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Em trégua com a torcida, Argentina encara Catar tentando evitar vexame

23/06/2019 00h56

Porto Alegre, 23 jun (EFE).- Há 36 anos sem ser eliminada em uma primeira fase de Copa América, a Argentina tentará neste domingo, contra o Catar (às 16h, na Arena do Grêmio), evitar repetir a marca negativa - que, ao contrário da última vez, ficaria rotulada como um vexame - e se classificar para as quartas de final embalada por uma trégua com a torcida que está no Brasil para acompanhar o torneio.

Em 1983, quando a edição não teve sede fixa, os argentinos, então sem Diego Maradona, iniciavam a construção da base que viria a se tornar campeã mundial três anos depois. A dimensão da Copa América era outra: não havia seleções convidadas, e apenas as dez filiadas à Conmebol participavam.

O Paraguai, campeão vigente, entrou na competição já nas semifinais, que eram disputadas em jogos de ida e volta, como na Taça Libertadores. A primeira fase era composta por três grupos de três seleções, cada, que também duelavam entre si dentro e fora de casa.

Os argentinos acabaram no grupo de um Brasil dirigido por Carlos Alberto Parreira que, mesmo sem Zico, mesclava parte da geração que encantou o mundo em 1982 com nomes em ascensão como o zagueiro Mozer e os atacantes Careca e Renato Gaúcho. As duas seleções terminaram empatadas com cinco pontos, contra dois do Equador, mas a 'Albiceleste' levou a pior no desempate por saldo de gols.

Desta vez, o cenário é muito diferente. Apesar de não convencer crítica e torcida há muito tempo, a Argentina conta com o que tem de melhor dentro de campo, incluindo o craque Lionel Messi e os estrelados Sergio Agüero e Ángel Di María.

Como há 36 anos, o torneio tem primeira fase dividida em três grupos, mas todos com quatro integrantes e com os dois primeiros se classificando às quartas de final, assim como os dois melhores terceiros no geral.

Somando-se a isso o fato de os argentinos estarem na mesma chave de Paraguai (ausente nas últimas duas Copas do Mundo e sem grandes nomes no cenário internacional) e Catar (que embora invista forte no futebol, está muito longe de ter o peso da camisa 'albiceleste'), além da Colômbia, com quem a rigor se previa que disputaria a liderança, e uma eliminação como lanterna teria um efeito que talvez tivesse que ser medido na escala Richter.

O combustível para impedir o vexame, além da inspiração de Messi, pode vir das arquibancadas. Neste sábado, centenas de torcedores atenderam o pedido do técnico Lionel Scaloni para darem "mais apoio, e não tanta pressão" à seleção e, vestidos de azul e branco, compareceram ao último treino antes da partida decisiva com os catarianos e ditaram o ritmo da atividade realizada no estádio Beira-Rio com cantos e saltos.

O clima de aproximação entre time e torcida começou na sexta-feira, quando a presença de torcedores nos arredores do hotel onde a 'Albiceleste' está concentrada em Porto Alegre foi premiada pelos jogadores com uma sessão improvisada de fotos e autógrafos.

Se a Argentina vencer, passará de um para quatro pontos e poderia até garantir a vice-liderança do grupo B, desde que o Paraguai, que atualmente tem dois, não vença a Colômbia, cuja primeira posição não é ameaçada graças a suas duas vitórias até aqui, que a deixaram com seis pontos. O Catar, por sua vez, tem um ponto e vive a mesma situação na tabela que a dos argentinos.

Se Messi e cia empatarem, a Colômbia teria que ganhar do Paraguai por mais de dois gols de diferença na outra partida da chave (também neste domingo, às 16h, na Arena Fonte Nova, em Salvador) para que a Argentina tentasse se encaixar como uma das melhores terceiras - ainda teria que "secar" Japão e Equador em suas partidas pelo grupo C para que não consigam campanhas melhores que a dela.

Conforme os últimos treinos, desta vez é provável que Scaloni promova uma nova mudança no ataque e use um trio de ataque formado por Agüero, Messi e Lautaro Martínez. No meio de campo, Marcos Acuña pode ganhar uma vaga para dar mais consistência ao setor.

Messi, por sinal, é o único jogador da partida que também esteve no único jogo já disputado entre as duas seleções, um amistoso realizado em 2005, em Doha, e que terminou com vitória argentina por 3 a 0.

Os catarianos, dirigidos pelo espanhol Félix Sánchez e que participam da Copa América como convidados e a aproveitam para ganhar rodagem visando a Copa do Mundo de 2022, quando serão os anfitriões, tentarão no jogo conseguir uma classificação que seria surpreendente.

Em entrevista após o treino da atual campeã asiática também hoje em Porto Alegre, Sánchez disse que terá que tirar outro coelho - ou zebra - da cartola para derrotar os argentinos, já que não vê como parar aquele que foi eleito cinco vezes o melhor jogador do mundo pela Fifa.

"Todos conhecem Messi. É um jogador determinante. Há centenas de treinadores que planejaram partidas pensando em como poderiam pará-lo, e não há uma fórmula mágica que garanta", afirmou.

Prováveis escalações:.

Catar: Sheeb; Rawi, Khoukhi, Salman; Pedro Miguel, Haydos, Madibo, Hatim e Hassan; Akram Afif e Almoez Ali. Técnico: Félix Sánchez.

Argentina: Armani; Casco, Otamendi, Pezzella e Tagliafico; Lo Celso, Paredes e Acuña; Messi, Martínez e Agüero. Técnico: Lionel Scaloni.

Árbitro: Julio Bascuñán (Chile), auxiliado pelos compatriotas Claudio Ríos e Christian Schiemann.

Estádio: Arena do Grêmio, em Porto Alegre. EFE