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Jogadores mexicanos do Porto têm empresas falsas em ilha, diz investigação

Mexicano Hector Herrera sai para comemorar gol para tristeza do goleiro Iraizoz - MIGUEL VIDAL / REUTERS
Mexicano Hector Herrera sai para comemorar gol para tristeza do goleiro Iraizoz Imagem: MIGUEL VIDAL / REUTERS

Do UOL, em São Paulo

10/11/2017 16h37

Cidade do México, 10 nov (EFE).- Os jogadores mexicanos Héctor Herrera e Diego Reyes, que defendem o Porto de Portugal e a seleção de seu país, têm empresas-fantasma em Malta e contam com sócios influentes para gerenciá-las, conforme revelou a investigação jornalística Paradise Papers.

A ONG Mexicanos contra la Corrupción y la Impunidad, que participou da investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), divulgou nesta sexta-feira que os dois jogadores criaram empresas-fantasma em 2014 nesta ilha, que também funciona como paraíso fiscal, onde as companhias estrangeiras pagam baixos impostos.

Reyes tem um sócio em Malta que opera uma empresa chamada Cónclave, declarada oficialmente como fantasma pelo fisco mexicano, é acusada de fraude e relacionada com o financiamento da campanha eleitoral do atual presidente, Enrique Peña Nieto.

Esta companhia foi utilizada para a transferência do próprio jogador do México para Portugal, assim como a de Jesús Corona para o futebol holandês.

"Por essas duas operações ele e a empresa fantasma negociaram uma comissão de 8 milhões de euros (US$ 9,3 milhões)", destacou a investigação.

Um ano depois que Reyes chegou ao Porto, duas empresas "offshore" foram abertas em seu nome em Malta: a Nemo Limited e a Pelon Investment, sendo que a primeira foi acionista majoritária da segunda.

"Uma empresa esconde a outra", afirmam as investigações, que também indicam que a Pelon Investments declarou uma receita de 466 mil euros, pagou 158 mil euros em impostos, 35% do montante, e que o restante foi distribuído entre seus acionistas.

"Eles pagaram para eles mesmos, conforme indicado nas declarações de conta", indicou o texto.

Já Héctor Herrera estabeleceu duas empresas em Malta com o filho do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, Nicholas John Blair, mas, originalmente, seu representante era o mesmo de Reyes.

Nicky Blair foi quem proporcionou a transferência de Herrera para a primeira divisão do futebol português.

"O sucesso financeiro chegou em dobro para esta dupla e ficou bem longe de Portugal e, também, do México. Em fevereiro de 2014, oito meses depois que Herrera assinou seu contrato, os dois fundaram a empresa Herrera Holdings Limited, dentro do paraíso fiscal de Malta", diz o texto da investigação.

Herrera possuía 1.600 ações, enquanto Nicky Blair era o proprietário das 400 ações restantes. Naquele mesmo dia, o jogador constituiu a empresa Herrera Management Limited, da qual só tinha uma ação e o restante era da Herrera Holding Limited. "De novo, uma empresa dentro de outra", detalhou a investigação.

"Herrera é residente fiscal em Portugal. E, assim como no caso de Diego Reyes, foram encontrados dois documentos apresentados por Nicholas John Blair às autoridades maltesas na qual ele é apontado como representante legal da empresa Herrera Management Limited ", acrescentou o texto.

Para abrir suas empresas em Malta, Reyes e Herrera usaram um escritório de advogados de Barbados que, além disso, aparece como representante legal nas companhias Nemo Limited e Herrera Holding.

Malta é parte da lista dos paraísos fiscais que não mantêm acordo fiscal com o México, por isso não é possível saber todos os movimentos das empresas no território do Mediterrâneo, inclusive os financeiros.

Após a publicação desta investigação, fontes esportivas especulam que a participação de Reyes e Herrera na Copa do Mundo está em jogo, apesar de ambos serem presença constante na escalação do treinador da seleção mexicana, Juan Carlos Osorio.