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Barça luta até o fim, alcança o improvável e está nas quartas da Champions

08/03/2017 19h14

Barcelona, 8 mar (EFE).- Acostumado a fazer história nos últimos anos, o Barcelona escreveu mais uma página única para o futebol nesta quarta-feira, ao golear o Paris Saint-Germain por 6 a 1 no estádio Camp Nou e se classificar para as quartas de final da Liga dos Campeões da Europa mesmo após ter perdido por 4 a 0 na ida.

Nunca um time que havia saído com tamanha desvantagem na primeira partida de uma eliminatória da 'Champions'. "Desafio aceito", devem ter dito os jogadores do Barça, que abriram 3 a 0, sofreram um gol e mesmo assim buscaram - depois dos 43 minutos do segundo tempo - os outros três necessários para se colocar entre os oito melhores da Europa pela décima vez seguida, o que representa um recorde.

Até hoje, a principal virada da história da Liga dos Campeões era do também espanhol Deportivo La Coruña. Em 2004, nas quartas de final, Mauro Silva e companhia derrotaram o Milan por 4 a 0 depois de terem perdido por 4 a 1 em Milão.

Suárez, logo no comecinho, e Kurzawa, contram deixaram o placar em 2 a 0 no primeiro tempo. Messi, de pênalti, marcou o terceiro, deixando a torcida cada vez mais esperançosa. Cavani descontou, e parecia o fim do sonho, mas Neymar, duas vezes, e Sergi Roberto balançaram a rede e buscaram o improvável nos oito minutos finais.

Com a épica 'remontada', como os espanhóis chamam esse tipo de virada em um mata-mata, o Barcelona aguarda agora o sorteio do dia 17 deste mês para saber qual o próximo adversário - ou próxima vítima?

Ao PSG, que, depois de ter demonstado um grande futebol no Parc des Princes, se limitou a ficar na defesa e ainda pareceu achar que a classificação estava garantida após o gol de Cavani, resta recolher os cacos e buscar novamente a "tríplice coroa" nacional, com os títulos do Campeonato Francês, da Copa da França e da Copa da Liga.

Com todos os principais jogadores do elenco à disposição, Luis Enrique mudou o esquema em relação à goleada sofrida na ida. O Barça entrou em campo em um 3-4-3 que foi praticamente um 3-3-4, já que, em tese, Messi foi peça do meio-campo, com Rafinha, Neymar e Luis Suárez à frente.

No PSG, o zagueiro e capitão Thiago Silva se recuperou de lesão e reassumiu a titularidade, fazendo dupla com Marquinhos. Reserva na ida, o atacante Lucas também começou jogando, tendo sido escolhido por Unai Emery em detrimento de Di María, autor de dois gols no Parc des Princes há três semanas, que apresentou dores musculares nos últimos dias.

O começo do jogo foi o melhor possível para os donos da casa, que abriram o placar logo com 2 minutos. Rafinha levantou da esquerda, Marquinhos cabeceou para o alto e Trapp saiu mal. Atento, Suárez encobriu o goleiro para fazer 1 a 0. Meunier ainda cortou, mas a bola já havia cruzado a linha, como indicou a tecnologia.

O jogo então ficou ainda mais quente do que já se esperava. O Barcelona era todo ataque, mas o PSG não se encolhia e também incomodava. Houve então dois pedidos de pênalti, um para cada lado, que não foram atentidos pelo árbitro alemão Deniz Aytekin.

Aos 7 minutos, Neymar pegou a sobra na esquerda da área, tentou recolocar no miolo e acertou o braço de Marquinhos. Três minutos depois, foi Draxler que invadiu pela esquerda e tentou o passe rasteiro, mas foi interceptado por Mascherano, que deu um carrinho e bloqueou com a mão.

O bombardeio para cima de Trapp era intenso. Aos 14 minutos, Messi cobrou falta frontal e mandou rente ao travessão. Aos 17, Rafinha rolou e, também de fora da área, Neymar chutou perigosamente à esquerda do alvo.

A disposição do PSG de atacar e ser atacado acabou cedo, ainda na metade da primeira etapa. A partir de então, o que se viu foi o atual tetracampeão francês defender com firmeza e se lançar em um ou outro contra-ataque. O preço disso era pressão, e Iniesta também arriscou de fora, aos 27, mas errou o alvo.

