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MPF denuncia Nuzman e mais 5 por compra de votos para Rio de sediar Jogos

18/10/2017 14h37

Rio de Janeiro, 18 out (EFE).- O Ministério Público Federal denunciou seis pessoas nesta quarta-feira, entre elas o ex-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) Carlos Arthur Nuzman e o senegalês Lamine Diack, membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), pela compra de votos para que o Rio de Janeiro fosse escolhido sede dos Jogos de 2016.

Segundo a denúncia, os seis acusados participaram de uma operação através do qual foi paga propina de US$ 2 milhões para garantir pelo menos um dos votos que permitiu ao Rio ser eleito em 2009 para receber o evento esportivo no ano passado.

Além de Nuzman e Diack, foram denunciados por corrupção o então governador do Rio, Sergio Cabral, o ex-diretor de operações do COB Leonardo Gryner, o empresário Arthur Soares e o também senegalês Papa Massata Diack, ex-dirigente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) e filho de Lamine Diack.

Detido desde o começo do mês, Nuzman também foi acusado dos crimes de associação para o crime, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, enquanto que Gryner, seu braço direito no COB, foi acusado de associação para o crime.

De acordo com a denúncia, Cabral, Nuzman e Gryner solicitaram diretamente a Soares que fornecesse os US$ 2 milhões necessários para comprar o voto de um dos membros do COI para beneficiar a capital fluminense.

Os senegaleses Papa Diack e Lamine Diack, que foi o presidente da IAAF de 1999 a 2015, prometeram beneficiar o Rio na eleição a troco de propina e ainda interceder para obter outros votos.

O MPF esclareceu que, apesar de serem dirigente de uma entidade esportiva privada, Nuzman e Gryner foram equiparados a funcionários públicos nas suas atividades de tentarem fazer com que o Rio sediasse os Jogos.

"Onde há recursos públicos, há exigências de transparência e existe responsabilidade daqueles que os administram. Por isso, podem ser responsabilizados penalmente quando atuarem contrariando o que manda a lei", afirma a denúncia.

Ainda de acordo com o MPF, Nuzman, Gryner e Cabral se reuniram em agosto de 2009 com Lamine Diack durante o Mundial de Atletismo de Berlim. Na ocasião, o senegalês lhes disse que os pagamentos de "patrocinadores" deveriam ser tratados com o filho.

Nesse mês, os acusados se reuniram com Soares para pedir-lhe recursos para pagar a propina. Pouco depois, em setembro de 2009, o empresário fez uma transferência bancária para uma conta de Papa Diack.

Depois que o Rio foi escolhido, em 2 de outubro do mesmo ano, Papa Diack enviou uma série de mensagens aos então dirigentes do COB para cobrar o restante do pagamento combinado, que incluiria, segundo a denúncia, vantagens indevidas a outros dirigentes africanos.

O Ministério Público Federal acrescentou que descobriu novas transferências bancárias feitas no fim de 2009 por parte de "outros patrocinadores" à empresa Pamodzi Consulting.

Além da condenação dos acusados, o MPF pediu que a Justiça os puna com o pagamento de uma indenização de R$ 6,34 milhões por danos materiais e outra de R$ 1 bilhão por danos morais.

Nuzman, contra quem foi emitida na semana passada uma ordem de detenção por tempo indeterminado para impedir que ele intervenha nas investigações e oculte provas, renunciou à presidência do COB, à frente da qual esteve durante 22 anos. Ele alegou que precisava se concentrar em sua defesa.

O também ex-presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro foi detido depois que o MPF descobriu as manobras realizadas para tentar legalizar 16 quilos de barras de ouro guardados pelo dirigente em um cofre em Genebra, na Suíça.