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Senegal joga final da Copa Africana de Nações sonhando com primeiro título

18/07/2019 21h03

Dacar, 19 Jul 2019 (AFP) - O Senegal sonha em erguer sua primeira Copa Africana de Nações (CAN) após a final diante da Argélia nesta sexta-feira no Cairo. Com jogadores de nível internacional como Sadio Mané e um técnico "experiente", esta vez "será a boa" após anos de desilusões, dizem os torcedores.

Primeiro país africano no ranking da Fifa, onde ocupa o 22o lugar, o Senegal espera se livrar de sua reputação de sempre morrer na praia e conquistar seu primeiro grande título.

Os "Leões de Teranga" até hoje jogaram apenas uma final da CAN, perdida nos pênaltis contra Camarões em 2002 no Mali. Naquele ano, os senegaleses fizeram bonito ao derrotar a campeã do mundo França na abertura da Copa sediada por Japão e Coreia do Sul. Mas eles foram eliminados aos 94 minutos nas quartas de final pela Turquia.

Dezessete anos depois, a "geração 2002" continua sendo a referência nesse país de futebol, onde o fraco histórico de títulos da seleção contrasta com a importância do futebol no imaginário coletivo e com as performances de seus jogadores nos campeonatos europeus.

Figura de destaque da geração 2002, da qual também faz parte o técnico Aliou Cissé, o ex-atacante El Hadji Diouf acredita que a vitória tão esperada na cena continental "não está muito longe". "Queremos ganhar e, se Deus quiser, esse sonho vai se tornar realidade. Eu sempre rezei para que meus jogadores façam melhor do que eu".

"Na sexta-feira, vamos jogar nossa revanche contra a Argélia", que derrotou Senegal (0-1) na fase de grupos, afirma com confiança, Mor Guèye, um operário da construção civil de Dacar, de 19 anos.

- 'Mentalmente sólidos' -Com a final se aproximando, camisas, bandeiras, pulseiras, bonés, apitos e vuvuzelas nas cores verde, amarelo e vermelho fazem a alegria dos vendedores ambulantes da capital.

"Eu acabei com meu estoque", afirma Assane Ndoye, cujas últimas camisas, colocadas sobre a calçada de uma grande avenida, são vendidas de 3.000 francos CFA (4,6 euros) a 10 mil francos CFA (mais de 15 euros). Nas lojas de esporte, as camisas "oficiais" são vendidas por um valor bem mais alto: cerca de 50 mil francos CFA (mais de 76 euros), em um país onde o salário mínimo é de 52.500 francos CFA (80,7 euros).

"Sermos sólidos atrás, sólidos mentalmente, isso sempre nos fez falta", reconheceu diante da imprensa o presidente da Federação senegalesa, Augustin Senghor. "Mas hoje, adquirimos essas duas qualidades que, eu espero, permitam que nós derrotemos a Argélia".

"Eu espero que este ano seja o bom", destaca Talla Fall, diretor da comunicação da "Génération foot", uma academia construída perto de Dacar e que revelou Sadio Mané, campeão da última Liga dos Campeões com Liverpool.

"Esse grupo chegou à maturidade. Alguns desses meninos se conhecem desde os Jogos Olímpicos de 2012 em Londres. Eles são requisitados no mundo todo", diz Fall à AFP, para quem Sadio Mané tem todas as condições de ganhar a Bola de Ouro este ano.

- 'Sejam leões caçadores!' -O Senegal também ganhou "organização" e "profissionalismo" que lhe faltaram no passado. "Não temos mais problemas, por exemplo, relativos a premiações (e de disciplina). Aliou Cissé, com sua experiência de ex-jogador, soube melhorar" o ambiente da equipe, com o apoio do Estado, explica Talla Fall.

"Uma pequena cidade senegalesa foi instalada no hotel dos jogadores. Os jogadores sentem o Senegal e se sentem Senegaleses. No plano psicológico, isso conta", diz ele.

Os "Leões de Teranga" (hospitalidade, na língua wolof) deverão deixar suas boas maneiras fora de campo se quiserem vencer, aconselhou o presidente senegalês Macky Sall antes da partida dos atletas rumo ao Egito.

"Sejam leões caçadores! Tragam a taça para nós!", disse ele.

Nas arquibancadas do Cairo, os torcedores dos "Gaïndé" (leões) deverão ficar em minoria em relação aos cerca de 4.800 argelinos que deverão chegar em 28 aviões especiais.

"Desde 2002, nós não víamos isso. Já foram realizadas 32 CAN e Deus nos dá uma segunda final. Macky Sall e os homens ricos deste país deviam fretar aviões para os torcedores", explica com um certo pesar Maguette Seck, entregador de restaurante em Dacar.

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