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Trump concede perdão póstumo a 1º campeão afro-americano dos pesos-pesados

24/05/2018 16h24

Washington, 24 mai (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concedeu nesta quinta-feira perdão póstumo a Jack Johnson, o primeiro campeão afro-americano dos pesos-pesados do boxe na história, condenado em 1913 por ter uma relação com uma mulher branca, o que fez perder a conquista.

"Como presidente, concedo perdão póstumo a Jack Johnson, o primeiro campeão afro-americano dos pesos-pesados no boxe, que teve uma vida muito dura e interessante", disse Trump ao assinar o perdão em cerimônia na Casa Branca, acompanhado pelo ator Sylvester Stallone e familiares do boxeador.

Stallone ligou em abril para Trump para explicar a história de Johnson, um dos melhores pugilistas da história e que morreu em 1946, e pediu ao presidente de concedesse o perdão póstumo ao boxeador. O republicano disse ao ator que já considerava a medida.

O aclamado boxeador nasceu no dia 31 de março de 1878 em Galveston, no Texas. Seus pais tinham sido escravos. Depois de libertados, trabalhavam como faxineiros.

Johnson conseguiu romper a barreira da cor no boxe em 1908, quando ganhou seu primeiro título mundial, posto que defendeu até 1915. Na época, o "Gigante de Galveston" derrotou o ex-campeão mundial James Jeffries, em um confronto chamado de luta do século.

A luta provocou uma grande tensão social entre negros e brancos, que se sentiam humilhados após a derrota de Jeffries, e acabou gerando protestos nos quais morreram cerca de 20 pessoas.

Mais tarde, Johnson foi condenado em 1913 por um júri composto exclusivamente por homens brancos em Chicago por violar a Lei do Tráfego de Escravos Brancos, que tinha como objetivo prevenir e punir o tráfico de pessoas no país.

A lei federal, popularmente conhecida como Mann Act, proibia o transporte de mulheres brancas de um estado a outro com "propósitos imorais". Johnson foi acusado com base em sua relação com a suposta prostituta branca Lucille Cameron, o que violaria a lei.

O pugilista fugiu do país e foi para a Europa, seguindo na sequência para Argentina, mas retornou aos EUA em 1921 para cumprir a pena e ficou nove meses na prisão. Depois, voltou a lutar.

Ativistas e familiares defendiam há muito tempo o perdão póstumo para Johnson. Outro que pedia a concessão o senador republicano John McCain, ex-candidato do partido à presidência em 2008.