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Rússia cala bocas a 100 dias da Copa

06/03/2018 15h32

Ignacio Ortega.

Moscou, 6 mar (EFE).- Convocações para boicote, problemas de segurança, a ameaça dos ultras e acusações de corrupção. Não foi um caminho fácil, mas a Rússia foi calando bocas à medida que se aproximava a Copa do Mundo, e agora, faltando 100 dias para o jogo de abertura, há alguns poucos buracos na organização do torneio.

Até o presidente russo, Vladimir Putin, que não é um grande fã de futebol, mas sim de judô e esqui, se animou a trocar passes com o presidente da Fifa, Gianni Infantino, no Kremlin, como visto em vídeo divulgado nesta terça-feira pela federação internacional.

Assim que ficou claro que as tímidas convocações para boicotar o evento não prosperariam, alguns países esperavam a Rússia repetisse os erros que cometeu em outros esportes, especialmente quanto a doping, para que a Fifa mudasse a sede do Mundial. Mas Infantino se fez de surdo e se mostrou fechado com o Kremlin.

A Rússia fez algo nunca visto até agora, já que construiu dez estádios especialmente para receber a Copa, além de ter reformado outros dois, o Luzhniki, em Moscou, e o Estádio Central, em Ekaterimburgo. Os dois também parecem novos, a não ser por conservarem suas históricas fachadas.

Há dez anos, a Rússia tinha apenas um estádio moderno, o do Lokomotiv. Quase todos os estádios estão praticamente prontos, com exceção da Cosmos Arena, em Samara, maior dor de cabeça do comitê organizador.

Contudo, recentemente, o chefe da organização, Alexey Sorokin, garantiu não haver dúvida alguma que o estádio, palco de uma das partidas de quartas de final, será entregue a tempo.

Para assegurar-se de que não apenas os estádios, mas também os gramados, estarão em perfeito estado em 14 de junho, o ministério de Esportes adiou até meados de abril os jogos oficiais de inauguração dos palcos.

Cinco das sedes dos jogos - Krestovsky (São Petersburgo), Luzhniki, Estádio Olímpico Fisht (Sochi), Kazan Arena (Kazan) e Otkrytie Arena (Moscou) - já firam inaugurados, e os outros sete serão abertos em abril. O primeiro deles, em 11 desse mês, será o Estádio Kaliningrado, na cidade de mesmo nome.

É verdade que as obras de construção foram marcadas por constantes atrasos, aumento do custo devido à desvalorização do rublo, casos de corrupção e morte acidental de operários. No entanto, os escândalos não foram maiores, e a despesa foi modesta em comparação com os US$ 50 bilhões dos Jogos Olímpicos mais caros da história, os de Inverno de 2014, em Sochi.

O problema dos hooligans voltou a ressurgir com força nas últimas semanas, após os violentos incidentes ocorridos na Espanha antes da partida entre Spartak Moscou e Athletic Bilbao, pela fase de 16 avos de final da Liga Europa.

"Os ultras russos ameaçam a Copa", foi a manchete de vários jornais à época. Porém, com o passar dos dias, a imprensa internacional deixou de apontar para os torcedores do Spartak por ter ficado claro que não foram os únicos responsáveis pelos enfrentamentos.

Embora o Spartak tenha sido advertido pela Uefa e corra o risco de ser punido em caso de reincidência, a Fifa pareceu pôr ponto final à questão ao dizer que as medidas adotadas pela Rússia são mais que suficientes.

Além das novas leis promulgadas por Putin, que endurecem as punições aos hooligans e aumenta a lista de torcedores fichados, o comitê organizador já demonstrou que o chamado 'Fan ID' é uma iniciativa ideal para prevenir confrontos entre torcedores.

Quanto à segurança, a Copa das Confederações, disputada em quatro cidades, demonstrou que a Rússia está capacitada para garantir a segurança de um evento esportivo da magnitude de um Mundial.

Putin falou sobre vários assuntos relacionados ao tema nas últimas semanas, entre eles a radicalização da juventude e a ameaça terrorista que sempre surge antes de grandes eventos internacionais. Nesse sentido, pediu às forças de segurança que se esforcem ao máximo nas precauções.

Um ponto que ainda precisa ser solucionado é o custo com hospedagem durante a Copa, já que em cidades como Rostov, Volgogrado e Saransk os preços dispararam, tanto para torcedores quanto para jornalistas.

O comitê organizador tomou as rédeas no assunto, e as autoridades já puniram vários hotéis por subir os preços de maneira injustificada.

Agora, só falta o tempo passar. Os russos garantem que não há nada a temer e que a Copa da Rússia não será uma fria para ninguém. EFE

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