Mudança de discurso e erro de informação: bastidores do doping de Gastelum
A mudança de argumentos por parte de Gastelum levantou a hipótese de que sua pena tenha sido branda justamente em virtude de sua primeira justificativa, já que ele havia alegado fazer uso da substância de forma medicinal. Já em seu novo discurso, durante entrevista ao programa ‘MMA Hour’, o americano se defendeu ao revelar que possui uma licença para fumar maconha no estado da Califórnia (EUA). E a disparidade de informações fez com que Marcelo Sedlmayer, presidente do órgão responsável pelo julgamento, em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, analisasse as falhas no discurso do atleta.
“Em momento algum foi apresentado qualquer tipo de documento, é aí que vem a mentira. Esses são os pontos em que há divergência no discurso dele. Ou seja, primeiro era medicamento, e na entrevista ele falou que utilizou três semanas antes luta. Mas, pela dosagem aferida, um cigarro de maconha não consta toda aquela dosagem três vezes acima do permitido. Se no Brasil não é permitido, ele jamais poderia usar a substância aqui. Ou seja, ele jamais apresentou tais documentos como a licença, a prescrição médica, a dosagem e o fundamento perante o tribunal”, relatou Marcelo.
O que causa estranheza na mudança de discurso de Gastelum é o fato de que foi o próprio lutador quem procurou o STJD-MMA e a Comissão Atlética Brasileira de MMA (CAB-MMA) para confessar o uso da substância proibida e buscar um acordo. No entanto, apesar de ficarem claras as diferenças nos relatos do americano, Marcelo Sedlmayer fez questão de garantir que ele não sofrerá nenhum tipo de retaliação por parte dos órgãos, já que ele havia admitido o uso da maconha em um primeiro momento.
“A mudança de discurso existe, mas a de informação não. Ele confessou o uso da substância, e para o tribunal isso é o que importa. Como ele usou ou não usou, para a gente é indiferente. Porque se ele tem uma licença de uso na Califórnia, essa licença vale apenas para lá. Ainda que fosse em outro estado lá, e não poderia usar se não fosse permitido. Ou seja, não há nem o que se falar quando a gente abrange essa questão de lei de outro país”, relembrou.
Além de analisar as partes legais que envolvem o caso, o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do MMA também ponderou o fato de que Gastelum foi flagrado no exame antidoping enquanto fazia uso da maconha de forma recreativa e não medicinal, como havia alegado antes. E para justificar seu argumento, Marcelo relembrou que na entrevista ao programa ‘The MMA Hour’, na última segunda-feira, o americano hesitou ao responder se pararia de consumir a erva - o que não seria possível caso a cannabis fosse usada em prol de sua saúde.
“Você vê que na própria entrevista ao programa lá. O repórter pergunta para ele se ele parará de fumar, e ele ficou meio calado e respondeu que não sabia. Então, se fosse por questões medicinais, ele responderia, né? Dá a entender, ainda que não possamos afirmar, que é muito mais uma questão recreativa do que medicinal”, completou.
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