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Ex-presidente do Barça é detido em operação que também envolveria Teixeira

Albert Gea/Reuters
Imagem: Albert Gea/Reuters

Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

23/05/2017 06h47Atualizada em 23/05/2017 10h35

O ex-presidente do FC Barcelona Sandro Rosell foi detido nesta terça-feira em uma operação contra lavagem de dinheiro relacionada com os direitos de imagem da seleção brasileira.

Rosell e sua mulher, Marta Pineda (também detida), teriam recebido indevidamente a quantia de 15 milhões de euros (R$ 55 milhões) por "serviços de marketing e promoção" de jogos da seleção brasileira de 2006 a 2012, período que tinha Ricardo Teixeira no comando da CBF.

A operação policial que deteve Rosell resultou na prisão de outros quatro, afirmou uma fonte da Polícia Nacional. A investigação contou com a colaboração do FBI. Segundo o jornal As, a polícia norte-americana pediu a extradição de Rosell.

Segundo informações do jornal espanhol "El Pais", o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira também é alvo da operação denominada"Rimet", em referência ao ex-presidente da Fifa Jules Rimet.

Ricardo Teixeira está no Brasil, e portanto não corre o risco de prisão.

"É cedo ainda para falar alguma coisa, pois só temos informações de jornais. Estamos tentando entender a informação oficial para ver se ele está sendo investigado e por quê", contou o advogado de Ricardo Teixeira, Michel Assef Filho, ao UOL Esporte.

Uma fonte policial em Barcelona afirmou que a investigação, ainda sob sigilo, se concentra na "lavagem de dinheiro em empresas relacionadas com os direitos de imagem da seleção brasileira de futebol".

A operação envolve a Guarda Civil e a Polícia Nacional, com ações de busca em residências e sedes de empresa em Barcelona, Girona e Lleida, na região da Catalunha, mas também Andorra, pequeno país entre a França e a Espanha.

Segundo o jornal Mundo Deportivo, Rosell e sua esposa serão transferidos ainda nesta quarta-feira para o quartel da Guarda Civil, onde passarão a noite. Além do domicílio em Barcelona, a polícia faz uma busca para apreensões na casa da fazenda da família, em Girona.
 
Teixeira, então como presidente da CBF, e Rosell, então representante comercial da Nike, teriam repassado para uma empresa do Qatar os direitos de venda de vários jogos da seleção brasileira. Segundo as investigações, Rosell e Teixeira receberam por fora pelo acordo com a empresa qatariana. Esse dinheiro teria sido colocado em bancos de Andorra.

Rosell promoveu 24 jogos da seleção brasileira

Empresário de marketing esportivo, Sandro Rosell foi diretor da multinacional Nike no Brasil e negociou o contrato com a CBF para que a empresa americana se tornasse a fornecedora de material esportivo da seleção.

A intimidade com Teixeira rendeu bons rendimentos para o Rosell. Durante a gestão do cartola na CBF, o catalão recebeu comissões dos pagamentos recebidos pela venda de amistosos da seleção pela CBF,.  

A Uptrend, empresa de Rosell, recebeu parte desse dinheiro recebido pela dona da seleção. A companhia do ex-presidente do Barcelona teria recebido para promoção de 24 jogos que a seleção brasileira fez de 2006 a 2012.

A CBF tinha um contrato com a ISE, empresa que comprava os direitos dos amistosos da seleção brasileira. A companhia desembolsava US$ 1,15 milhão por jogo, mas US$ 450 mil iam para a Uptrend. Rosell alegou que os valores correspondem a honorários por trabalhos prestados à CBF.

Rosell é réu de dois processos na Justiça brasileira movidos pelo Ministério Público do Distrito Federal.

Rosell chega ao comando do Barça em 2010

Em 2010, Rosell foi eleito presidente do FC Barcelona, sucedendo Joan Laporta, de quem foi braço direito antes de virar grande inimigo.

O mandato durou quatro anos, até sua renúncia, em janeiro de 2014, pouco depois de ser acusado por suposta fraude fiscal na complicada contratação de Neymar pelo Barça em 2013.

Rosell foi inocentado após um acordo entre a diretoria do Barça e justiça para que a pena fosse assumida pelo clube como pessoa jurídica.

Apesar do acordo, o dirigente será julgado por fraude e corrupção em outro processo, iniciado pelo fundo de investimentos brasileiro DIS, que foi dono de parte dos direitos de Neymar e se considera prejudicado pela operação de contratação o brasileiro.

Este outro caso também envolve Neymar, os pais do jogador, o atual presidente do Barça, Josep Maria Bartomeu, e o ex-presidente do Santos Odilio Rodrigues Filho.

*Com informações das agências AFP e EFE