Topo

Luis Enrique evita falar em revolução na seleção espanhola mas quer mudanças

19/07/2018 12h59

Las Rozas (Madri), 19 jul (EFE).- O novo técnico da seleção espanhola, Luis Enrique, afirmou nesta quinta-feira, durante aapresentação na função, que não tem revolucionar a equipe, mas sim, buscar uma evolução depois dos resultados das duas últimas Copas do Mundo.

"A palavra fracasso é tão feia, porque arece que você nem tentou. É claro que os resultados não foram muito bons. Éramos campeões de tudo, estávamos todos muito orgulhosos, e é algo que devemos a essa seleção e a esses jogadores. Fizeram com que fôssemos por alguns anos os melhores", afirmou o comandante.

"Agoram penso que há muitas coisas para melhorar. Não haverá uma revolução, é uma palavra que não gosto. Mas tem que haver uma evolução", completou o ex-Barcelona.

Segundo o treinador, não está descartado que haja algumas alterações com relação aos jogadores que vinham sendo utilizados na 'Roja', e assim como na parte tática da seleção sob seu comando.

"Haverá mudanças, mas não pela idade. Temos jogadores talentosos, mas não muito fortes fisicamente. São inteligentes e estão prontos. Eu gosto do que vejo. Preciso saber também dos atletas, o que sente. Na parte tática, há muitas coisas que acho que podem ser mudadas, porque cada um tem o seu método e o seu estilo", acrescentou.

Ao falar sobre os jogadores que integrarão a seleção, Luis Enrique afirmou que gostaria de poder contar com Gerard Piqué, do Barcelona, apesar do zagueiro ter dito que estaria deixando a seleção.

"Piqué falou sobre seu desejo de deixar a seleção. Não falei com ele, mas isso não significa que não possa fazer. Eu gostaria de poder contar com todos, mas estudando cada caso, de maneira individual. Vamos conversar e depois chamarei os melhores jogadores possíveis e disponíveis", explicou.

Já no caso de Iniesta, que se despediu da equipe após a Copa do Mundo, o técnico espanhol afirmou que vai respeitar a decisão do jogador, que se transferiu para o Vissel Kobe, do Japão.

"Iniesta foi quase como um irmão mais novo quando jogávamos juntos. Quando me tornei técnico, ele era o que mais ajudava com seu rendimento e comportamento. Se um jogador decide deixar a seleção, ainda mais Iniesta, que foi um dos melhores da história do futebol, é lógico que vamos respeitá-lo. Eu adoraria ter o Iniesta dos 25 ou 26 anos e poder continuar desfrutando do seu futebol, mas temos que respeitar a decisão dele, que é dura, mas compreensível", disse.

Luis Enrique destacou que já passou por uma situação parecida com a que vive a Espanha, que tem em seu elenco jogadores dos maiores clubes do futebol mundial, mas que não conseguem conquistar títulos com a sua seleção.

"Já tive essa experiência em um clube grande que não tinha conquistado nenhum título no ano anterior, mesmo com jogadores incríveis. É preciso dar condições pro jogador, principalmente quando ele vem de equipes que de destaque, como o Barcelona. Quando o time é referência, os jogadores são muito estudados pelos adversários, conhecem suas caraterísticas", explicou.

Para o novo técnico, a Espanha precisa manter seu estilo, mas deve melhorar a marcação e criar mais dentro de campo.

"Vamos continuar com o mesmo estilo, que não haja dúvidas sobre isso. Mas precisamos aumentar a pressão após a perda da bola, defender melhor, ter mais profundidade, criar mais oportunidades de gol. No final, quero o mesmo que Julen (Lopetegui) ou Fernando (Hierro). A seleção deve ser o mais parecida possível com um time, embora eu saiba que é difícil porque terei apenas uma semana por mês com eles", disse, se referindo aos antecessores.

Entre as novidades que ele trará para a Espanha, está a presença de um psicólogo para atuar junto aos jogadores.

"Todos que estamos nesta sala concordamos que a cabeça é o mais importante. É uma opção que sempre damos aos jogadores buscando um benefício para eles. Quando um atleta vai ao psicólogo, não significa que esteja doente ou que seja mau, mas que quer melhorar seu rendimento. Os atletas poderão fazer de forma voluntária, jamais obrigaríamos. Queremos ajudá-los o máximo possível", acrescentou.

O técnico revelou que já fez uma lista com cerca de 70 nomes de jogadores que pretender ver atuando pela seleção, e que dará chances para todos, desde os mais novos até os mais experientes.

"Fiz uma lista com 70 jogadores. Haverá alguns que nunca atuaram pela seleção, outros que atuaram poucas vezes e jogadores que sempre foram convocados e continuarão na equipe. Haverá de tudo", disse.

Luis Enrique também contou que seu jeito de lidar com os atletas irá variar de acordo com a necessidade de cada um.

"Às vezes você tem que pegar mais leve, em outras precisa dar um abraço no jogador. Trato de forma diferente meus três filhos e são filhos do mesmo pai e da mesma mãe. Imagina na seleção? Quando precisar ser mais duro, não terei problemas. Não sou de colocar muitas regras, mas há algumas mínimas de convivência, porque senão seria uma bagunça", revelou.

Além da relação com a equipe, Luis Enrique foi questionado sobre como será sua relação com a imprensa, e disse que não será exatamente simpático.

"Da mesma maneira que sou hoje, serei amanhã. Certamente não serei o mais simpático, não acredito que tenha que ser. Fora das câmaras eu sou. Vou fazer o meu trabalho da melhor maneira possível, da forma mais profissional que puder. Espero e desejo que a relação seja a melhor", concluiu.