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Europa descobre rede de corrupção no futebol em mais de 15 países e cita 380 jogos manipulados

Europol investiga esquema de corrupção no futebol da Europa - AFP PHOT / ANP / ROBIN VAN LONKHUIJSEN
Europol investiga esquema de corrupção no futebol da Europa Imagem: AFP PHOT / ANP / ROBIN VAN LONKHUIJSEN

04/02/2013 12h14

A Europol, organização europeia de polícia, informou nesta segunda-feira que descobriu uma rede de corrupção internacional no futebol profissional, que entre 2009 e 2011 gerou 8 milhões de euros, e na qual estão envolvidos mais de 15 países no mundo todo.

O diretor da Europol, Rob Wainwright, informou durante uma entrevista coletiva em Haia que "foram identificados mais de 380 partidas de futebol profissional nos quais houve práticas de apostas ilegais" e que "essa ampla rede criminosa é controlada desde a Ásia".

Entre essas partidas "ficou provada a prática de combinação de resultados em 150 casos", acrescentou um dos policiais que participaram da investigação.

Os casos de suborno ou tentativa de subornos afetaram partidas do Mundial, da fase eliminatória da Liga Europa, dois jogos da Liga dos Campeões e "vários" encontros dos campeonatos nacionais europeus, indicou o diretor da Europol.

SALDO DA INVESTIGAÇÃO CONTRA CORRUPÇÃO NO FUTEBOL

50 pessoas foram preseas, sendo 14 de origem alemã

Um jogo da Liga dos Campeões é colocado como suspeita de manipulação (a polícia não informou qual jogo pode ter sido 'sujo')

Jogos de Eliminatórias nas Américas e Áfricas também são colocados como suspeitos de manipulação

Manipulação de resultados tem maior incidência em jogos de divisões menores, em que os envolvidos (árbitros e jogadores) têm poder aquisitivo menor

Mafiosos teriam gastado 2 milhões de euros em subornos, gerando retorno de 8 milhões de euros, concluiu investigação

Além disso, "outras 300 partidas suspeitas foram jogadas fora da Europa, especialmente na África e na América Latina", disse Wainwright, sem especificar os países porque algumas investigações ainda estão em curso.

Uma das partidas seria o duelo entre as seleções sub-20 de Argentina e Bolívia, em 2010, pela Copa Córdoba, um torneio amistoso, em jogo da primeira fase. A Argentina venceu a partida por 1 a 0, com gol de pênalti bastante contestado pelos bolivianos, cujo banco chegou a entrar em campo para reclamar com o árbitro. Um defensor boliviano foi expulso no lance.

VEJA IMAGENS DO JOGO ACUSADO DE TER SIDO MANIPULADO

O chefe da polícia alemã, o inspetor Althans, comentou que "estão sob suspeita duas partidas classificatórias da Copa do Mundo da África e uma disputada na América Central".


Estiveram envolvidos nessas práticas ilegais desde integrantes dos clubes de futebol, até jogadores e árbitros, e um total de 425 pessoas já foram identificadas, segundo os dados facilitados pelo diretor da Europol.

Junto com a cúpula asiática, a organização criminosa é composta por "mediadores europeus" e se identificam, além disso, com conexões russas.

Além das 28 ordens de detenção em curso, foram produzidas até o momento 50 detenções, 14 delas da Alemanha, onde os detidos já foram sentenciados a um total de 39 anos de prisão, segundo as fontes.

Além da Alemanha, outros países envolvidos são Áustria, Eslovênia, Grã-Bretanha, Hungria, Holanda e Turquia, entre outros.

"Realizamos a maior investigação sobre partidas suspeitas no futebol", disse o diretor da Europol, ao mesmo tempo em que acrescentou que esses supostos delitos envolvem "enormes quantias em dinheiro".

Segundo as informações da organização do Serviço Europeu de Polícia, essas operações teriam dado lucro de 8 milhões de euros e essa rede teria efetuado pagamentos no valor de 2 milhões de euros em subornos, sendo 140 mil euros o maior realizado a uma pessoa.

Os investigadores destacaram, além disso, a enorme complexidade na hora de desvendar este tipo de práticas, já que somente em um caso de suborno podem estar implicados até 50 suspeitos de 10 países.

A investigação, na qual foram analisados até 13 mil e-mails e outros materiais, foi coordenada além disso pelo Eurojust, o escritório que reúne fiscais europeus, a Interpol e um total de 13 países europeus, entre eles Alemanha, Hungria, Áustria, Eslovênia e Finlândia, que dirigiram as maior parte das investigações.