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Catástrofe diante da Espanha deixa Argentina nas trevas

28/03/2018 15h13

Buenos Aires, 28 Mar 2018 (AFP) - Cada gol que a Espanha marcava na vitória por 6 a 1 em Madri, terça-feira, aumentava o temor até alcançar a hecatombe do resultado final, que afundou a Argentina de Lionel Messi nas trevas antes da Copa do Mundo da Rússia-2018.

O ídolo e capitão, fora da partida para evitar aumentar uma lesão, viu o terremoto do camarote do estádio Metropolitano e não conseguiu suportar a vergonha. A 12 minutos do fim da partida, o craque deixou seu lugar para compartilhar o velório com seus companheiros no vestiário.

Aos torcedores e à imprensa, esgotaram-se as palavras para definir a catástrofe: "o que você quer que eu diga?", respondeu Javier Mascherano ao passar por um jornalista.

Em meio ao tsunami, a voz solitária de Diego Maradona soou: "neste momento o único que resta é melhorar. Vamos Argentina, sempre", escreveu o ex-jogador nas redes sociais.

Mas não se pode tapar o sol com a peneira. A sólida equipe da Espanha escancarou a falta de coordenação dos comandados de Jorge Sampoli, que carecem de identidade e grandes personagens.

"A Argentina vai sofrer até o Mundial. Messi é um gênio e te salva de catástrofes, mas Sampaoli precisa buscar uma estrutura para sustentá-lo. Hoje toda a estrutura está com os parafusos soltos", refletiu Jorge Valdano, campeão mundial no México-1986 e filósofo do futebol.

- Desordem -A Argentina garantiu vaga no Mundial por conta da inspiração de Messi, que fez três gols para salvar sua seleção contra o Equador. Mas o time vem apresentando poucas ideias, fragilidades defensivas e falta de dinâmica coletiva.

No país, o grupo é chamado de um combinado de bons jogadores sem estilo de jogo. Os convocados rendem muito mais em seus times europeus ou argentinos.

"A Argentina não é de Messi (como disse Sampaoli). Precisa ter um conceito coletivo. Os que melhor jogam hoje em dia são Espanha e Alemanha. A desordem que se viu em campo foi muito grande", avaliou o treinador e escritor Álgel Cappa.

A vitória por 2 a 0 sobre a Itália resultou enganosa. Sem Messi, a Argentina pode vencer uma equipe fragilizada, mas contra uma equipe poderosa acaba ruindo.

Existe uma nova geração que aparece, enquanto a de Messi está de saída: 'Manu' Lanzini (West Ham/Inglaterra), Lautaro Martínez (Racing/Argentina), Cristian Pavón (Boca/Argentina), Paulo Dybala (Juventus/Itália), Maxi Meza (Independiente/Argentina) e Nico Tagliafico (Ajax/Holanda) são craques em potencial, mas que pouco se conhecem dentro de campo.

"Fazer uma análise séria com 1-6 não é objetivo", disse com sensatez o jovem Meza, que pede passagem com sua qualidade.

A reação dos torcedores não foi surpresa. Em enquete do site minutouno.com, diante da pergunta "você acredita que a Argentina pode ser campeã mundial", 17,9% votaram sim, contra 82,1% que não.

"A Argentina não tem time. Se Messi não estiver, não passamos da primeira fase", disse o campeão mundial na Argentina-1978, Daniel Bertoni.

A alviceleste está no grupo D aos lado de Islândia, Croácia e Nigéria. "Nos resta torcer que Messi esteja bem, mas não sei qual é o esquema do time", opinou o campeão mundial na Argentina-78, Mario Kempes.