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Jogador turco é alvo de ataque a tiros na Alemanha e vê motivação política

Oliver Krato/AP
Imagem: Oliver Krato/AP

08/01/2018 09h05

O atacante turco-alemão de origem curda Deniz Naki, condenado em abril do ano passado na Turquia a 18 meses de liberdade condicional pela acusação de propaganda terrorista, foi atacado na noite de domingo quando o veículo em que trafegava por uma rodovia na Alemanha foi alvo de dois disparos.

O jogador, que saiu ileso do incidente, se disse convencido, em declarações publicadas nesta segunda-feira no jornal "Die Welt", que o autor dos disparos foi um agente do serviço secreto turco ou qualquer outra pessoa que não aprova seu posicionamento político, abertamente crítico ao presidente turco Recep Tayyip Erodgan.

"Eu poderia ter morrido, faltou pouco. Sempre soube que isto poderia acontecer. Mas, o fato de algo assim ocorrer na Alemanha, com isto eu não contava", declarou Naki, de 28 anos, que atualmente defende o clube curdo Amed SK, da terceira divisão do Campeonato Turco.

Naki, que está na Alemanha visitando sua família, explicou que retornava de um encontro com um amigo quando, ao circular pela pista direita na rodovia A4 na altura da localidade de Düren (no oeste da Alemanha), ouviu disparos por volta das 23h locais (20h de Brasília).

"Logo depois, me abaixei e saí (do carro) pelo acostamento. Então, telefonei para a polícia", detalhou o jogador.

Uma bala atingiu a janela do veículo de Naki e outra impactou perto de uma das rodas.

Na Alemanha, Naki, que nasceu em Düren, jogou pela seleção nacional sub-21 ao lado dos campeões mundiais Jerôme Boateng e Mats Hummels e contribuiu para a ascensão do St. Pauli à primeira divisão do Campeonato Alemão, onde jogou entre 2009 e 2012. Depois, Naki se transferiu para no Paderborn, que estava na segunda divisão alemã, no qual ficou uma temporada antes de assinar em 2013 com o Gençlerbirligi, da capital turca Ancara.

Em abril do ano passado, o atacante foi condenado a 18 meses de liberdade condicional acusado de propaganda terrorista para a guerrilha curda do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo), uma sentença que mudou sua vida, o fez perder muitos amigos e ser alvo de ameaças de morte. Mesmo assim, o jogador decidiu ficar na Turquia.