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Vendramini lembra 'perrengues' na Alpha Male e define mudança para os EUA

Felipe Paranhos, em Salvador (BA)

Ag. Fight

13/12/2018 06h00

Depois de estrear no UFC São Paulo, em setembro, tendo vivido dois extremos - quase finalizou Elizeu 'Capoeira', mas terminou nocauteado -, Luigi Vendramini decidiu mudar os rumos de sua carreira. O brasiliense de 22 anos decidiu trocar o Brasil pelos Estados Unidos, a fim de melhorar sua preparação para a jornada na maior organização de MMA do mundo. Em entrevista exclusiva à Ag. Fight, ele revelou que recebeu propostas de academias americanas e que, em janeiro, começará a visitá-las a fim de definir a qual equipe vai se integrar.

No Distrito Federal, Luigi dividia suas atividades entre a First Fight Center, onde treinava MMA, a Constrictor Team, na qual fazia jiu-jitsu, e o técnico de muay thai Roger Vieira. De acordo com o lutador, que já fez camps na tradicional Team Alpha Male, as condições profissionais nos Estados Unidos são o motivo para a mudança em definitivo. No entanto, o peso-leve (70 kg) ainda não fez sua escolha. Ele contou que recebeu propostas de times como a própria Alpha Male, a Xtreme Couture, a Blackhouse e a Factory-X - a que mais interessa ao atleta hoje. Recuperando-se de uma lesão no joelho sofrida ainda no primeiro minuto da luta contra Capoeira, Vendramini espera apenas sua liberação médica para conhecer as equipes.

"O que me interessa mais é o pessoal cuidar de mim e corrigir meus erros. Porque a Alpha Male é uma academia muito boa, mas tem 30 caras do UFC lá. Eu vou ser só mais um. Eu queria uma coisa mais personalizada. Eu vou viajar para os Estados Unidos no final de janeiro, vou passar em algumas academias que se ofereceram após a luta, que gostaram de mim e me ofereceram moradia e treinamento por conta deles. E eu vou treinar em todas as academias e ver onde é que eu vou ficar", falou.

"Eu mudei minha forma de pensar, vou morar nos Estados Unidos, vou buscar o melhor treinamento, a melhor suplementação. Eu sempre treinei em uma academia que é uma 'garagenzinha', que tinha cinco pessoas, eu fiz dois camps na Alpha Male de três meses, que foi onde eu pude mostrar meu trabalho e ser contratado pelo UFC, mas aqui no Brasil a gente não tem esse treinamento, parte física, suplementação de mesma qualidade. Na Alpha Male, tem 100 cabeças em um sparring. 100 pessoas. 50 duplas treinando em um tatame. Não dá para comparar com uma academia que é uma garagem com cinco pessoas: um de 93 kg, dois de 61 kg, um de 70 kg e o outro sou eu", comentou.

Seguindo o cronograma da recuperação, Luigi planeja voltar aos treinos em dois meses e lutar no fim de abril ou de maio. Ciente de que "não tem como lutar na Copa do Mundo treinando em uma academia nível regional", o atleta relembrou a experiência de treinar no Team Alpha Male sem ser atleta do UFC.

"Eu fui lá como bucha de canhão (risos). Para tomar pau e aprender. Mas agora... Tipo, quando eu fui lá, não tinha um cara para puxar uma manopla para mim, não tinha um treino específico de jiu-jitsu. Eu fazia 10, 15 sparrings por dia, porque eu era bucha, que eu não tinha grana para pagar p*** nenhuma, então eu tinha que sair na porrada e fazer o que os caras mandavam. Eu quero ir para lá de novo como atleta de verdade . Lá na Alpha Male eles só treinam mesmo quem está no UFC. O resto tem que ralar sozinho", falou.

"Eu passei sufoco nos EUA durante seis meses, sem minha família, cheguei lá não sabia falar nada, botava no tradutor, falava, jogava o que eu queria dizer no tradutor, o cara ouvia aquela voz do Google e respondia para mim. Vivi numa casa com um monte de cara louco, da Rússia, da África, não tinha um brasileiro. Minha cama era dentro do negócio onde a galera lavava roupa. Minha cama, meu pé ficava para fora. A cama era para anão (risos)", recordou-se.

De acordo com Luigi, foi a passagem pela academia fundada por Urijah Faber que sacramentou sua assinatura com o UFC. Ele contou como Jason House, seu atual empresário, interessou-se por agenciá-lo.

"É uma loucura. Ele tem alguns atletas da Alpha Male, eu voltei para o Brasil, aí os caras falaram de mim em um churrasco, em um jantar que estava rolando na casa do empresário, e ele me mandou uma direct no Instagram, perguntando se eu tinha empresário. Falei: 'Pô, tenho não'. Duas semanas depois, eu assinei o contrato com ele e entrei no UFC. Pelo Instagram. Só porque eu fui lá na Alpha Male e treinei duro com caras tipo Andre Fili, Chad Mendes, Clay Guida... Eu era sparring de boxe do Cody . Eu acabei entrando no UFC pelo boca a boca", comentou.

Vendramini tem oito vitórias e uma derrota em sua carreira profissional, que começou apenas em 2016. Com pai italiano e mãe suíça, Luigi cogita usar a bandeira da Itália quando lutar na Europa, para homenagear sua ascendência.