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Comentários machistas de narrador contra bandeirinha geram repúdio na Itália

25/03/2019 15h06

Roma, 25 mar (EFE).- Os comentários machistas de um narrador sobre a presença de uma mulher como bandeirinha em uma partida da quinta divisão do Campeonato Italiano provocaram grande indignação no país nesta segunda-feira.

No primeiro tempo do duelo entre Sant'Agnello e Agropoli, um narrador da emissora "CanaleCinqueTV" definiu como um "desgosto" o fato de a bandeirinha ser uma mulher.

"É um desgosto ver mulheres que se tornam árbitras em um campeonato no qual os clubes investem centenas de milhares de euros. É uma piada a Federação (de Futebol Italiana) permitir algo assim, algo impresentável em um campo de futebol", afirmou o jornalista Sergio Vessicchio.

Essas declarações não passaram despercebidas pela Ordem dos Jornalistas da Itália (órgão que representa os jornalistas no país), que cassou de forma imediata o registro de jornalista de Vessicchio.

Os comentários sexistas foram duramente criticados por Marcello Nicchi, presidente da Comissão de Arbitragem Italiana (AIA), através de um comunicado oficial.

"Fico sem palavras pelas inqualificáveis e discriminatórias frases usadas pelo jornalista Sergio Vessicchio, narrador esportivo de uma televisão local, sobre a nossa árbitra Annalisa Moccia, só por ser uma mulher. Envio a minha total solidariedade e a de todos os árbitros italianos a Annalisa e todas as nossas árbitras pela contribuição que dão diariamente à nossa categoria", diz a nota.

Apesar da grande repercussão negativa, Vessicchio defendeu a sua posição com uma mensagem publicada no Twitter, na qual diz que segue firme com as suas opiniões.

"Acredito pessoalmente que tornar as mulheres árbitras no futebol é errado por muitas razões, por isso confirmo a minha ideia. Por que todos estes moralistas não lutam para que as mulheres joguem junto com os homens? Esta é a verdadeira discriminação", escreveu.

O caso já está sendo investigado pelo Departamento para a Igualdade de Oportunidades do Conselho de Ministros Italiano. A Comissão de Arbitragem Italiana informou que tomará medidas jurídicas para defender "a imagem" das árbitras. EFE