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Jogos de Tóquio almejam medalha de ouro em ecologia e sustentabilidade

26/09/2018 10h14

María Roldán.

Tóquio, 24 set (EFE).- Usar energias renováveis, construir a vila dos atletas com madeira reutilizável e fabricar as medalhas com metais descartados são algumas das iniciativas com as quais os Jogos Olímpicos de Tóquio, que começarão daqui a 22 meses, buscam se tornar porta-bandeira da ecologia e da sustentabilidade.

Tanto o comitê organizador quanto o governo da capital japonesa se esforçam na aplicação dos 3Rs (reduzir, reutilizar, reciclar), com o qual querem criar um legado do evento quanto ao meio ambiente e que ajude Tóquio a se tornar uma cidade de vanguarda no uso de infraestruturas energéticas eficientes.

A organização do evento anunciou em junho um plano de sustentabilidade com a ideia de trabalhar em busca da emissão zero através do uso de energias renováveis e outras medidas, como a promoção de veículos de nova geração, como modelos elétricos ou de hidrogênio, a instalação de painéis solares e outros sistemas geotérmicos nos centros de competição.

A organização conta com o apoio de patrocinadores poderosos, como a fabricante Toyota Motor, que pretende colocar nas ruas da capital japonesa mais de 100 ônibus que funcionam com hidrogênio - o primeiro foi entregue em 2017 - para prestar serviço antes dos Jogos.

O fato de que em torno de 60% das instalações para as competições já exista oferece impulso na redução de emissões gases contaminantes, já que, ao precisar de menos locais, haverá menos necessidade das matérias-primas requeridas para a construção e para seu transporte, como explicou um porta-voz do evento à Agência Efe.

Os Jogos Olímpicos da capital japonesa começarão em menos de dois anos e contarão com 43 sedes, oito novas, 25 existentes e dez temporárias.

Sem a adoção de medidas, as emissões de dióxido de carbono nos Jogos estão estimadas em 3,01 milhões de toneladas, mas só o plano de reutilizar instalações permitirá a redução de cerca de 80 mil toneladas, segundo cálculos dos organizadores. Eles publicarão em breve um relatório de sustentabilidade mais completo.

Tóquio 2020 também quer fazer um uso efetivo dos recursos hídricos, através de métodos como a utilização de água de chuva nos centros de competição, e lançou uma inovadora campanha para construir a vila dos atletas, a operação BATON.

Através da iniciativa, a praça da vila olímpica será feita com madeira procedente de 62 municípios do Japão e que será devolvida após o fim dos Jogos.

Além disso, o comitê organizador quer que praticamente todos os objetos e bens usados durante o evento procedam da reciclagem, estratégia na qual se engloba um de seus projetos mais ambiciosos, a fabricação das medalhas olímpicas com metais reaproveitados.

"Esse projeto, talvez o mais conhecido, quer chamar a atenção do público sobre a importância da sustentabilidade e, com sorte, deixar como legado uma reciclagem melhorada no Japão", disseram os organizadores em comunicado.

Até junho deste ano, as autoridades do país tinham recolhido aproximadamente 26,3 mil toneladas de pequenos dispositivos eletrônicos dos quais foram extraídos com sucesso o ouro e o bronze necessários para as 5 mil medalhas entregues nos torneios olímpicos. A reserva de prata, entretanto, ainda não é suficiente.

"As medalhas de ouro são fabricadas com prata chapada em ouro, por isso a prata total necessária para as medalhas de ouro e prata equivale a cerca de dois terços do metal total requerido, uma quantidade significativa", explicou o comitê, que revelará quanto exatamente foi extraído de cada metal quando o processo de refinamento terminar.

Segundo números do Ministério do Meio Ambiente japonês, são necessários 40 quilos de ouro, 4,9 mil de prata e 3 mil de bronze.

A coleta de telefones celulares em particular progrediu sem problemas, já que conta com a compreensão e o empenho de muitas pessoas, de acordo com os organizadores. Foram colocados 4,1 milhões de terminais do gigante japonês de telecomunicações NTT Docomo em lojas por todo o Japão.

Tóquio 2020, que acontecerá de 24 de julho a 9 de agosto, quer continuar recolhendo celulares usados e ampliar a iniciativa a outros tipos de aparelhos, entre eles computadores.

Entre outras ideias para deixar um legado sustentável para a cidade está a recuperação de áreas verdes perdidas durante sua urbanização e que ajudariam a atenuar outro dos grandes problemas enfrentado pela próxima edição dos Jogos Olímpicos: as altas temperaturas.