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Cabal vai de desacreditado no tênis a campeão de duplas em Wimbledon

15/07/2019 18h19

Bogotá, 15 jul (EFE).- Dois dias depois de ter conquistado o primeiro título de Grand Slam na carreira na chave de duplas de Wimbledon, ao lado do compatriota Robert Farah, o colombiano Juan Sebastián Cabal revelou nesta segunda-feira, em meio às lágrimas, que esteve perto de desistir do tênis há 15 anos devido a uma lesão que o deixou longe das quadras por quase 24 meses.

"Choro um pouco, mas é que isso é muito. Há 15 anos, me diziam que não poderia voltar a jogar tênis, e hoje estou aqui com este troféu, com todos vocês e com muita alegria", disse Cabal em entrevista coletiva em Bogotá.

Em 2005, o tenista disputava o Challenger de Morelo quando sua perna ficou presa à quadra, um movimento que, segundo os médicos que o atenderam, rompeu o compartimento póstero-lateral do joelho e deslocou o menisco lateral. Para piorar, também rompeu o ligamento cruzado anterior, e o diagnóstico médico indicava que ele jamais voltaria a competir em alto rendimento.

Após a reconstrução do joelho, e depois de seis meses de reabilitação, o jogador precisou esperar um ano para voltar a pisar em uma quadra.

"Hoje em dia, não tenho 100% de mobilidade na minha perna. Foi uma história bastante dura, bastante longa, mas que se tivesse que escolher voltaria a vivê-la com um pé nas costas para poder viver isso (conquista de Wimbledon) outra vez", afirmou o tenista de 33 anos, que hoje assumiu ao lado de Farah a liderança do ranking mundial.

Após quatro horas e 56 minutos de uma final acirrada, os colombianos derrotaram os franceses Nicolás Mahut e Edouard Roger-Vasselin por 3 sets a 2, com parciais de 6-7(5), 7-6(5), 7-6(6), 6-7(5) e 6-3, e se tornaram os primeiros representantes do país sul-americano a vencerem um Slam.

Sobre a decisão de sábado, Farah destacou a intensidade da partida e enalteceu a força que ele e seu parceiro tiveram para reagir quando estiveram atrás no placar.

"Conseguir entrar em um quinto set da maneira como entramos, brigar da maneira como brigamos, lutar e nunca ter a dúvida de que poderíamos conseguir vencer é algo indescritível", destacou o tenista de 32 anos.

Cabal acrescentou que a disciplina foi o mais importante para que eles realizassem o sonho e acredita que agora a dupla pode chegar a novas conquistas.

"É verdadeiramente a disciplina e a entrega que colocamos, a inteligência que tivemos para detectar o que está certo e errado, o que deixar para trás e em que enfocar. Acho que não é fácil detectar, não é algo que se aprende facilmente, é um caminho", analisou.

Os campeões do Wimbledon também se referiram à Copa Davis, em que a Colômbia está no grupo D da fase final, com Bélgica e Austrália. "Representar o país é o mais especial que pode acontecer como atleta", enalteceu Cabal.

"Cabe a nós fazermos um bom calendário, chegar preparados, poder chegar todos bem a novembro, que é o mais importante. Depois, obviamente, queremos fazer história, queremos continuar vencendo jogos. Temos uma oportunidade, pelo menos vemos assim, de fazer boa Copa Davis", completou.

No topo do ranking, os dois tenistas sabem que há vários concorrentes de olho nesse posto, entre eles os brasileiros Marcelo Melo, atual quinto colocado da lista da ATP, e Bruno Soares, sétimo, que jogam ao lado do polonês Lukasz Kubot e o croata Mate Pavic, respectivamente. "O meu trabalho não vai mudar em nada, vou continuar fazendo o mesmo que venho fazendo durante anos", finalizou Farah. EFE