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Thuram relembra escândalo cotas para africanos e árabes no futebol francês

13/07/2018 12h18

Paris, 13 jul (EFE).- Um dos heróis do primeiro título da França na Copa do Mundo, o ex-jogador Lilian Thuram lembrou, em entrevista à Agência Efe, que um escândalo no país ficou perto de tirar vários jogadores do elenco atual dos 'Bleus', fora da seleção.

"A atual geração poderia não ter existido. É preciso agradecer a postura Mohammed Belkacemi (antigo assessor da Federação Francesa de Futebol). Todos estão felizes e orgulhosos e temos que agradecer a ele. Se contar todas as pessoas que tem dupla nacionalidade, você verá que há muitas na França", disse.

Em 2011, o site investigativo francês "Mediapart" veiculou que dirigentes da federação teriam aprovado a limitação de 30% no número de jovens entre 12 e 13 anos de origem africana e árabe, nos centros de formação e escolinhas de futebol do país, escândalo que a chegou a atingir o então técnico da seleção, Laurent Blanc, mas que sempre foi negado por representantes da entidade.

Belkacemi, que trabalhava como assessor na Direção Técnica Nacional, órgão da federação que aprovou a medida, e era técnico da seleção sub-21 de futsal, gravou as reuniões realizadas em novembro de 2010, e foi o responsável pela denúncia.

Ícone na França da luta contra o racismo, Thuram admitiu que hoje o panorama é diferente, justamente, por causa do sucesso de uma seleção formada por diversos jogadores de origem africana, muitos deles que cresceram na periferia, inclusive, começando a vida esportiva em centros de formação oficiais.

"O futebol permite criar emoções positivas. Quando as pessoas estão felizes, se tornam mais compreensivas com os outros, mostram mais simpatia. Agora, que vejo o futebol de fora do campo, vejo isso muito claro. Vejo a força positiva da seleção francesa", avaliou Thuram.

Campeão mundial em 1998, da Eurocopa, em 2000, e da Copa das Confederações, em 2003, o ex-lateral-direito e zagueiro aproveitou para exaltar um dos jogadores da equipe comandada pelo antigo companheiro Didier Deschamps.

"Se fosse jogador, gostaria de me parecer com N'Golo Kanté. Representa tudo o que é importante no esporte de alto nível: o altruísmo, a humildade, a discrição e o rendimento. É um jogador extraordinário. Todos os países do mundo deveriam ter um jogador como Kanté", disse o ex-Monaco, Parma, Juventus e Barcelona.

Autor dos dois gols franceses na vitória de virada sobre a Croácia por 2 a 1, nas semifinais da Copa de 1998, Thuram evitou apontar favoritos para a decisão que acontecerá neste domingo, em Moscou, mas admitiu que vê os adversários dos 'Bleus' querendo devolver a derrota de 20 anos atrás.

"Espero que a França vença, mas, o interessante é que acredito que os croatas tenham memórias de 1998, quando a França os eliminou. Por isso, terão muita vontade contra nós e darão tudo para vencer. Além disso, é a chance de conquistar a primeira estrela", disse o antigo jogador, em referência ao ineditismo de uma conquista croata.

Por outro lado, Thuram lembrou que também há aspectos que dão mais força aos franceses, como, por exemplo, terem sofrido uma derrota em casa na final da Eurocopa, há dois anos, caindo diante de Portugal por 1 a 0, na prorrogação.

"Eles sabem o que é perder. Esse é um sentimento que fica para eles, por isso, estão muito motivados e determinados para que essa situação não se repita", garantiu o ícone 'bleu'.