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Escuderias da F1 têm modelo de sucesso na busca por jovens talentos

21/03/2018 10h52

Paris, 21 Mar 2018 (AFP) - Dos 20 pilotos que farão parte do grid de largada do primeiro Grande Prêmio da temporada 2018 de Fórmula 1, neste domingo em Melbourne, na Austrália, 11 deles são oriundos das estruturas de detecção e formação das escuderias, que se confirmam como um caminho importante para se chegar à elite do automobilismo.

Red Bull, Renault, Ferrari, Mercedes e McLaren selecionam as grandes promessas do automobilismo e dão o suporte necessário nas categorias inferiores, num momento em que a maioria dos pilotos não teria os meios econômicos para desenvolver suas carreiras.

"O automobilismo é muito caro e é preciso esse apoio para superar essas etapas", confirmou o britânico Jack Aitken, 22 anos e membro da Renault Sport Academy.

As escuderias oferecem também preparação física e psicológica, além de 'media training', horas em simuladores e até a oportunidade de guiar um carro de F1.

"Isso ajuda muito, porque são coisas que um jovem piloto não poderia ter sozinho", destaca o franco-argentino Sacha Fenestraz, de 18 anos, outra aposta da Renault.

Os pilotos que chegam ao fim do processo se encontram numa posição privilegiada para cavar uma vaga na Fórmula 1, defendendo a escuderia que acompanhou todo o seu desenvolvimento.

- Modelo Red Bull -"O interesse é principalmente esportivo: trata-se de garantir o quanto antes os pilotos considerados os melhores de amanhã", explica Gwen Lagrue, responsável da filial de talentos da Mercedes.

"Pode ser mais interessante economicamente do que contratar grandes estrelas", admite Mia Sharizman, que comanda o programa júnior da Renault e tem como filosofia "mostrar o DNA da marca, além do motor e do carro".

No que diz respeito a categorias de base, a Red Bull é considerada modelo com seu "Junior Team", lançado em 2001 e dirigido por Helmut Marko, apelidado por muitos de "Deus", por sua facilidade em criar ou acabar com uma carreira. O último exemplo é recente: o russo Daniil Kvyat, que era tido como grande promessa da F1, mas acabou demitido ao fim da temporada 2017.

O alemão Sebastian Vettel, quatro vezes campeão do mundo com a Red Bull entre 2010 e 2013, e agora na Ferrari, é o maior exemplo do sucesso das categorias de base da equipe austríaca.

Os dois pilotos da Red Bull para 2018, o australiano Daniel Ricciardo e o holandês Max Verstappen, também começaram no programa de jovens talentos da escuderia, assim como o espanhol Carlos Sainz Jr (hoje na Renaut, ex-Toro Rosso) ou francês Pierre Gasly (Toro Rosso).

O outro piloto titular da Toro Rosso, escuderia irmã da Red Bull, é o neo-zelandês Brendon Hartley, que também teve passagem pelo programa mas acabou sendo demitido no início desta década. Em seguida, se tornou bicampeão mundial de resistência com a Porsche (2015 e 2017) e acabou sendo chamando de volta para substituir Carlos Sainz Jr.

O belga Stoffel Vandoorne cresceu e melhorou sob a batuta da McLaren, enquanto o francês Esteban Ocon teve passagem pelas categorias de base da Lotus e da Mercedes.

- Saturação -O estreante monegasco Charles Leclerc (Sauber) é produto da Ferrari Driver Academy, assim como o mexicano Sergio Pérez (Force India) e o canadense Lance Stroll (Williams).

Mas o caso desses dois últimos pilotos é diferente: Pérez é apoiado pelo bilionário mexicano Carlos Slim, enquanto Stroll recebe ajuda financeira de seu riquíssimo pai Lawrence Stroll, que segundo a imprensa britânica é dono de parte do capital da escuderia.

Entre os quatro estreantes de 2018, somente o russo Sergey Sirtokin (Williams) não vem de um destes programas de detecção e formação de jovens.

Subir degraus até a F1 através de um destes programas nem sempre é garantia de permanência na elite, como mostra o caso do alemão Pascal Wehrlein, revelado pela Mercedes, mas que não conseguiu encontrar uma vaga em outra escuderia após ser demitido da Sauber no fim do ano passado.

"Faltam escuderias para colocar todos os jovens", lamenta Lagrue.

Com isso, são cada vez mais pilotos pedindo passagem, mas um número restrito de carros a serem pilotados, criando um cenário de saturação na F1.