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"Mancha por doping" faz Gleison Tibau abrir card do UFC pela 1º vez

Mark J. Terrill/AP Photo
Imagem: Mark J. Terrill/AP Photo

Felipe Castello Branco, no Rio de Janeiro (RJ)

Ag. Fight

19/01/2018 07h00

 

Flagrado em um exame antidoping em dezembro de 2015 e posteriormente condenado a dois anos de suspensão pela USADA (agência americana de controle de antidopagem), Gleison 'Tibau' está com o seu retorno ao octógono marcado para o UFC 220, evento que será realizado no próximo sábado (20) em Boston (EUA), quando enfrentará Islam Makhachev. Prestes a fazer a sua 27ª luta na companhia, o brasileiro foi escalado para abrir um card do Ultimate pela primeira vez na carreira. Contudo, diferentemente do que muitos poderiam pensar, essa situação não incomoda o lutador, que deixou claro ter consciência de que um caso de doping pode manchar a história de um atleta.

A última vez que Tibau subiu no octógono foi em novembro de 2015, quando finalizou Abel Trujillo antes de ver o resultado ser anulado após o teste antidoping. E, justamente pelo longo período afastado, o brasileiro sabe que os torcedores questionam de que forma ele irá se apresentar fisicamente. Situação essa que, na opinião do peso-leve (70 kg), justifica a escalação para a primeira luta do card preliminar.

"Eu nunca tinha feito a primeira luta da noite no UFC. Quando eu vi, achei até engraçado. Sou um dos caras que mais lutou no UFC, lutei contra campeão de divisão , fiz grandes lutas dentro do UFC. Mas, para falar a verdade, achei engraçado. Primeira luta da noite . Isso não me incomodou, não. Até porque, passei dois anos fora e ninguém sabe como eu estou. Ninguém sabe se eu passei dois anos de farra, trabalhando em outra coisa ou sem treinar. Então, acho que a organização e os fãs querem saber como vai ser o meu retorno. Tenho certeza que se eu tiver uma boa performance e provar que estou bem, na próxima vez terei uma grande luta", declarou, antes de apontar que um flagrante em um doping pode manchar a carreira de qualquer atleta.

"Acho que mancha sim, porque todos vão ver que você é atleta que teve problema com o doping - seja no UFC, nas Olimpíadas, etc. Mas isso também não quer dizer que o atleta só depende daquilo. No meu caso foi um erro que eu cometi. A equipe de nutrição falhou comigo mas quem pagou o erro fui eu. Mas cumpri o que tinha que fazer e agora vou passar tudo a limpo. Estou feliz de retomar a minha carreira porque foram dois longos anos", afirmou.

Sem poder subir no octógono por um longo período, Tibau revelou que foi obrigado a enxugar gastos e buscar alternativas para poder atravessar o difícil momento financeiro. No entanto, por outro lado, o brasileiro frisou que não buscou outras formas de trabalho pois, para ter um bom retorno ao Ultimate, deveria seguir treinando sempre.

"Se o lutador não luta, ele não ganha dinheiro. Então, imagina a minha situação. Foram dois anos sem competir. Foi duro, bem duro. Tive que mudar muitas coisas, sair do meu conforto, enxugar gastos. Dormia e acordava sem expectativa de lutar e competir... E eu tive o bom senso de que não dava para fazer muita coisa. Se o meu objetivo era retornar ao UFC, eu tinha que seguir treinando. A evolução do esporte é muita rápida, temos muitos atletas novos e versáteis, cheios de vontade. Então, se eu fosse fazer qualquer outra atividade na minha vida, eu ia perder ritmo, ia perder técnica e não acompanharia toda a evolução. Tinha que me manter treinando sempre", contou.

Prestes a encarar um atleta quase oito anos mais novo e que conta com apenas uma derrota na carreira, Tibau espera encontrar em Makhachev um estilo de jogo parecido com o de Khabib Nurmagomedov, que ele encarou em 2012. De acordo com o brasileiro, os russos treinam juntos e vêm da mesma escola no wrestling.

"Ele é um cara duro, será um retorno difícil, eu sei. Ele é jovem e vai fazer barulho na divisão. Ele tem uma boa escola no wrestling e treina com o Khabib, que é um cara que na minha opinião está sobrando na categoria. Se você for olhar as lutas do Khabib, acho que eu fui o único que consegui bloquear o jogo dele evitar suas quedas. E acho que o Islam virá com a mesma estratégia, trabalhando o wrestling e vindo para cima. Essa é a escola deles", analisou.

Tibau iniciou sua carreira em 1999 e é, atualmente, um dos atletas mais experientes no Ultimate. Aos 34 anos de idade, o brasileiro coleciona no currículo um cartel com 33 vitórias e 12 derrotas. No octógono mais famoso do mundo, o atleta acumula 26 apresentações, marca superada entre os compatriotas apenas por Demian Maia, que coleciona 27 disputas no cage.