completou Fourneyron.

- 'Até cinco exames' -No total, cerca de 16.000 exames foram realizados neste cenário de testes pré-Jogos Olímpicos, desde 1 de abril de 2017, afirmou no sábado o diretor médico do COI, Richard Budgett, sem indicar quantos destes deram resultados anormais.

Para os especialistas da luta antidoping, é de conhecimento público que o uso de substâncias dopantes como a EPO acontece durante os períodos de treinamentos, para que o atleta consiga trabalhar mais e se recuperar melhor.

"A construção de uma performance começa pelo menos seis meses antes dos Jogos", confirmou à AFP Rémi Wallard, um investigador da Agência Francesa de Luta contra o Doping (AFLD).

Os especialistas explicam também que a EPO, que aumenta a produção de glóbulos vermelhos no sangue, potencializando assim a capacidade de transporte de oxigênio, é consumida atualmente em pequenas doses para dificultar sua detecção. Outras substâncias, como os hormônios de crescimento, continuam sendo difíceis de detectar.

Cera de 2.500 exames (500 deles de sangue) deverão ser realizados durante o período de competição em Pyeongchang, explicou o diretor médico do COI. O programa tem como alvo os melhores atletas de cada modalidade e prevê exames surpresas. Em seguida, as amostras serão conservadas pelo COI, com prazo para reanálise de até 10 anos, permitindo novas detecções graças aos avanços da ciência.

Para os Jogos Olímpicos de Pequim-2008, as reanálises provocaram uma chuva de desclassificações, 65 no total, sendo 41 de medalhistas, a maior parte oriunda do atletismo e do levantamento de peso.

arb-fbr/ig/am