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Seleção masculina da Noruega vive polêmica envolvendo fotos de jogadora nua

18/01/2018 16h08

Copenhague, 18 jan (EFE).- A seleção masculina de handebol da Noruega, que disputa atualmente o Campeonato Europeu na Croácia, foi sacudida nesta semana pelas acusações de Nora Moerk, um dos principais nomes da equipe feminina, contra vários jogadores que supostamente teriam compartilhado fotos dela nua, que foram roubadas por um hacker de seu telefone celular.

Nora criticou a equipe masculina e a federação norueguesa, à qual acusou de tentar acobertar o caso.

A jogadora exigiu um pedido público de desculpas e, além disso, ameaçou deixar a seleção feminina, com a qual conquistou três Campeonatos Europeus, um Mundial e a medalha de prata nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

As acusações podem provocar um cisma no handebol na Noruega, país que é uma potência mundial na categoria feminina e que está em ascensão na masculina, com um quarto lugar no Campeonato Europeu de 2016 e um surpreendente vice-campeonato no Mundial do ano passado.

Foi a própria Nora Moerk, de 26 anos e jogadora do Györi da Hungria, que revelou em uma entrevista à emissora norueguesa "TV2" em novembro, entre lágrimas, que seu telefone tinha sido hackeado dois meses antes e que suas fotos particulares estavam circulando através das redes sociais.

Nora recebeu o apoio público das principais instituições do esporte norueguês e de políticos, entre eles a primeira-ministra Erna Solberg. Algum tempo depois, um jovem confessou ser o autor do crime, mas Nora também denunciou outras 15 pessoas que teriam compartilhado as imagens.

Mesmo abalada emocionalmente, isto não impediu que Nora brilhasse no Mundial da Alemanha, disputado em dezembro, no qual, além do vice-campeonato, foi a principal artilheira e eleita para a seleção do torneio.

Quando o caso parecia esquecido, Nora concedeu uma entrevista na última terça-feira ao tabloide "VG", na qual alegou que os jogadores da seleção masculina estavam compartilhando suas fotos e criticou a federação por acobertar o caso para não atrapalhar o desempenho da equipe masculina, que no mesmo dia, disputou uma decisão contra a Áustria e venceu por 39 a 28, garantindo sua classificação para a próxima fase da competição continental.

O presidente da federação, Kaare Geir Lio, negou ter acobertado a história e assegurou que a única coisa que ele sabia era que vários jogadores tinham recebido as imagens em seus telefones, mas depois as apagaram. Além disso, o dirigente contou que se reuniu várias vezes com as partes e que tinha enviado na segunda-feira um pedido de desculpa particular à jogadora.

Integrantes de peso da equipe masculina reagiram com surpresa, criticando o momento e a forma escolhidos para contar o caso e reiteraram que foram eles que avisaram à jogadora que seu telefone tinha sido hackeado.

"Para mim, foi muito importante dizer (a Nora) que toda a equipe estava do seu lado e a apoiava. Certamente, ela ficou abalada na época e continua agora, mas acreditamos que ela deveria saber que não compartilhamos as fotos, nem tiramos sarro dela", disse o capitão da seleção masculina, Bjarte Myrhol, que conversou pessoalmente com a jogadora por telefone.

Outro astro do time norueguês, o central Sander Sagosen, confessou que a equipe estava muito abalada e, mesmo com o "respeito total" que ele sente pela jogadora, ficou profundamente incomodado com o fato de ela ter proporcionado uma imagem "injusta" dos atletas da seleção masculina.

"Ela correu para a imprensa para dizer que estávamos olhando as fotos e zombando dela. Isto não está correto. Está claro que um não se sente bem quando o maior jornal da Noruega diz em sua capa que assediou alguém sexualmente", declarou Sagosen.

Nora disse não entender como alguém pode considerar estranho o momento escolhido para divulgar a história e opinou que o caso deveria ter sido solucionado há muito tempo.

"Peço compreensão, não pude controlar o 'timing', sou prisioneira de homens da cúpula do esporte que não me ajudaram. Eles é que não querem oferecer um pedido público de desculpas e me obrigaram a revelar o caso", afirmou a jogadora, que recebeu o apoio em uma carta de suas companheiras da seleção feminina.