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Após quedas, Diego Hypólito comemora prata da redenção: "me sinto um campeão"

14/08/2016 17h22

Victor Machado.

Rio de Janeiro, 14 ago (EFE).- Depois de oito anos marcados por dois fracassos em Jogos Olímpicos, o ginasta Diego Hypólito alcançou a redenção ao conquistar a prata e fazer história ao lado de Arthur Nory, que ficou com o bronze, na final do solo nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, as primeiras medalhas da história do Brasil nesta prova masculina.

"Não consigo acreditar que é real, isso mostra que se você acreditar no seu sonho, é possível. Em uma Olimpíada eu caí de bunca, na outra literalmente de cara, e na terceira fiquei de pé. Eu nem era tão bom agora como fui nas outras e consegui uma medalha, é inexplicável. Nunca desistam dos seus sonhos", comentou.

Diego foi o segundo a se apresentar neste sábado e terminou com 15.533 pontos, já Nory foi o quinto a competir e ficou na terceira posição, com pontuação de 15.433. A confirmação da dobradinha brasileira só veio à tona quando americano Samuel Mikulak, último a fazer o exercício, descobriu que era o lanterna.

Até o momento da consagração, os brasileiros se emocionaram muito juntos com a apreensiva torcida, que explodiu de alegria na Arena Olímpica do Rio após o resultado que levou duas bandeiras do país ao mesmo pódio pela primeira vez na capital fluminense.

"Nunca imaginei. Dois medalhistas olímpicos, para mim, era impossível. Eu estava tão atordoado pensando se ia acertar que na hora de virar para a última acrobacia passou um filme de Pequim pela minha cabeça. Eu não ia deixar meu trabalho ir por água abaixo por algum pensamento negativo. Dei uma simplificada em uma acrobacia porque a série estava muito boa, para fazer o meu melhor", explicou.

O ouro da prova ficou com o britânico Max Whitlock, que se apresentou após Diego e foi campeão com 15.633 pontos. Para chegarem ao pódio, os brasileiros desbacaram um dos maiores candidatos ao título, o japonês Kenzo Shirai, que terminou na quarta posição, com pontuação final de 15.366.

A medalha inédita de Diego Hypólito é sinônimo de superação. Em Pequim, o ginasta sofreu uma queda na final e terminou na sexta posição. Já em Londres, caiu ainda no início da competição e ficou fora da decisão.

"Tive depressão, fui internado, e já voltei a ser medalhista mundial. Tive altos e baixos na carreira e isso mostra que todos temos o direito de errar. Não valorizei meu resultado em Pequim, mas depois percebi que cheguei aos Jogos por um país que na época não tinha tanta estrutura. Hoje, o Brasil me ofereceu estrutura para estar aqui, há muitos profissionais que estudaram para ajudar a gente a se reerguer. Me sinto um campeão para a vida e mostro para qualquer pessoa que todos podem vencer", disse.

Radiante após sair da área de competição com a prata no pescoço, o ginasta de Santo André, de 30 anos, confessou que até meses atrás não esperava conquistar uma medalha e garantiu que pretende representar o Brasil novamente nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.

"Achei que não ia ter medalha. Há pouquíssimo tempo nem me colocaram na equipe olímpica, eu nem era titular, aí me classifiquei para a Olimpíada e fiquei em quarto no primeiro dia, o que já foi um sonho. Terminei a prova pensei que ia dar um quinto ou quarto lugar. Estava passando mal porque, após fazer a sua parte, só depende dos juízes. Fui bem avaliado e esse resultado é do Brasil. É o momento mais emocionante da minha vida. Pretendo ir para os próximos mundiais, os próximos Jogos Olímpicos", afirmou.

Com as conquistas de Diego Hypólito e Arthur Nory neste domingo, o Brasil conquista as primeiras medalhas na ginástica artística no Rio de Janeiro e chega a seis no total, com um ouro, duas pratas e três bronzes.