Depois de muito tempo se defendendo, o time parisiense enfim colocou Ter Stegen para trabalhar. Aos 30 minutos, Rakitic errou o passe, Lucas recolheu e bateu de muito longe. O goleiro segurou firme.

No entanto, foi apenas uma vinda à tona para recuperar fôlego, antes de a maré voltar a subir. Aos 34, Iniesta recolheu e serviu Messi, que adiantou para Suárez. 'Luisito' concluiu rasteiro, e Trapp pegou mais uma.

Cinco minutos depois, porém, o goleiro alemão pouco pôde fazer e sofreu o segundo. Suárez levantou, e Marquinhos se enrolou ao marcar Iniesta, que tocou de calcanhar. A bola então bateu em Kurzawa e entrou.

O intervalo não esfriou o pentacampeão europeu, que já balançou a rede novamente aos 4 minutos do segundo tempo. Iniesta tocou nas costas de Meunier, que escorregou e, com a cabeça, derrubou Neymar. O árbitro marcou pênalti, que Messi cobrou no canto direito para ampliar.

Tentando se mostrar vivo no jogo, o PSG quase diminuiu aos 6. Acostumado a dar lindos dribles, Neymar levou um lençol de Meunier, que cruzou por baixo da direita. Cavani chegou primeiro que Mascherano e carimbou o pé da trave.

Suárez não era o único uruguaio em campo com faro de gol. Apesar das características distintas, Cavani também é letal, e provou isso aos 16. Após o balão para o meio da área do Barcelona, Kurzawa brigou na esquerda e conseguiu passar para o centroavante, que pegou firme e diminuiu.

O gol acabou com todo o ímpeto do time anfitrião, que se desesperou. Prova disso foi o destempero de Neymar e Suárez. Ambos tentaram cavar pênaltis, mas não conseguiram enganar o árbitro e ainda exageraram na reclamação, o que fez com que os dois levassem cartão.

Com o passar do tempo, o Barcelona atacava muito mais na base do abafa que na organização que vinha sendo vista. Aos 28, Arda Turan roubou e deu para Messi, que bateu cruzado para fora. Em seguida, aos 31, o argentino bateu falta, Thiago Silva rechaçou e, na sobra, o meia turco encobriu a meta.

Entretanto, ainda houve tempo para a equipe 'blaugrana' se restruturar e se aproveitar de um relaxamento do adversário. Di María poderia ter resolvido a elminatória aos 39 minutos, quando partiu livre pelo meio, mas demorou a definir e foi atrapalhado por Mascherano.

Foi então que o Barça buscou o imponderável. Aos 42 minutos, Neymar cobrou falta da esquerda e acertou a gaveta. Na descrição do lance, o site da Uefa disse que talvez fosse um pouco tarde mais. Mas não era.

Dois minutos depois, Marquinhos e Suárez se enroscaram na área, e a arbitragem considerou que houve pênalti. Messi havia batido o primeiro, mas nesta Neymar chamou responsabilidade, acertou o canto esquerdo e assinalou o quinto.

Faltava um, que aconteceu aos 49. Ter Stegen, que havia ido para a área, roubou a bola no meio de campo na volta para a defesa e sofreu falta. Neymar lançou para a área e a defesa cortou, mas a bola voltou para o brasileiro, que levantou de novo. A zaga apenas olhou, Sergi Roberto aproveitou, fez 6 a 1 e concluiu uma das grandes história do futebol em todos os tempos.



Ficha técnica:.

Barcelona: Ter Stegen; Mascherano, Piqué e Umtiti; Busquets, Rakitic (André Gomes), Iniesta (Arda Turan) e Messi; Rafinha (Sergi Roberto), Neymar e Suárez. Técnico: Luis Enrique.

Paris Saint-Germain: Trapp; Meunier (Krychowiak), Marquinhos, Thiago Silva e Kurzawa; Rabiot, Matuidi e Verratti; Lucas (Di María), Draxler (Aurier) e Cavani. Técnico: Unai Emery.

Árbitro: Deniz Aytekin (Alemanha), auxiliado pelos compatriotas Guido Kleve e Markus Häcker.

Cartões amarelos: Piqué, Busquets, Rakitic, Neymar e Suárez (Barcelona); Matuidi, Draxler, Cavani e Marquinhos (PSG).

Gols: Suárez, Kurzawa (contra), Messi, Neymar (2x) e Sergi Roberto (Barcelona); Cavani (PSG).

Estádio: Camp Nou, em Barcelona (Espanha).