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Apesar de lixo, COI ainda acredita em despoluição da baía de Guanabara

Das agências internacionais, no Rio de Janeiro

21/03/2014 17h40

Apesar de algumas partes da baía de Guanabara parecerem mais um esgoto a céu aberto do que o palco das provas de vela dos Jogos Olímpicos de 2016, o Comitê Olímpico Internacional (COI) garantiu nesta sexta-feira que ainda acredita na promessa das autoridades brasileiras de entregar o local limpo para a Olimpíada.

Ambientalistas e velejadores têm alertado que será difícil limpar a raia olímpica dentro do prazo diante da situação atual, em que o lixo se acumula tanto nas águas quanto nas margens da baía. Mesmo assim, o local vai receber em agosto o primeiro evento-teste oficial dos Jogos.

"Posso assegurar e fomos assegurados que a baía de Guanabara terá os detritos removidos e os atletas terão toda segurança", disse Nawal El Moutawakel, presidente da comissão de coordenação do COI, no encerramento da 6a visita de inspeção à cidade.

"Esperamos que garantias dadas sejam cumpridas", acrescentou, numa demonstração de confiança no governo apesar das promessas não cumpridas pelas autoridades brasileiras no que se refere à organização da Copa do Mundo, com destaque para os atrasos nas entregas de quase todos os estádios.

Na proposta de candidatura para organizar os Jogos Olímpicos, apresentada em 2009, o Rio dedicou um capítulo exclusivo ao legado ambiental que o evento deixaria para a cidade. Descrita como "um dos principais símbolos naturais do Rio", a baía de Guanabara seria alvo de um projeto de despoluição que estabeleceria "um novo patamar de preservação da qualidade das águas para as próximas gerações".

A realidade, no entanto, está bem distante disso.

Um recente passeio de barco feito pela reportagem da Reuters pela águas de um dos mais famosos pontos turísticos da cidade revelou o tamanho do desafio que as autoridades e os organizadores terão pela frente para melhorar a situação a tempo para a Olimpíada. De sofás e eletrodomésticos a incontáveis pedaços de madeira e sacos plásticos, há todo tipo de lixo, sem falar no odor do esgoto.

Se houver problemas com o lixo no evento-teste que acontecerá em agosto, o COI poderá pensar em alternativas, segundo o diretor de Jogos Olímpicos, Gilbert Felli.

De acordo com o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do comitê organizador dos Jogos de 2016, Carlos Arthur Nuzman, os Jogos e o evento-teste não serão prejudicados pela poluição porque os locais de competição não conflitam com as áreas mais sujas.

(Por Pedro Fonseca e Rodrigo Viga Gaier)