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UFC Brasil 20 anos: Lutador relembra criação do grito 'Uh, vai Morrer!'

Fábio Oberlaender, no Rio de Janeiro (RJ)

Ag. Fight

16/10/2018 17h50

Realizada no dia 16 de outubro de 1998, a primeira edição do UFC no Brasil contou com cardápio completo para os fãs da modalidade na época. Disputa de cinturão, embates entre atletas locais e clássicos envolvendo lutadores de outros países contra ídolos brasileiros fizeram daquela noite um marco histórico para o esporte. Inclusive por uma curiosidade há muito esquecida e que foi resgatada pela reportagem da Ag. Fight.

Embora completamente diferente dos atuais moldes do UFC, seja no tempo de duração das lutas ou nas regras do combate, a edição realizada no Ginásio da Portuguesa de Desportos contou com uma marca histórica. Foi naquele show que a torcida brasileira cantou pela primeira o grito de 'Uh, vai morrer!', sua marca registrada no esporte.

E o lutador responsável pelo feito foi Ebenezer Fontes Braga, que encarou Jeremy Horn no primeiro embate entre um brasileiro e e um "gringo" naquela noite - as duas primeiras disputas da noite envolveram apenas representantes nacionais.

"Se me lembro bem, o 'Uh , vai morrer' apareceu nesse período. Como fui o primeiro brasileiro a vencer nesse contexto, creio que fui o primeiro sim. Mas como cristão, prefiro o'Uh, vai viver!'. Mas já que surgiu assim, que morra para o pecado e que nasça para uma nova vida ", relembrou durante conversa com a equipe da Ag. Fight.

No entanto, um importante ponto deve ser observado para garantir ainda mais notabilidade ao feito de Ebenezer. Ainda na década de 90, a união entre as academias brasileiras não era regra, e o fato do carioca ser um dos primeiros a treinar com diferentes times ajudou a garantir o respaldo da torcida. Plateia essa que, por sinal, era formada majoritariamente por praticantes e adeptos das artes marciais.

"Era a maior loucura. A família toda estava lá. Imagina eu, que treinava em vários lugares. A Boxe Thai, a Upper do Dedé , a Budokan estava em peso, estava todo mundo da luta livre, do Hugo e do , a maior loucura na torcida. Não tenho nem palavras. Você vê pelo próprio áudio. Estávamos tão unidos, a gente estava treinando junto. O Carlson era amigão, a galera toda. Quando o Horn entrou no gancho , o pessoal já conhecia. Quando fechei o golpe, a galera já estava gritando 'vai morrer, vai morrer'. Foi tremendo", narrou empolgado.

Talvez considerado azarão pelos americanos, Ebenezer enfrentava o experiente Jeremy Horn, que meses mais tarde viria a finalizar Chuck Liddell no próprio octógono do Ultimate. No entanto, na hora da luta, o passeio previsto para o atleta visitante se transformou em uma derrota rápida para o brasileiro, àquela altura mais completo como lutador.

"A possibilidade do Jeremy Horn me vencer era mínima. Eu estava voando. Seria muito difícil de me parar, eu estava muito bem treinado, e psicologicamente bem. Nunca pensei pelo fato de ser o primeiro brasileiro a lutar com um estrangeiro. Eu sabia que não teria moleza, que lutaria com um casca-grossa. O Horn estava finalizando um pessoal na categoria dele. O Ultimate não joga para perder. Me jogaram ele, mas ele pegou a maior furada da vida dele", finalizou o veterano.