Topo

Sem o brilho da preparação, seleção masculina frustra em estreia com 0 a 0

04/08/2016 18h08

Brasília, 4 ago (EFE).- A euforia em torno do ataque formado por Neymar, Gabigol e Gabriel Jesus se transformou em decepção nesta quinta-feira, e a seleção brasileira estreou no torneio de futebol dos Jogos Olímpicos com um empate com a África do Sul em 0 a 0, em duelo disputado no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília.

O Brasil até teve maior posse de bola (63% a 37%) e chutou mais a gol (20 a 9), mas não conseguiu superar a retranca dos 'Bafana Bafana' mesmo jogando com um homem a mais devido à expulsão do volante Mothobi Mvala aos 14 minutos do segundo tempo.

Esta foi a segunda vez que a África do Sul virou uma pedra no sapato da seleção em uma estreia em Olimpíada. Em 2000, em Sydney, a equipe então comandada por Vanderlei Luxemburgo, com Ronaldinho Gaúcho e Alex como destaques, perdeu por 1 a 0.

Dessa forma, o grupo A do torneio olímpico começa embolado, com os quatro concorrentes empatados com um ponto e saldo de gols zerado. Isso porque mais cedo, também no Mané Garrincha, Iraque e Dinamarca não saíram do 0 a 0.

O técnico Rogério Micale terá três dias para recuperar o time, que voltará a campo no próximo domingo, desta vez diante dos iraquianos e novamente em Brasília. No mesmo dia e no mesmo local, os africanos medirão forças com os dinamarqueses.

Como já havia sido indicado durante os treinamentos e no amistoso contra o Japão, no último sábado, o Brasil entrou em campo com uma equipe ofensiva, liderada pelo badalado trio de ataque. Atrás, o meio teve apenas um grande marcador, Thiago Maia, acompanhado de Renato Augusto e Felipe Anderson.

Na África do Sul, uma curiosidade: o técnico Owen da Gama é da 13ª geração do navegador Vasco da Gama, por ter sido o comandante dos primeiros navios a explorar a Índia a partir da Europa.

Ao contrário do que se poderia esperar, foi a seleção africana que se soltou na partida primeiro, e a torcida local levou um susto logo aos três minutos de bola rolando. Marquinhos saiu jogando errado, e Mothiba ficou de frente para o goleiro Weverton, o último a ser convocado, em substituição a Fernando Prass. A tentativa foi mal executada, e o arqueiro do Atlético-PR ficou com o tiro de meta.

Faltava criatividade ao Brasil, e as finalizações não aconteciam. Aos 15 minutos, Thiago Maia lançou Gabriel Jesus, que chegou atrasado e não conseguiu completar.

O ataque continuava errando bastante, ao contrário do que aconteceu durante toda a preparação. Aos 25, Neymar driblou o primeiro, mas não acertou o passe para Gabigol na hora da tabela.

A África do Sul, sim, era mais eficiente, embora pecasse no chute. Aos 26, a bola foi de pé em pé, em bonita linha de passe, mas Dolly arrematou mal. Um minuto depois, o próprio Dolly cruzou, Weverton soltou, mas se recuperou em seguida.

O talento individual da equipe anfitriã finalmente apareceu aos 28. Neymar recebeu na ponta esquerda, levou para o pé direito e chutou forte para grande defesa de Khune. Pouco depois, aos 31, Felipe Anderson enfiou, e Gabigol dividiu com o goleiro. Na sobra, a zaga saiu jogando.

O ataque brasileiro se soltava aos pouco, e Felipe Anderson tirou tinta da trave direita ao arriscar de fora da área, aos 36 minutos. Aos 40, Neymar voltou a exigir da marcação adversária aos 41, em conclusão que parou em Mothiba.

A conversa com Micale no vestiário não surtiu efeito, e os brasileiros continuavam sofrendo. Logo aos quatro minutos, Dolly tabelou com Masuku e chutou cruzado. A bola passou por baixo de Weverton, mas atravessou a área e não entrou. Quatro minutos depois, Dolly levantou da direita e Mothiba cabeceou em cima de Weverton, que encaixou.

Os sul-africanos faziam o jogo que queriam, com marcação forte e saídas rápidas no contra-ataque. No entanto, a partir dos 14 minutos, os jogadores tiveram de correr ainda mais devido à expulsão de Mvala.

No mesmo instante, Micale mudou o esquema para o 4-2-4, com a entrada de Luan em lugar de Felipe Anderson. Contudo, a retranca dos 'Bafana Bafana', somada aos erros de passe e ao estado ruim do gramado, com muita areia para tapar buracos, mantinham a partida difícil.

A torcida enfim acordou aos 23 minutos, quando Gabriel Jesus perdeu uma chance de maneira inacreditável. Luan bateu cruzado rasteiro da esquerda, Gabigol não alcançou, e o reforço do Manchester City, com a meta aberta, acertou a trave.

Como era de se imaginar, o jogo se tornou um ataque contra defesa na parte final. Aos 31, Neymar tabelou com Gabigol, que completou de meia-bicicleta em cima do goleiro, que pegou firme.

Tentando até o fim, o Brasil voltou a incomodar aos 41, com Neymar, que buscou Gabriel Jesus dentro da área, mas o camisa 11 não cabeceou como gostaria.

Nos acréscimos, quem brilhou foi Khune, com duas ótimas defesas. Aos 49, Neymar finalizou cruzado da esquerda, e o goleiro agarrou. Um minuto depois, William mandou para a área por baixo, mas o camisa 16 se antecipou ao ataque e ficou com a bola.



Ficha técnica:.

Brasil: Weverton; Zeca, Rodrigo Caio, Marquinhos e Douglas Santos (William); Thiago Maia, Renato Augusto (Rafinha) e Felipe Anderson (Luan); Gabigol, Neymar e Gabriel Jesus. Técnico: Rogério Micale.

África do Sul: Khune; Mobara, Mathoho, Coetzee e Modiba (Ntshangase); Mvala, Mekoa e Motupa; Masuku (Morris), Mothiba e Dolly. Técnico: Owen da Gama.

Árbitro: Antonio Mateu Lahoz (Espanha), auxiliado pelos compatriotas Pau Cebrian Devis e Roberto Díaz Pérez.

Cartões amarelos: Thiago Maia (Brasil); Mvala e Mothiba (África do Sul).

Cartão vermelho: Mvala (África do Sul).

Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília.