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Liga das Nações ganha apoiadores após início turbulento

12/11/2018 17h23

Paris, 12 Nov 2018 (AFP) - Exceto por poucos clubes ricos europeus e alguns jogadores cansados, são poucos os críticos da Liga das Nações. O novo torneio criado pela Uefa substitui os amistosos sem interesse e, ao mesmo tempo, adiciona uma pitada de pressão nas seleções.

"É a competição mais absurda do mundo do futebol", criticou o técnico do Liverpool, o alemão Jurgen Klopp, com sua habitual franqueza em declarações feitas em início de outubro.

- Dembelé não "entende nada" -"O técnico nos explicou (as regras), mas não entendi nada", declarou recentemente o atacante francês Ousmane Dembélé, que se mostrou confuso com o formato da competição, a Liga das Nações recebeu bastante respaldo no mundo do futebol.

Em linhas gerais, a competição divide em grupos seleções de níveis similares para disputar quatro vagas na Eurocopa-2020 e com um quadrangular final em junho para as melhores equipes.

Apesar de algumas vozes críticas, como a do lateral belga do PSG Thomas Meunier, que preferiria que os jogadores tivessem mais descanso do que ter que "jogar só por jogar", a opinião geral sobre a Liga das Nações é positiva.

Na imprensa, o jornal madrilenho As, por meio de seu diretor Alfredo Relaño, elogiou uma inovação bem-vinda: "Me parece um passo na direção certa, porque substitui os amistosos de pouco interesse -sem eliminá-los completamente- pelo verdadeiro futebol".

- "Competição muito atrativa" -O técnico da França, Didier Deschamps, se mostrou satisfeito em retomar o caminho competitivo pouco depois de conquistar a Copa do Mundo. "Psicologicamente, é bom para os jogadores enfrentar a Alemanha e a Holanda com um objetivo", opinou.

"Para mim, é uma competição muito atrativa", analisou o técnico da Espanha, Luis Enrique. "Posso ver meus jogadores competindo contra outras seleções do mesmo nível e com um título em jogo no ano que vem. Para mim é perfeito".

A Liga das Nações permitiu à Espanha, eliminada nas oitavas de final da Copa do Mundo da Rússia, reencontrar seu futebol e deixar a recente decepção para trás, goleando em setembro a vice-campeã do mundo, a Croácia (6-0).

- Clubes mais críticos -A Alemanha também precisava voltar a competir após a eliminação precoce na Copa, mas as opiniões em relação à Liga das Nações são mais mornas. "Vejo com bons olhos menos amistosos e mais jogos de competição", disse o técnico da Mannschaft, Joachim Low, antes de completar: "mas o mais importante é se classificar para o próximo torneio, não é o troféu da Liga das Nações".

Os clubes alemães, porém, são mais críticos.

"Ninguém precisa desta Liga das Nações", fulminou Karl-Heinz Rummenigge, presidente do Bayern de Munique.

De fato, os clubes são os maiores prejudicados pela nova competição. "Você pode ligar para o técnico da seleção para pedir que dê descanso a um ou dois jogadores, mas ele também pode dizer que está sob pressão porque precisa ganhar a Liga das Nações", argumentou Klopp.

- Positivo enquanto não for rebaixado -Na Itália, o diário esportivo Gazzetta dello Sport lembrou os pontos atrativos do novo formato: "um torneio com recompensas, principalmente econômicas". Contudo, há "um risco de degradação" que pode, por exemplo, trazer uma nova humilhação, como o rebaixamento à Liga inferior, para uma seleção italiana em plena reconstrução após não conseguir se classificar para a Copa do Mundo da Rússia.

O técnico da Itália, Roberto Mancini, moderou seu entusiasmo com o novo torneio. No início, via a Liga das Nações como "uma inovação positiva", já que é "melhor para os jogadores poder competir valendo três pontos".

Mas, em seguida, relativizou. "Quando cheguei, o objetivo era reconstruir a equipe e mostrar uma boa cara na Liga das Nações. Só isso. A Liga das Nações foi criada para que as equipes parem de subestimar os amistosos. Não vejo motivos para um drama".

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