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Das vaias russas ao perdão? Vida muda postura após polêmicas na Copa

12/07/2018 19h23

Ignacio Ortega.

Moscou, 12 jul (EFE).- O zagueiro Domagoj Vida viveu ontem um autêntico inferno no estádio Luzhniki no duelo entre Croácia e Inglaterra, sendo vaiado pela torcida local cada vez que tocava na bola. Mas o croata superou a pressão da arquibancada, fez uma grande partida e, ao final dela, pediu desculpas aos russos pelo polêmico vídeo em que fez uma saudação à Ucrânia.

"Foi uma situação incômoda para mim. Sei que cometi um erro. E quero aproveitar para pedir perdão ao povo russo", disse o croata à Agência Efe ao final da partida.

Vida já tinha se desculpado publicamente, mas seu polêmico vídeo depois de eliminar a Rússia nas quartas de final não passaria em branco. Os torcedores de Moscou o esperavam com a faca entre os dentes.

Nos primeiros 30 minutos, o zagueiro não sofreu pressão das arquibancadas, mas no resto do jogo foi alvo de incessantes vaias.

Mesmo quando rifava uma bola, a torcida se manifestava contra o jogador, que atuou pelo Dínamo de Kiev - motivo pelo qual tinha apoio dos torcedores desse clube ucraniano. Ainda mais depois que a Croácia eliminou a Rússia nas quartas de final.

Vida mostrou que é duro na queda. Evidentemente, o croata se equivocou ao gravar o vídeo que causou uma das maiores polêmicas da Copa - ninguém mais se lembra dos suíços de origem kosovar Shaquiri e Xhaka imitando uma águia de duas cabeças com as mãos no duelo com a Sérvia pela primeira fase -, mas as vaias não o incomodaram.

O zagueiro não cometeu erros durante os 120 minutos de jogo contra os ingleses. Fez uma partida impecável e parecia estar em casa, como se as vaias não o irritassem, mas o deixassem ainda mais motivado.

Contra a Rússia, Vida já havia mostrado que tem personalidade. Marcou o gol da Croácia na prorrogação (a partida terminou empatada em 2 a 2 com bola rolando) e acertou sua cobrança na disputa de pênaltis.

Durante dois dias, a imprensa russa não parou de falar do croata, chamando-o de "fascista" e "nazista". Até a capa do principal jornal esportivo russo, "Sport Express", estampou a imagem de Vida com o título "Glória à Croácia!".

O comitê organizador da Copa respirou aliviado quando a Ucrânia não conseguiu se classificar para o torneio, sendo eliminada em um grupo que contava com a própria Croácia e a Islândia. Mas a tensão do conflito entre russos e ucranianos na península da Crimeia se fez presente na Copa do Mundo por causa de Vida.

Se a Croácia tivesse sido eliminada pela Inglaterra, Vida poderia ser apontado pela imprensa de seu país como um dos culpados pela derrota, por ter colocado a torcida russa contra a equipe.

De fato, a Inglaterra, cujo governo e família real boicotaram o torneio devido às divergências com o Kremlin, parecia estar jogando em casa.

Vida então tentou corrigir seu erro. Famoso por seu jogo de imposição física, o zagueiro se comportou de maneira exemplar em campo.

A Croácia estava prestes a fazer história e não iria desperdiçar a chance de chegar à final 20 anos depois de ter alcançado as semifinais na Copa do Mundo de 1998.

Vida garantiu que "não haverá mais vídeos" e que respeita tanto os russos quanto os sérvios, aos quais também indignou com outra declaração controversa.

"Jogamos três prorrogações seguidas, mas não estamos cansados. Temos um coração tão grande quanto a Rússia", disse Vida na saída do campo, em um claro afago aos torcedores locais.

Quanto à final, ele previu que será um jogo "muito duro", mas ressaltou que sua seleção "dará tudo de si pelo povo croata".

Não se sabe o que acontecerá na decisão. Se os torcedores russos perdoarão Vida ou se continuarão a vaiá-lo quando tocar na bola.

"Vida se desculpou com a Rússia. E você, o perdoa?", perguntou o "Sport Express" em sua página na internet.

A pesquisa virtual apontava no início da noite que os eleitores não são rancorosos em sua maioria: 36,2% dos internautas perdoam o jogador, e 31,9%, não. Já os restantes 31,9% não veem qualquer problema a ser perdoado.