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Depois de incêndio no shopping, russos pedem destituição das autoridades

28/03/2018 10h38

São Petersburgo, 28 Mar 2018 (AFP) - A Rússia se encontrava de luto nacional nesta quarta-feira (28) em memória dos 64 mortos, entre eles 41 crianças, no incêndio de um shopping de Kemerevo, na Sibéria Ocidental, em meio a pedidos de renúncia das autoridades locais, responsabilizadas pela tragédia.

Um minuto de silêncio foi mantido na terça-feira antes do início do amistoso entre Rússia e França em São Petersburgo.

Na véspera, o presidente russo, Vladimir Putin, visitou o lugar e denunciou o que chamou de negligência criminosa.

As autoridades atribuem o incêndio a inúmeras violações das regras de segurança, apesar de as circunstâncias do incêndio ainda não terem sido estabelecidas.

Os habitantes de Kemerovo, uma cidade industrial de 550.000 habitantes, consideram que as autoridades locais são responsáveis, porque não fizeram as regras de segurança serem aplicadas e respeitadas.

Na segunda-feira, as autoridades russas também denunciaram que o shopping não respeitava as normas de segurança, principalmente no que diz respeito às saídas de emergência, que ficavam fechadas, e aos alarmes de incêndio, que não funcionavam.

Isso foi confirmado pelos primeiros resultados da investigação judicial.

"A administração de Kemerovo é impotente. São incapazes de responder às nossas perguntas", desabafou Svetlana Turshina no YouTube.

O centro comercial abriu suas portas em 2013, apesar de um relatório negativo sobre as medidas anti-incêndio, ignorou as instruções que se seguiram a uma inspeção do Ministério de Situações de Emergência e estava registrado com uma empresa com menos de 100 empregados para evitar determinados controles.

"Qualquer empresário pode dizer quanto custa para fechar os olhos de um inspetor, para não ter que gastar com alarmes e saídas de emergência", protestou o popular blogueiro Ilia Varlamov.

Milhares de pessoas se reuniram na véspera na praça central de Kemerovo para exigir explicações das autoridades.

A prisão de cinco pessoas, entre elas os diretores do shopping e o chefe da segurança, não serviram para aplacar a cólera dos habitantes, que temem que os verdadeiros responsáveis jamais venham a ser punidos.

Diante dos rumores de que o número de vítimas seja maior do que o oficial anunciado pelas autoridades, o prefeito da cidade, Ilia Serediuk, teve de permitir o acesso ao necrotério.

"Tratam a gente como gado", protestou Igor Vostrikov, que perdeu a mulher, três filhos e uma irmã no incêndio, falando ao vice-governador da região Serguéi Tsiviliov.

"O que você quer, jovem? Publicidade com o sofrimento geral?", respondeu Tsiviliov, que mais tarde teve de pedir perdão de joelhos à população e prometeu punir os responsáveis.

Furioso com a resposta, Vostrikov convocou os habitantes de Kemerovo para uma nova manifestação no sábado.

Em Moscou e em São Petersburgo, as pessoas também protestaram para denunciar a corrupção que mata e exigir uma investigação transparente.

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