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Diálogo entre Coreias é mais um capítulo do histórico olímpico dos países

02/01/2018 13h07

Redação Central, 2 jan (EFE).- A disposição de diálogo mostrada pelos líderes das duas Coreias, em prol da participação do Norte de nos Jogos Olímpicos de Inverno, neste ano, em PyeongChang, na vizinha do Sul, pode escrever mais um capítulo em uma conturbada relação histórica no esporte.

Desde os boicotes que o governo norte-coreano determinou nas edições de verão, em Los Angeles, em 1984, e Seul, em 1988, aderido por todo o bloco comunista, até o desfile conjunto em Sydney, em 2000, e nos Jogos de Inverno, seis anos depois, em Turim, as Coreias sempre estão sob os holofotes.

Em seu discurso pela chegada de 2018, na madrugada desta segunda-feira (hora de Brasília) o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, disse que o evento poliesportivo, que acontecerá em fevereiro é "uma grande ocasião" para a Coreia do Sul e desejou "sucesso" ao vizinho.

Ao mesmo tempo, Kim manifestou a disposição do país em dialogar sobre sua participação no evento, que acontecerá no mesmo ano da aniversário de 70 anos da fundação do Norte, enfatizando que será um ano "importante" para ambos.

"Agradecemos que Kim expressasse sua disposição de enviar uma delegação (olímpica) e propusesse o diálogo, pois reconheceu a necessidade de melhorar as relações entre as Coreias", declarou o porta-voz do governo sul-coreano, Park Soo-hyun.

A proposta da Coreia do Sul é que aconteça uma reunião de cúpula na próxima terça-feira, tendo como assunto a participação do vizinho no evento. O encontro seria o primeiro em mais de dois anos entre os dois países.

A Coreia do Norte começou a participar de Jogos Olímpicos, justamente em Jogos de Inverno, na edição de Innsbruck, na Áustria, em 1964, em que conquistou uma medalha de prata na patinação de velocidade.

Em 1972, veio a estreia nos Jogos de Verão, em Munique, na Alemanha. Embora não tenham participado de todas as edições dos dois eventos poliesportivos, os norte-coreanos voltaram a chamar a atenção pelo boicote do bloco comunista, encabeçado pela União Soviética, em Los Angeles, nos Estados Unidos, em 1984.

A medida foi uma resposta a ausência dos americanos nos Jogos de Moscou, em 1980.

Em 1988, a Coreia do Norte participou dos Jogos de Inverno, realizados em Calgary, no Canadá. Os Jogos de Verão aconteciam no mesmo ano e traziam a expectativa da reaproximação dos dois vizinhos, por meio do esporte.

Os norte-coreanos chegaram a se oferecer para sediar competições de tiro ao arco, tênis de mesa, vôlei, ciclismo e futebol, o que não foi aceito pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).

O governo de Pyongyang, então, convocou os países do Leste Europeu a boicotar os Jogos, mas nenhum aderiu.

Houve conversas para que a delegação norte-coreana desfilasse junto com a do Sul, nas cerimônias de abertura e encerramento, mas não houve avanço, no desfile e na participação. Apenas Cuba foi solidária e ficou fora de Seul 1988.

O regresso do Norte à família olímpica veio em 1992, nos Jogos de Inverno de Albertville, na França, e nos Jogos de Verão de Barcelona, na Espanha.

Desde então, os norte-coreanos estiveram em todos os Jogos de Verão, tendo como ápice os desfiles conjuntos com a Coreia do Sul, em Sydney 200. Quatro anos depois, o acordo se repetiu, assim como na edição de Inverno de Turim, em 2006.

Para PyeongChang, os patinadores artísticos Ryom Tae-ok e Kim Ju-ik foram os dois únicos a alcançar classificação, mas, a Coreia do Norte acabou perdendo o prazo de inscrição, o que faz com que ambos dependam de convite do COI.

Nos últimos meses, os vizinhos viveram clima de forte tensão, com o Norte lançando cerca de 20 mísseis, incluindo três de alcance intercontinental.