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Lipe e Alex se unem a startup que desenvolve aplicativo para esporte amador

Lipe, Alex e Tato Eleutério, da Smart League - Arquivo pessoal / Luiz Felipe Fonteles
Lipe, Alex e Tato Eleutério, da Smart League Imagem: Arquivo pessoal / Luiz Felipe Fonteles

Carlos Padeiro

Do ESPORTE(ponto final), em São Paulo

26/10/2018 04h00

Oferecer aos esportistas amadores a mesma tecnologia utilizada por profissionais. Essa é a missão da Smart League, uma startup criada na cidade de Porto Ferreira, interior de São Paulo, para desenvolver um aplicativo que permite a atletas amadores ter acesso a benefícios e facilidades que fazem parte da rotina dos profissionais.

Nomes de peso do esporte nacional fazem parte do projeto. São eles: Luiz Felipe Fonteles, o Lipe do vôlei, que é o presidente da Smart League; Alex, ídolo de Coritiba, Cruzeiro e Palmeiras no futebol; e Carlos Kirmayr, tenista que defendeu o Brasil na Taça Davis e fez parte do circuito da ATP (Associação de Tenistas Profissionais) durante as décadas de 1970 e 80.

O aplicativo está disponível para download na modalidade tênis, mas a empresa trabalha na ampliação para outras 15 modalidades, entre elas o vôlei e o futebol, que terão Lipe e Alex como embaixadores, respectivamente.

"Acreditamos que o acesso à tecnologia dos torneios profissionais é um direito de todos os esportistas. O aplicativo facilita a organização de campeonatos e o armazenamento de dados estatísticos dos atletas de forma vitalícia. Além disso, possibilita a visualização de videoaulas, cria um ranking mundial e permite que jogadores agendem partidas em qualquer local do mundo", explica Lipe Fonteles.

Como Lipe e Alex conheceram o aplicativo

É curiosa a forma como Lipe chegou até a Smart League. Os filhos de Daniel Castellani, técnico do Vôlei Taubaté, jogam tênis, baixaram o aplicativo e mostraram para o pai. Castellani achou interessante e comentou com Lipe.

O atleta de 36 anos tem contrato com o Sesi até maio de 2019, mas já se dedica a novos projetos no esporte. É o presidente do Ribeirão Vôlei, time fundado no ano passado e que disputa pela primeira vez a elite da Superliga Masculina.

"Uma das ideias que eu tenho na gestão esportiva é atrelar o aplicativo da Smart League ao desenvolvimento das categorias de base do São Francisco Saúde/ Ribeirão Preto. Acredito que as federações e clubes vão utilizar a plataforma para fortalecer o esporte", declara o campeão olímpico pela seleção brasileira de vôlei. "É uma tecnologia extremamente disruptiva para o esporte. Quando tomei ciência do potencial de tudo o que o aplicativo oferece, não tinha como recusar o convite para fazer parte de um projeto tão ambicioso", declara .

Lipe mostrou o aplicativo da Smart League ao amigo Alex. O ex-camisa 10 é um entusiasta do tênis, pois sua filha Maria Mauad, de 14 anos, pratica a modalidade e disputa campeonatos organizados pela Confederação Brasileira de Tênis.

"O Alex é um cara reconhecido pela sua integridade no esporte e tem um nome muito respeitado, também por seu engajamento para melhorar o futebol. Apresentei a ele o aplicativo do tênis, e ele ficou encantado. Estamos conversando, e ele já topou ser o embaixador do futebol quando a plataforma estiver pronta", conta Lipe Fonteles.

Por um esporte mais inclusivo

CEO da Smart League, Tato Eleutério jogou tênis profissionalmente e no nível amador, assim como já atuou na gestão de torneios profissionais, quando trabalhava na Federação Paulista de Tênis, e de torneios amadores.

Tato diz que, durante essa trajetória, percebeu como é difícil organizar competições no nível amador. A tecnologia à disposição do atleta que é profissional passa longe de quem não é. E paga-se caro para participar de torneios e estar ranqueado entre os "federados" (aqueles atletas filiados às federações).

"A partir de pesquisas que realizamos na Federação Paulista há cinco anos, vimos que 99% dos tenistas são amadores. Ou seja, a tecnologia está à disposição de apenas 1% dos atletas. Isso me incomodava muito. Não contente com esse ambiente excludente, passei a procurar soluções", comenta.

"Organizar um torneio sob a tutela da federação custa 9 mil reais para o gestor, seja ele uma liga ou um clube. Já o atleta tem que pagar 100 dólares (cerca de R$ 400) anualmente para se filiar à federação, além das taxas de inscrição dos torneios que participa. O benefício que ele ganha é apenas fazer parte do ranking. É muito pouco, e são preços que dificultam o acesso da maioria dos esportistas. O tênis é mais organizado, mas há modalidades em que o cenário é ainda pior", acrescenta.

A experiência na gestão esportiva o fez idealizar uma tecnologia que facilitasse o trabalho de quem organiza os torneios amadores e de quem joga competitivamente. Tato deixou a Federação Paulista de Tênis e investiu quatro anos no desenvolvimento da Smart League.

O aplicativo permite ao tenista amador o acesso ao histórico de seus resultados e a um ranking mundial. Ligas amadoras têm a opção de organizar digitalmente os seus torneios, e não mais de forma manual, e os resultados dos jogos podem ser acompanhados à distância. Essas são algumas das funcionalidades, disponíveis para qualquer praticante de tênis, inclusive quem joga apenas por lazer e não representa clubes ou ligas.

Quando o aplicativo ganhou corpo, Tato passou a procurar esportistas reconhecidos nacional e internacionalmente. Um deles foi Carlos Kirmayr. "Sou técnico e organizador de torneios de ligas, de clubes e de academias de tênis. Posso dizer que o aplicativo economiza dinheiro e tempo ao gerir todo procedimento de comunicação com os atletas, como horários de jogos e de treinos, tabela de campeonato... É bastante completo e vai preencher uma lacuna no mercado, pois é algo que não existia mundialmente. O resultado é o fortalecimento do esporte amador", opina o ex-jogador da ATP.

O argentino Fabian Blengino, ex-tenista profissional e atual técnico de Thiago Monteiro, número 1 do Brasil na modalidade, também compõe o time da Smart League. "O aplicativo é uma revolução para o tênis amador. Acredito que ele ajudará o tênis a se tornar mais popular, revelando mais jogadores de alto nível".

Criptomoedas

O aplicativo do tênis já está pronto. Entretanto, a Smart League precisa de dinheiro para recuperar o investimento realizado e para desenvolver a solução para as outras modalidades.

Por indicação de Lipe Fonteles, a startup aderiu às criptomoedas, e a plataforma foi desenvolvida na blockchain da empresa japonesa NEM. Uma oferta inicial de moeda (ICO, na sigla em inglês) da Smart League foi iniciada nesta semana, com o objetivo de arrecadar 16 milhões de dólares (cerca de R$ 60 milhões).

"A criptomoeda Podium será a moeda oficial para o pagamento das funcionalidades oferecidas pelo aplicativo de tênis e pelos aplicativos de outras modalidades que serão lançados futuramente. É uma tecnologia que garante a segurança dos dados", finaliza Lipe Fonteles.

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