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Com França campeã, Copa volta a consagrar jogo coletivo e de eficiência

15/07/2018 19h53

Bruno Guedes.

Redação Central, 15 jul (EFE).- A seleção francesa saiu neste domingo do estádio Luzhniki, em Moscou, com o trófeu da Copa do Mundo, confirmando a tendência de êxito no torneio graças ao equílibro em todos os setores, com destaques na defesa, meio e ataque, sem dependência exclusiva de atuações assombrosas de um único craque.

Embora conte com Paul Pogba, Antoine Griezmann e Kylian Mbappé, o técnico Didier Deschamps tinha em seu elenco o sólido goleiro Hugo Lloris - que falhou de maneira incomum na decisão -, os impecáveis zagueiros Raphael Varane e Samuel Umtiti, também fortes no jogo aéreo ofensivo, o volante N'Golo Kanté e vários outros talentos.

Até mesmo contestado centroavante Olivier Giroud ganhou ares de peça importante da França, pela movimentação capaz de criar espaços para os companheiros de setor ofensivo, o que o fez ser titular em todos os jogos a partir da segunda rodada, após amargar a reserva na suada vitória sobre a Austrália por 2 a 1 na estreia do torneio.

Enquanto a Argentina dependia de Lionel Messi, Portugal de Cristiano Ronaldo e o Brasil, até certo ponto, de Neymar, os 'Bleus' apostaram na solidez e no equilíbrio para que diferentes jogadores brilhassem em momentos distintos da competição.

O auge individual, em uma das melhores atuações do torneio, veio com Mbappé, no triunfo sobre a Argentina por 4 a 3, nas oitavas de final. Em outros dois duelos importantes, contra Uruguai e na decisão contra a Croácia, o destaque foi Griezmann, com gols e passes decisivos.

O coletivo francês falou tão alto, que o melhor jogador da seleção acabou sendo apenas o terceiro melhor da Copa, de acordo com a premiação feita pela Fifa. Griezmann ficou com a Bola de Bronze, atrás do croata Luka Modric e do belga Eden Hazard.

Mbappé, por sua vez, foi eleito a revelação da competição - em disputa entre atletas de até 21 anos.

Por outro lado, os campeões mundiais acabaram arrebatando a taça devido um conjunto bem armado, composto de uma forte zaga, um meio incansável e um ataque incendiário.

Da defesa ao setor ofensivo, a França mostrou equilíbrio, algo que faltou, por exemplo a Bélgica, que titubeava na retaguarda, e a Inglaterra, que pecava pelos poucos jogadores criativos, entre outras seleções. A Croácia era quem melhor repetia a estratégia do agora campeão mundial, mas havia limitações nos companheiros de Luka Modric, Ivan Rakitic, Ivan Perisic e Mario Mandzukic.

Da estreia até a decisão, os franceses só não venceram a Dinamarca, pela terceira rodada do grupo C da Copa do Mundo, em jogo que o empate era bom para as duas seleções, que utilizaram diversos reservas. Austrália, Peru, Argentina, Uruguai, Bélgica e Croácia foram vitimados pelos franceses.

Mesmo no jogo que era apontado como mais complicado, na semifinais, contra um adversário que vinha de vitória sobre o Brasil, os franceses souberam se impôr e passaram poucas dificuldades. Já contra os croatas mesmo em dificuldades durante boa parte da partida, os comandados de Deschamps conseguiram resistir.

Neste domingo no estádio Luzhniki, a França finalizou oito vezes, contra as 15 oportunidades do adversário na decisão. Além disso, Griezmann, Mbappé e companhia ficaram apenas 39% do tempo com a bola, dando menos da metade dos passes do adversário (548 a 269).

Há quatro anos, no Brasil, a Alemanha também conquistava o mundo com solidez, embora, no total de sete jogos, tenha encontrado mais dificuldades que os franceses, por exemplo, nos jogos contra Gana e Argélia, em que não conseguiu vencer no tempo normal - os argelinos só foram batidos na prorrogação.

Curiosamente, as duas seleções derrotadas nas recentes finais tinham o jogador que seria eleito o craque da Copa: a Argentina, com Lionel Messi, e a Croácia, com Luka Modric. Apesar do prêmio, ambos não conseguiram desequilibrar o adversário na decisão.

Daqui quatro anos, no Catar, possivelmente com 48 seleções, apontar a campeã antes de a bola rolar será sempre uma tarefa complicada, mas, os sinais das duas últimas edições estão postos, com os supercraques parecendo pesar menos do que o conjunto de uma seleção.