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Morte, fraude, prisões: a derrocada do time de Alexandre Pato na China

Problemas legais fizeram o Tianjin Quanjian mudar de nome; agora o clube se chama Tianjin Tianhai, segundo a imprensa chinesa - AFP
Problemas legais fizeram o Tianjin Quanjian mudar de nome; agora o clube se chama Tianjin Tianhai, segundo a imprensa chinesa Imagem: AFP

Da AFP, em Xangai (China)

18/01/2019 18h58

Uma menina morta, acusações de fraude, uma dezena de prisões: o Tianjin Quanjian, clube chinês no qual joga o atacante brasileiro Alexandre Pato, atravessa atualmente uma crise que poderia ser fatal.

No meio da tormenta, o atacante brasileiro de 29 anos e que chegou ao clube chinês para relançar a carreira no início de 2017, não sabe se continuará no país asiático na próxima temporada, que começa em março.

Embora o grupo farmacêutico Quanjian siga sendo o proprietário deste clube com sede na grande cidade portuária de Tianjin, as autoridades assumiram o controle da entidade e a obrigaram esta semana a mudar de nome, rebatizando para Tianjin Tianhai, segundo a imprensa oficial.

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Sem dinheiro, o clube, que terminou na nona colocação (de 16 clubes) no último Campeonato Chinês, precisa agora lutar por sua sobrevivência e estaria disposto a vender jogadores para não afundar.

A queda do Tianjin Quanjian, que lutava pelo pódio do Campeonato Chinês há pouco mais de um ano, começou em final de dezembro.

A empresa proprietária do clube, especializada em medicina tradicional chinesa, foi questionada devido à morte de uma menina que sofria de câncer, há três anos.

A criança teria interrompido um tratamento por quimioterapia para se tratar exclusivamente com produtos do grupo farmacêutico. Ela faleceu em dezembro de 2015, aos 7 anos.

'Provavelmente rebaixado'

O caso ganhou notoriedade após a publicação de uma matéria em dezembro de 2018 em um site dedicado a questões de saúde.

Compartilhada nas redes sociais, a história da morte desta criança provocou um grande alvoroço e levantou dúvidas sobre os produtos da Quanjian.

A empresa farmacêutica também é objeto desde 1º de janeiro de uma investigação por suspeita de fraude por esquema de pirâmide financeira e propaganda enganosa, segundo a agência de notícia Xinhua.

O fundador da Quanjian, Shu Yuhui, está entre as pessoas presas pelo caso, segundo o diário oficial China Daily.

"Se o clube não encontrar um proprietário melhor para assumir a equipe, ela provavelmente será rebaixada", analisa Chen, torcedor do Tianjin desde os 6 anos de idade. "E se daqui ao fim de 2019 nenhuma empresa se manifestar, a equipe poderia até ser dissolvida e os jogadores liberados de seus contratos", prevê o homem de 33 anos.

A maioria dos 16 clubes da liga chinesa pertence a grandes grupos industriais, presentes no mercado imobiliário (Guangzhou Evergrande, Shandong Luneng), no setor financeiro (Beijing Sinobo Guoan), no varejo de eletrodomésticos (Jiangsu Suning) ou na atividade portuária (Shanghai SIPG).

Jogadores calados

Como símbolo do péssimo momento que atravessa o Tianjin Quanjian, a bandeira marrom, azul e ouro do clube foi retirada nos últimos dias da sede do clube.

Este período contrasta com a situação do clube há apenas um ano. A equipe havia terminado um novembro de 2017 na terceira colocação do Campeonato Chinês sob o comando do técnico italiano Fabio Cannavaro.

Alexandre Pato fazia parte de um eficiente ataque ao lado do francês Anthony Modeste, que reforçou o Tianjin Quanjian depois de deixar o Colônia (Alemanha) por uma bela quantia de dinheiro.

O Tianjin também contratou a preço de ouro o meia belga Axel Witsel (20 milhões de euros), vendido em seguida ao Borussia Dortmund em 2018.

Pato, que atualmente realiza a pré-temporada nos Emirados Árabes Unidos, é agora a única estrela do time, mas, assim como os companheiros, teria sido proibido de comentar publicamente a situação do clube, segundo a imprensa chinesa.