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Lutadora do UFC revela que combate entre mulheres ainda é tabu na Rússia

Diego Ribas, em Las Vegas (EUA)

Ag. Fight

21/08/2018 08h00

Apesar de ter se difundido pelo mundo nos últimos anos, o MMA feminino ainda é visto com maus olhos em alguns países. Prova disso, foi a declaração da atleta Yana Kunitskaya à reportagem da Ag Fight. A ex-campeã do Invicta FC e agora integrante do UFC revelou que na Rússia ainda há o pensamento de que "lutas não foram feitas para mulheres".

No entanto, de acordo com a atleta, isso não abala as praticantes de MMA do país, que continuam a treinar e lutar normalmente. Apesar disso, Yana confessa que esse pensamento retrógrado atrapalhou sua possível atuação em 'sua casa'. De acordo com a lutadora, o UFC cogitou escalá-la para a edição na Rússia, no dia 15 de setembro, porém mudou de ideia ao saber o histórico da nação.

"Primeiro, me convidaram para lutar na Rússia. Mas, depois, eles viram que, na Rússia, há um pensamento tradicionalista de que mulheres não podem lutar. Que as lutas não foram feitas para as mulheres. Então, eles ficaram receosos de colocar meninas lutando. As meninas que treinam e lutam não se importam com o que essas pessoas pensam. Acho que uma luta feminina em cada evento seria bom, e tenho certeza de que o evento vai ser bem-sucedido", opinou a russa.

A preparação de Yana está sendo feita toda nos EUA, com a equipe 'Xtreme Couture' e também no Instituto de Performance do UFC. Atualmente Kunitskaya passa boa parte de seu tempo fora de sua terra natal e não descarta a possibilidade de se mudar de vez para a 'Terra do Tio Sam'.

"Acho que tenho mais fãs aqui nos Estados Unidos do que na Rússia, e estou feliz com isso. Talvez sim. Gosto daqui", revelou a atleta do Ultimate.

Recém-chegada ao UFC, Yana encarou de cara Cris 'Cyborg' - considerada por parte da imprensa a maior lutadora de todos os tempos - em sua estreia na organização. Na ocasião, em março deste ano, Kunitskaya foi nocauteada pela brasileira, duelo que rendeu curiosa análise da atleta.

"Não vejo Cyborg como um bom início para ninguém", revelou a atleta com risadas e bom humor. "Acho que eu fiquei mais forte mentalmente, porque havia muitos olhares em mim de repente, com pouca antecedência, muita pressão psicológica em mim. Mas não sei dizer se aprendi algo, porque foi uma luta muito rápida", ironizou.

Em busca de um recomeço positivo no Ultimate, Yana baixou seu peso para atuar na divisão dos galos (61 kg). E seu primeiro desafio na nova categoria já é uma atleta rankeada: a sueca Lina Lansberg, que figura na 11ª posição. O confronto entre as duas será realizado no UFC 229, no dia 6 de outubro, em Las Vegas (EUA).

"É uma luta muito boa para mim. Ela é dura, forte, mas posso ver pontos fracos. Acho que tenho mais pontos fortes que ela. Eu me vejo melhor do que ela no chão. Provavelmente, ela vai buscar me clinchar, como faz em toda luta. Ela gosta de clinchar e dar cotoveladas, mas eu me vejo mais forte também nesta área", projetou a lutadora.

Apesar de certa reprovação com a presença de mulheres no octógono, o MMA cresce constantemente em todo território russo. De acordo com Yana o esporte ainda não possui a magnitude em seu país que tem por exemplo nos EUA, mas mesmo assim é algo extremamente popular. Essa nova febre na 'terra gelada' tem muito a ver com o surgimento de Khabib Nurmagomedov, campeão peso-leve (70 kg) invicto do UFC, que impulsionou as artes marciais em sua nação.

Confira abaixo a entrevista exclusiva de Yana na íntegra: