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Hamilton é campeão de uma F-1 que tentou aproximação com público em 2017

29/12/2017 21h16

Bruno Guedes.

Redação Central, 29 dez (EFE).- A Fórmula 1 teve em 2017, pela primeira vez em cinco anos, pilotos de equipes diferentes duelando pelo título do Campeonato Mundial, mas, na temporada marcada por nova despedida de Felipe Massa, as tentativas de aproximação com o público e a tentativa de conquistar jovens fãs foram destaques.

Lewis Hamilton, da Mercedes, se sagrou campeão pela quarta vez na carreira, já que também havia erguido a taça em 2008, 2014 e 2015. A conquista foi selada no Grande Prêmio do México, com três etapas de antecipação. O britânico chegou na nona posição, e o alemão Sebastian Vettel, da Ferrari, na quarta.

O vice-campeão chegou a largar na frente da temporada e liderou a tabela até a 12ª etapa, quando Hamilton venceu o GP da Itália, assumiu a primeira posição geral e não a perdeu mais até o fim da temporada, totalizando 363 pontos, contra 317 do concorrente.

Os ânimos entre Hamilton e Vettel chegaram a ser acirrar, especialmente no Grande Prêmio do Azerbaijão. Durante a entrada de um safety car, o britânico pisou no freio para se afastar do carro da organização de prova e acabou atingido pelo alemão, que reagiu, colidindo de propósito com o rival.

O piloto da Ferrari foi o único que acabou punido, com passagem pelos boxes, e terminou a prova, vencida pelo australiano Daniel Ricciardo, do Red Bull, na quarta posição. O futuro campeão acabou logo atrás, já que teve problemas com uma peça do carro.

A disputa entre dois carros de equipes distintas era algo que não havia sido visto na Fórmula 1 desde 2012, quando o mesmo Vettel, então na Red Bull, e o espanhol Fernando Alonso, na Ferrari, chegaram à última etapa, no Brasil, disputando a taça, que acabou com o alemão.

No ano seguinte, veio o tetracampeonato de Vettel, de maneira esmagadora, sem ter concorrente à altura. Em 2014, 2015 e 2016, a Mercedes dominou completamente a categoria, com Hamilton e o também alemão Nico Rosberg, duelando pelas taças. O britânico venceu nos dois primeiros anos, e o companheiro levou a melhor no terceiro.

Apesar da disputa, o fim da temporada com última corrida disputada em Abu Dhabi com campeões definidos entre Pilotos e Construtores acabou frustando o grupo Liberty Media, liderado pelo americano Chase Carey, que sucedeu o britânico Bernie Ecclestone no comando da categoria.

Os novos responsáveis realizaram inúmeras ações ao longo da temporada, buscando melhorar a imagem da Fórmula 1 e aumentar os índices de audiência e o engajamento do público.

No Grande Prêmio da Espanha, por exemplo, um jovem torcedor apareceu aos prantos nas arquibancadas, após abandono do finlandês Kimi Raikkonen, da Ferrari. Focalizado pela transmissão oficial, o menino acabou sendo levado ao 'paddock', onde conheceu o ídolo.

As entrevistas coletivas pós-treinos e provas passaram a acontecer na pista. Astros do cinema, como o britânico Patrick Stewart, também deram o ar da graça. No pódio do GP do Canadá, o ator, que interpretou o capitão Jean-Luc Picard, na série "Star Trek", e viveu o Professor Charles Xavier, nos filmes da franquia "X-Men", bebeu champanhe direto das botas de Daniel Ricciardo.

O ponto alto acabou sendo o Grande Prêmio dos Estados Unidos, país de origem do Liberty Group, com entrada triunfal dos pilotos e emocionante execução do hino nacional. Após a corrida, quem entrevistou os três primeiros colocados, entre eles o vencedor Hamilton, foi o ex-velocista jamaicano Usain Bolt.

O ano de 2017 marcou ainda o retorno e mais um adeus de Felipe Massa, que seguiu na Williams, apesar de ter anunciado a aposentadoria da categoria ao fim da temporada 2016. O brasileiro acabou sendo recontratado para o lugar do finlandês Valtteri Bottas, que foi para a Mercedes substituir Nico Rosberg.

O paulista, ex-Sauber e Ferrari até começou bem, com dois sextos lugares nas três primeiras provas, na Austrália e no Bahrein, mas caiu de rendimento progressivamente, fechando o ano na 11ª colocação, com 43 pontos, apenas três a mais que o jovem canadense Lance Stroll, seu companheiro de equipe.

Outro veterano, o espanhol Fernando Alonso viveu ano de muitas emoções, primeiro sofrendo com motores Honda, que equipavam sua McLaren. A pressão interna foi tão grande, que a escuderia inglesa optou por romper com a montadora japonesa e fechar com a Renault.

O duas vezes campeão da F-1, ainda na categoria, começou empreitada de tentar vencer as principais provas do automobilismo mundial, com direito a testes para participar das 24 Horas de Daytona e também do Campeonato Mundial de Resistência (WEC).

A primeira etapa desse novo desafio foi a inscrição nas 500 Milhas de Indianápolis, correndo pela McLaren-Andretti. Após largar em quinto, Alonso chegou a liderar, mas acabou abandonando a 21 voltas do fim, justamente por problema no motor Honda.

A corrida acabou vencida pelo japonês Takuma Sato, da Andretti, que voou baixo na reta final, superando, entre outros, o brasileiro Hélio Castroneves, da Penske, que ficou em segundo. O britânico Ed Jones, da Dale Coyne, completou o pódio.

O grande campeão da temporada da Fórmula Indy acabou sendo o americano Josef Newgarden, da Penske, que desbancou o francês Simon Pagenaud, companheiro do campeão, e o neozelandês Scott Dixon, da Chip Ganassi, segundo e terceiro da classificação, respectivamente.

Na Fórmula E, Lucas di Grassi, da ABT Audi deu o segundo título para o Brasil na categoria. O paulista, de 33 anos, superou o suíço Sebastian Buemi, da Renault e.Dams, que abriu mão de participar das duas provas do GP de Nova York, penúltima etapa da competição, para disputar as 24 Horas de Le Mans e acabou com o vice.

Outro brasileiro campeão no ano foi Pietro Fittipaldi, neto de Emmerson Fittipaldi, que conquistou a World Series Formula V8 3.5. O jovem piloto é apontado como uma das esperanças do Brasil para voltar ao grid da F-1, que não terá representantes do país pela primeira vez desde 1970.

Outros nomes que lutam para ascender no automobilismo e chegar logo à principal categoria de monopostos são Sérgio Sette Câmara, ex-integrante do programa de jovens da Red Bull, 12º na temporada da Fórmula 2; e Pedro Piquet, filho de Nélson Piquet, 13º na Fórmula 3 Europeia.

Já Gianluca Petecof, de 15 anos, foi outro que se destacou, com o sexto lugar no Mundial de kart, que o levou a ser integrado ao programa de talentos da Ferrari. Em outro caminho, Matheus Leist foi quarto na Indy Lights, com direito a vitória nas 100 Milhas de Indianápolis, se garantindo na categoria principal no ano que vem.

Na MotoGP, o espanhol Marc Márquez, da Honda, se sagrou campeão pela quarta vez, depois dos títulos de 2013, 2014 e 2016. O piloto até encontrou resistência no início da temporada, com os bons resultados do italiano Andrea Dovizioso, da Ducati, e o compatriota Maverick Viñales, da Yamaha, mas voou baixo no fim e ficou com o título.

Na Moto2, o campeão foi Franco Morbidelli, da Marc VDS Kalex, que nasceu na Itália, é filho de mãe brasileira e corre com capacete com bandeira dos dois países.

A última etapa da temporada, no GP da Comunidade Valenciana, teve participação do paulista Eric Granado. O piloto está garantido no grid da próxima temporada, para defender a equipe Forward. Antes disso, neste ano, ele conquistou o título do Campeonato Europeu de Moto2.

Em janeiro, Leandro Torres e o navegador Lourival Roldan conquistaram o primeiro título do Brasil na história do Rali Dacar, ao se sagrarem campeões na nova categoria UTV (Utility Task Vehicle).

Entre os carros, levaram a melhor os franceses Stéphane Peterhansel e Jean-Paul Cottret. Nas motos, a vitória ficou com o britânico Sam Sunderland. Nos caminhões, o russo Eduard Nikolaev foi campeão, e o compatriota Sergey Karyakin foi o líder nos quadriciclos.