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Ninguém passa frio na Copa do Mundo da Rússia

23/06/2018 06h02

Ignacio Ortega.

Rostov (Rússia), 23 jun (EFE).- Antes da Copa do Mundo, havia entre os que planejavam ir à Rússia quem falasse em usar gorros e ceroulas, beber vodca para se aquecer e até quem acreditasse que veria ursos andando pelas ruas. Mas essa expectativa se frustrou: ninguém passa frio. Com honrosas exceções, as temperaturas em muitos estádios beiram os 30 graus.

"O calor estava insuportável", disse o técnico do Uruguai, Óscar Tabárez, após a partida contra a Arábia Saudita, disputada na última quarta-feira em Rostov-no-Don.

Conhecida como "o forno da Rússia", a cidade chega a registrar 40 graus em todos os verões, embora, desde que a Copa começou, a máxima tenha sido de 35 graus.

O calor é seco. Torcedores uruguaios e mexicanos reclamavam sem parar e aproveitavam até chafarizes e fontes para se refrescar - em alguns casos, mergulhando de cabeça, diante do olhar passivo de policiais. "No Uruguai, estamos agora no inverno", comentou Rafael, torcedor que veio Montevidéu.

A cidade é cortada pelo Don, um caudaloso rio navegável para embarcações de grande porte com destino ao mar de Azov, mas não recomendável para banho.

Para o duelo entre mexicanos e sul-coreanos neste sábado, é esperada uma temperatura de 34 graus Celsius, por isso as duas seleções terão que se hidratar mais do que o habitual, e os torcedores sempre podem recorrer ao tradicional chapéu mariachi.

As altas temperaturas são regra geral no sul da Rússia, onde fica metade das sedes da Copa e muitas bases de concentração. Na quinta-feira, por exemplo, os jogadores da seleção espanhola aproveitaram o dia de descanso para tomar sol, já que em Krasnodar o calor também é especialmente intenso.

Em Sochi, onde a Espanha estreou e pode voltar a jogar nas oitavas de final, os termômetros têm marcado 28 graus, e a temperatura não para de subir, ao que se soma a umidade caraterística da cidade, banhada pelo mar Negro.

O serviço meteorológico nacional russo previu que nos próximos dias uma forte onda de calor tomará conta de todo o sul e a região central da parte europeia do país.

Em Volgogrado, cidade banhada pelo rio Volga, as temperaturas chegarão a 40 graus antes do final da primeira fase, enquanto em Samara são esperados 32 graus para a partida da próxima segunda-feira entre Uruguai e Rússia.

Ao contrário de Rostov-no-Don, em Samara há uma praia fluvial dentro da cidade, na qual o torcedor pode se banhar sem maiores preocupações.

Em Saransk, a menor cidade da Copa, são esperados 33 graus para o duelo entre Portugal e Irã, partida decisiva para a definição do grupo B.

Mais ao norte, no curso do Volga, fica Kazan, onde colombianos e poloneses terão que suportar na segunda-feira cerca de 30 graus. Por outro lado, os croatas e argentinos foram beneficiados na quinta-feira por uma temperatura amena de 20 graus em Nizhny Novgorod, o que sem dúvida contribuiu para o duelo movimentado que tiveram. A equipe europeia venceu por 3 a 0.

Em Moscou, também são esperados 30 graus para o sábado, quando a Bélgica enfrentará a Tunísia, mas depois as temperaturas vão cair sensivelmente para os jogos entre Brasil e Sérvia, na quarta-feira, e entre Dinamarca e França, na véspera.

A partir de 1º de julho, a temperatura deve voltar a subir, por isso que se espera que para as semifinais e a final no Estádio Luzhniki, em Moscou, o calor seja intenso, embora a chuva deva diminuir a sensação térmica.

A exceção à regra é a capital dos Urais e a cidade mais oriental da competição, Ecaterimburgo, como puderam comprovar uruguaios e egípcios na primeira rodada.

"Fazia 7 graus. Passamos frio. Sorte que estávamos preparados", comentou à Efe o uruguaio Damián.

O torcedor de Punta del Este se surpreendeu ao encontrar em tal cidade um letreiro onde recomendava aos locais o que fazer em caso de onda de calor. "Não consegui não rir. Uma onda de calor na entrada da Sibéria", contou.

Embora o verão seja curto nessa região, espera-se que mexicanos e suecos encontrem agradáveis 23 graus quando se enfrentarem pela última rodada da primeira fase.

O enclave báltico de Kaliningrado também não é conhecido pelas altas temperaturas, e espanhóis e marroquinos podem jogar sob chuva e com temperatura de 16 graus, mesmo que há poucos dias os termômetros tenham marcado 29 graus.