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Piqué critica governo da Espanha, e deixa no ar continuidade na seleção

01/10/2017 16h21

Barcelona, 1 out (EFE).- Emocionado após a vitória por 3 a 0 sobre o Las Palmas em um Camp Nou de portões fechados por decisão da diretoria do Barcelona, o zagueiro Gerard Piqué criticou a postura do governo da Espanha e do presidente Mariano Rajoy em relação ao referendo de independência da Catalunha e deixou no ar sua continuidade na seleção espanhola.

"Se o senhor (presidente) ou qualquer pessoa da federação acredita que sou um problema ou atrapalho, não tenho nenhum problema em dar um passo ao lado e deixar a seleção antes de 2018", declarou o jogador.

De acordo com as autoridades catalãs, mais de 700 pessoas ficaram feridas neste domingo em distúrbios entre cidadãos e forças da ordem nos centros de votação do referendo sobre a independência da região da Catalunha.

A consulta popular ocorre mesmo com a suspensão ditada pelo Tribunal Constitucional da Espanha, e a polícia segue ordens judiciais para apreender materiais eleitorais com o objetivo de impedir a votação.

"Todo mundo viu o que aconteceu e esta decisão piorou muito as coisas, é uma das piores decisões deste país nos últimos 40 anos porque só fez separar ainda mais a Catalunha da Espanha, e isto pode ter consequências. Mas, com um presidente (Rajoy) desse nível, que não sabe nem falar inglês, é muito difícil", afirmou.

Piqué deu essas declarações depois da vitória do Barça sobre o Las Palmas por 3 a 0, pela sétima rodada do Campeonato Espanhol, jogo realizado com portões fechados como forma de protesto da diretoria 'blaugrana'.

"É um partido (o Partido Popular) que utiliza todos os seus meios para mentir, porque durante estes anos disseram que era uma pequena minoria e que manifestávamo-nos de maneira tumultuosa. Mas ficou provado que não éramos minoria, porque éramos milhões de pessoas e que não foi de forma tumultuosa", argumentou.

"Sou e me sinto catalão, e hoje, mais do que nunca, me sinto orgulhoso do povo da Catalunha porque acredito que vem se comportando maravilhosamente bem como nos últimos sete anos", completou.

Além disso, o atleta da seleção espanhola lamentou os enfrentamentos com forças de segurança ocorridos em alguns locais de votação do referendo. "Não houve ato de agressão alguns nos últimos anos e foi preciso chegar a Polícia Nacional e a Guarda Civil para agir como agiram", criticou.

Como já havia feito durante a semana em uma mensagem nas redes sociais, Piqué voltou a apoiar que a Catalunha realize um referendo de autodeterminação.

"Pode-se votar que sim, pode-se votar que não, em branco, mas se pode votar. Neste país, durante muitos anos se viveu o franquismo, e as pessoas não podiam votar. É um direito que temos que defender", agregou.

Por fim, o zagueiro falou sobre a escolha da diretoria do Barça de manter o jogo contra o Las Palmas e se mostrou compreensivo com os torcedores que não queriam que a bola rolasse.

"No fim das contas, os pontos estavam em jogo e tanto a organização do campeonato quanto o Las Palmas queriam a realização da partida. Havia opiniões de todo tipo e, como clube, decidimos jogar. Acredito que não precisamos ficar remoendo esta decisão. Foi a que foi, e o jogo aconteceu", encerrou.