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'Bate-Estaca' celebra igualdade de condições entre homens e mulheres no UFC

Lais Rechenioti, no Rio de Janeiro (RJ)

Ag. Fight

08/03/2018 08h00

Jéssica Andrade se consagrou como um grande nome no MMA mundial. Depois da sua vitória no UFC Orlando - evento que aconteceu no último dia 24 de fevereiro, nos Estados Unidos - a brasileira se consolidou no topo do ranking e aguarda a possível confirmação de seu nome como próxima desafiante ao cinturão da categoria peso-palha (52 kg). E, neste dia internacional da mulher, 'Bate-Estaca' comemora uma grande conquista do dito "sexo frágil" no Ultimate.

Enquanto muitas mulheres lutam pela igualdade de condições de trabalho entre os gêneros, o UFC parece estar um passo a frente. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight, Bate-Estaca ressaltou que muitas lutadoras iniciam suas caminhadas na maior organização de MMA do mundo com salários maiores do que o dos homens, o que seria uma raridade nos dias atuais. Além disso, a brasileira celebrou a independência das atletas dentro do esporte.

"Acho que hoje as mulheres conquistaram muito. A gente tem uma independência muito boa. O UFC paga as mulheres da mesma forma que paga os homens, a forma de pagamento é a mesma para os dois. Isso depende do quanto você se dedica. Hoje em dia, eu vejo mulheres começando com bolsas muito maiores que os homens. Vejo homem começando com bolsa de 8 mais 8 no UFC, e a Priscila Cachoeira ganhou 10 mais 10 . Já começou com um valor a mais que o masculino. Estamos conseguindo conquistar esse espaço de salário, como lutadoras", comemorou a atleta.

E se hoje o público valoriza a participação das lutadoras no cage, para a brasileira, isso se dá pela determinação delas durante os confrontos. De acordo com a atleta da PRVT, no começo do MMA feminino os fãs trocavam de canal até chegar a vez dos homens. E foi graças a grandes nomes como Cris 'Cyborg' e Ronda Rousey, que desbravaram o esporte, que as mulheres conquistaram o seu espaço nos shows e hoje podem ser protagonistas no main event - como foi o caso da campeã dos penas (66 kg), que defendeu o cinturão na luta principal do UFC 222, no último sábado (3).

"A gente está mostrando que a gente está fazendo um bom trabalho. As mulheres estão entrando com muita vontade, querendo ser as melhores. E acho que isso está chamando a atenção do UFC, do público, dos fãs. O público hoje senta para o evento pensando: 'Caraca, hoje vai ter feminino'. Porque sabe que a gente entra como se fosse a mulher traída, a gente entra para bater uma na outra lá e não está nem aí . O sangue desce no olho, a gente limpa o olho e continua na porrada. Então, está chamando muita atenção, estamos fazendo um bom trabalho. A gente vê a evolução do esporte feminino. Começou com a Cris lá trás, quando o MMA feminino não era nada. Depois teve a Ronda . E agora, todo mundo em conjunto, só faz crescer o MMA. Graças a Deus hoje faço parte um pouco disso. Podemos ter mais cinturões no MMA e trazer mais mulheres para o esporte. E estamos mostrando a nossa força, quem sabe um dia os meninos conseguem recuperar a posição deles", analisou a brasileira.

"Agora as pessoas pensam: 'Luta feminina, vamos assistir!', não é mais aquilo de: 'Luta feminina? Troca de canal até começar a masculina'. Hoje em dia a pessoa quer assistir a luta feminina. A gente quer mostrar a garra, a determinação da mulher, a força de vontade. Não somos só um rostinho bonito, não. Sabemos ser fortes, guerreiras, bravas. Quando a gente coloca um objetivo na nossa frente a gente vai até pegar ele. Quando a mulher quer alguma coisa, a gente vai buscar. Os meninos ficam estudando, dão um soquinho ali. A menina não, ela já entra pensando: 'Vou dar um jab, um direto, um cruzado e um chute onde pegar'. A gente entra com vontade. O cenário feminino tem melhorado muito graças a isso. A gente mostra isso para as outras mulheres: ter o nosso espaço, ter o nosso trabalho e estamos nos saindo bem com isso", concluiu.