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Ex-imigrante ilegal, Glover aposta em Dana para evitar sanções de Trump

Glover Teixeira entrou nos EUA como imigrante ilegal na década de 90 - William Lucas/inovafoto
Glover Teixeira entrou nos EUA como imigrante ilegal na década de 90 Imagem: William Lucas/inovafoto

08/02/2017 17h41

Ex-imigrante ilegal, Glover Teixeira atravessou a fronteira que separa os EUA do México no fim da década de 90 após dias de viagem no deserto americano. E foi lá que o antigo servente de pedreiro aprendeu inglês, conheceu nas artes marciais a sua profissão e se casou, o que após anos de “exílio” no Brasil lhe garantiu o visto para que, agora de forma legal, ele pudesse entrar no país. E com tantas mudanças em sua vida, nada mais natural do que o meio-pesado (93 kg) analisar a atual situação política do país.

Com a chegada de Donald Trump ao governo norte-americano, a promessa de construção de um muro que separasse EUA e México parece cada vez mais próxima de sair do papel, ato que apenas faz parte de uma série de medidas de repressão à imigração ilegal do país mais rico do mundo. Cenário que causa polêmica e ameaça abalar relações diplomáticas entre algumas nações, mas que deve, na visão do lutador brasileiro, contar com certa segurança quando se trata de atletas do UFC.

“Acho que os atletas do UFC estão tranquilos, porque o padrinho Dana White deu um suporte danado para o Trump. Não é possível que o Trump vá sacanear a gente, os lutadores. Não tenho muito para falar de política, não sigo muito. Só espero que seja bom para o país. Espero que esse cara não seja tão… Às vezes ele gosta muito de mandar como faz na empresa dele. Só posso esperar que seja um bom governo”, analisou o mineiro em conversa aos jornalistas presentes no media day do UFC 208, realizado na cidade de Nova York, nesta quarta-feira (8).

Se quase 20 anos atrás o ainda jovem Glover atravessou a fronteira em uma época em que o caminho era tão comum que contava com “empresas” especializadas no transporte de imigrantes ilegais, atualmente o cenário é diferente e o cerco a essa prática é maior. No entanto, o brasileiro garante que, caso fosse jovem de novo e tivesse aquela mesma insensatez por aventura, poderia sim tentar driblar o muro de Donald Trump.

“Agora não tem jeito mais. Na época que eu vim, em 1999, todo mundo estava vindo. Era a febre da galera. Eu tinha 19 anos, hoje em dia eu não faria nem naquela época. A cabeça pensa diferente. Para mim foi aventura, eu tinha 19 anos. Talvez, se eu tivesse 19 anos de novo eu viria. Estava nem aí, furaria um buraco por baixo do muro. Mas a cabeça é diferente, é outro pensamento”, garantiu à reportagem da Ag. Fight.

Vindo de derrota por nocaute para Anthony Johnson em agosto do ano passado, Glover encara Jared Cannonier em duelo que pode colocá-lo, em caso de vitória, no caminho rumo ao título do UFC em nova oportunidade. Em abril de 2014, Glover acabou superado por Jon Jones na única vez em que disputou o cinturão dos meio-pesados.