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Tragédia com Chape põe Lamia e sistema de tráfego aéreo boliviano em xeque

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Imagem: Reprodução

02/12/2016 15h26

Após a tragédia com o avião que levava Chapecoense e jornalistas, a companhia aérea Lamia entrou na mira das autoridades bolivianas.

Suspeita de voar sem seguir os protocolos de segurança, a empresa teve suas operações suspensas menos de 72 horas após o acidente na Colômbia.

A pane seca é apontada pelas autoridades locais e especialistas como a causa mais provável do acidente que matou 71 pessoas na terça-feira.

A falta de combustível teria levado à pane elétrica nos motores, que acabaria por derrubar a aeronave a apenas cinco minutos do aeroporto de Medellín.

A imprensa local informou que o piloto, Miguel Quiroga, havia sido alertado antes de decolar do aeroporto boliviano de Santa Cruz do risco da falta de combustível para completar a viagem.

De acordo com o jornal El Deber, uma funcionária da Aasana (Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea) teria dito a Quiroga que o tempo de voo era igual à autonomia de combustível da aeronave.

O piloto teria a opção de reabastecer em Bogotá, segundo as autoridades, mas decidiu continuar até Medellín.

A gravação do diálogo entre ele e a torre de controle do Aeroporto José María Córdoba mostra que Quiroga comunicou uma emergência por combustível às 21h57 (horário local) e, oito minutos depois, uma "pane elétrica".

Para o secretário nacional de Segurança Aérea da Colômbia, coronel Freddy Bonilla, ele demorou a usar a palavra "emergência".

Além de piloto, Quiroga era também um dos sócios da LaMia, companhia aérea que tinha apenas 15 funcionários - entre parentes e amigos. A aeronave que caiu, de fabricação britânica, era a única operacional na frota da empresa e tinha 17 anos.

Indenizações em xeque

De acordo com a Convenção de Montreal, tratado internacional assinado em 1999, as companhias aéreas são as responsáveis presumidas legais por acidentes aéreos - e, consequentemente, sujeitas ao pagamento de indenizações.

Mas, se for confirmada a pane seca, os familiares das vítimas correm o risco de não serem indenizados.

De acordo com reportagem do jornal Folha de S.Paulo, a apólice de seguro contratada pela Lamia teria duas cláusulas de exclusão que eximiriam a companhia aérea de pagar indenização em caso de negligência ou omissão do piloto.

Mesmo que isso não aconteça, a apólice de seguro da companhia pode não ser suficiente para cobrir os possíveis custos da indenização.

Conforme mostrou reportagem da BBC Brasil, a única apólice conhecida da empresa para acidentes é de US$ 25 milhões (R$ 85 milhões) - valor que poderá ser dez vezes menor que o total esperado para indenizações desse tipo.

As duas caixas pretas do avião foram encontradas em perfeito estado e serão enviadas para análise no Reino Unido. A investigação, que vai confirmar as causas do acidente, pode levar meses.

Investigação ampla

A companhia aérea não é a única, no entanto, que está na mira das autoridades. O governo também determinou a suspensão de executivos da Aasana e da Direção Geral de Aviação Civil (DGAC) durante as investigações.

De acordo com o ministro Milton Carlos, a ideia é dar início a uma apuração "que investigue não só as empresas mas, todo o sistema de tráfego aéreo" do país.

Acidente

Na madrugada de terça-feira, o avião com a equipe da Chapecoense caiu a 50 km da cidade colombiana de Medellín. Ali o time jogaria a primeira partida da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional.

Das 77 pessoas a bordo, 71 morreram e outras seis sobreviveram.