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Dirigente admite que crise afeta o desenvolvimento do hipismo no Brasil

22/09/2018 17h43

Álvaro Blanco.

Tryon (EUA), 22 set (EFE).- O diretor de salto da Confederação Brasileira de Hipismo, Pedro Paulo Lacerda, admitiu neste sábado que a crise econômica impede investimento na modalidade, o que pode ter influenciado nos resultados nos Jogos Equestres Mundiais, que estão sendo disputados em Tryon, nos Estados Unidos.

"O Brasil sofre uma de suas piores crises econômicas, e achar que o Brasil vai ter dinheiro amanhã para comprar cavalos milionários, não é possível. Essa é a nossa realidade. Temos que viver com ela e tirar o melhor possível de nós", afirmou o dirigente, em entrevista à Agência Efe.

Até que haja melhora na situação do país, Lacerda apontou que é preciso buscar alternativas para comprar cavalos de elite, que, segundo o representante da Confederação Brasileira de Hipismo, têm mercado inflacionado porque Estados Unidos e países do Oriente Médio estão em comprando grandes quantidades.

Para Lacerda, uma das saídas é a criação de cavalos, com investimento em jovens promessas, já que não há possibilidade, no momento, de gastar US$ 4 milhões a US$ 6 milhões (R$ 16,2 milhões a R$ 24,4 milhões) em um animal adulto.

"São preços fora da realidade", lamentou o dirigente.

A situação, inclusive, vem atrapalhando os planos de cavaleiros experientes, como Rodrigo Pessoa, que ficou fora da disputa dos Jogos Mundiais - está na competição como técnico da equipe da Irlanda de salto -, por ainda estar na busca de um cavalo para participar dos Jogos Olímpicos, em 2020, em Tóquio, no Japão.

"Eu acredito que se eles tiverem a oportunidade, irão criar bons cavalos. Mas, é preciso começar já, porque faltam dois anos para os Jogos Olímpicos", disse Lacerda à Efe.

Sobre o desempenho da equipe brasileira em Tryon, o diretor da Confederação Brasileira de Hipismo lamentou que o objetivo de garantir a vaga olímpica na prova do salto por equipes não tenha sido alcançado.

"Foi um fim de semana ruim. As coisas não saíram bem", avaliou o dirigente, sobre a 14ª colocação na competição, em que os seis primeiros se garantiram em Tóquio.

Lacerda apontou que a inexperiência da maioria dos integrantes do time brasileiro, que só tem Pedro Veniss brigando pelo título no individual, permitiu com que não houvesse reação diante os erros nos percursos. Apesar disso, o diretor aponta que veteranos como Rodrigo Pessoa e Vitor Teixeira, talvez, não conseguissem mudar o panorama.

"Não vejo muitas coisas que poderiam ter sido diferentes, para que houvesse um resultado melhor", afirmou o representante da entidade, que elogiou os cavaleiros do Brasil, pelo trabalho "duro".

A meta para Lacerda, agora, é garantir vaga nos Jogos Olímpicos através de bom desempenho nos Jogos Pan-Americanos, que acontecerão no próximo ano, em Lima, no Peru. Para isso, será necessário ficar entre os três primeiros lugares.

"Seria uma grande tristeza ficar fora dos Jogos Olímpicos. No esporte, tudo pode acontecer, mas é certo que as condições não são as melhores, para conseguir alcançar nossa meta", apontou.