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Espanhol lembra salto de início humilde no hipismo a reconhecimento mundial

24/08/2019 13h42

José Miguel Pascual Labrador.

Roterdã (Holanda), 24 ago (EFE).- Um dos cavaleiros de adestramento mais reconhecidos no cenário internacional, o espanhol Claudio Castilla Ruiz, que conquistou vaga nos Jogos Olímpicos do ano que vem, em Tóquio, afirmou em entrevista à Agência Efe que encara as provas com o objetivo de "competir contra si mesmo para ser melhor em cada oportunidade" e lembrou a perseverança que teve, além do apoio dos pais, para vingar em um esporte onde não contava com tradição de família.

Castilla, de 36 anos, está em Roterdã, na Holanda, para a disputa do Campeonato Europeu Equestre, que termina amanhã. O espanhol, que ficou em 16º na final individual do adestramento, participará, com o alazão "Alcaide", da última rodada do Grande Prêmio Livre, conhecido como "kur".

A posição nesta competição, somada ao 24º lugar nos Jogos Equestre Mundiais em Tryon (EUA), no ano passado, lhe valeu uma vaga em Tóquio 2020, que será sua segunda vez em uma edição de Jogos Olímpicos. Em 2016, no Rio de Janeiro, ele ficou em 38º lugar no individual e em sétimo por equipes.

"É uma maravilha no momento em que te dizem que você está classificado (para os Jogos). Sempre se sente um frio na barriga quando se disputa uma competição, mas em uma desse nível é uma sensação diferente", afirmou.

Além de disputar provas, o espanhol tem vindo ao Brasil com frequência. Ele é um dos treinadores de Giovanna Pass, de 21 anos, já que é um dos principais especialistas em cavalos puro-sangue lusitano (PSL), do mesmo tipo usado pela jovem amazona, cuja mãe também é criadora da raça.

Castilla, por outro lado, não provém de uma família com tradição no mundo do hipismo, mas sua paixão pelos cavalos levou sua mãe a conseguir matriculá-lo, aos cinco anos, em uma escola da hípica de sua cidade natal, Jerez de la Frontera.

Durante a adolescência, ele alternava a presença na hípica com jogos de futebol, mas quando teve que escolher, a paixão falou mais alto, e ele não hesitou. Embora tenha começado a competir nos saltos, aos 10 anos fez a transição para o adestramento.

"Meus pais fizeram um esforço, compraram um cavalo, mas faltava ser adestrado. Infelizmente por um lado, mas felizmente por outro, o cavalo não servia para saltos. Então buscamos um cavaleiro para que o domasse um pouco mais, e aí eu mesmo comecei no adestramento", lembrou.

Como ele mesmo disse, Castilla foi "buscar a sorte com trabalho".

No primeiro ano em que tentou entrar para a Real Escola Andaluza da Arte Equestre, não foi admitido e teve que esperar o seguinte. A recompensa valeu muito a pena, segundo o cavaleiro, pois, pelos destino, foi lá que conheceu a esposa, Isabel, quem hoje o acompanha em cada torneio.

Quando se formou, Castilla se mudou para Madri e conheceu Jan Bemelmans, treinador da equipe espanhola de adestramento por muitos anos.

Depois de treinar no mais alto nível, ele ganhou um campeonato nacional e começou a carreira internacional.

Apesar da crença de que o hipismo é um esporte para pessoas de altíssimo poder aquisitivo, ele se deu conta de que, após começar a disputar provas com botas baratas, de borracha, estava representando a Espanha por todo o mundo.

Para Castilla, qualquer início de atividade, seja em qual for o setor, pode ser complicado, mas com "humildade para aprender, os pés no chão e sabendo apreciar os momentos que a vidá dá", é possível obter os resultados desejados.

Atual número 69 do ranking mundial, Claudio Castilla é um desses cavaleiros que poucas vezes perde o sorriso enquanto está montando, um gesto que o conecta com o público durante as apresentações e que, segundo sua opinião, "também deveria ser algo a ser avaliado por parte dos juízes para a nota".

A Federação Equestre Internacional (FEI) está vivendo um processo para atrair mais torcedores para as provas, e, para Castilla, uma das soluções pode ser justamente incentivar os cavaleiros e amazonas a perderem a "rigidez" nas apresentações.

"O trabalho diário é muito duro para todos, para os cavalos, os veterinários, os ajudantes. Portanto, quando estou em competição, gosto de transmitir um pouco mais de alegria, é o momento de desfrutar de todo o esforço", concluiu. EFE