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Follmann aparece caminhando sem apoio pela primeira vez

Follmann - Paulo Whitaker/Reuters - Paulo Whitaker/Reuters
Imagem: Paulo Whitaker/Reuters

Da Reuters, em São Paulo

21/02/2017 18h13

Quase três meses depois de sobreviver ao acidente com o avião da Chapecoense, o goleiro Jackson Follmann vibra ao conseguir fazer tarefas simples do cotidiano, já caminha com a ajuda de uma prótese e garante que nunca deixará o esporte.

Um dos seis sobreviventes da tragédia na Colômbia, Follmann foi o que mais se feriu. Teve lesão cervical, perdeu parte da perna direita, sofreu uma contusão grave na perna esquerda, além de 11 fraturas pelo corpo. Após a colocação de uma prótese, ele está voltando a caminhar e já consegue andar sem muletas.

"Hoje eu fico feliz pela resposta que meu corpo está me dando. Sinto bastante dor no pé esquerdo e no pescoço, pelas contraturas que tenho. Perdi muita massa muscular, 11 quilos, e agora é um processo de reabilitação", disse Follmann em entrevista à Reuters nesta terça-feira, em São Paulo, onda faz a revisão da prótese.

"Os primeiros dias foram difíceis porque não era acostumado com isso, meu corpo estranhou um pouco, mas me adaptei rápido. Agora estou caminhando bem, a prótese está bem confortável."

Com 24 anos, Follmann continua morando em Chapecó, onde faz fisioterapia em dois períodos no clube em que jogava. Ele contou que a recuperação está focada no pé esquerdo, que ainda tem "lesões graves".

"Estou muito feliz, está correndo tudo bem... A gente está numa boa evolução, mas respeitando o corpo", afirmou ele.

"Meu sonho depois do acidente era voltar a caminhar, sair com a minha noiva, com meus pais, tomar um chimarrão. Poder escovar os dentes sozinho, tomar banho sozinho, essas coisas simples que a maioria das vezes a gente não dá valor", completou.

Follmann era o goleiro reserva da Chapecoense e viajava para Medellín para a primeira partida da final da Copa Sul-Americana, no final de novembro, quando o avião operado pela companhia boliviana LaMia caiu. Morreram no acidente 71 pessoas. Investigações apontam para a falta de combustível como causa da tragédia.

"Tenho uma lembrança ruim de quando eu acordei depois do acidente. Estava muito escuro, chovia, eu estava com muito frio. Minha perna estava amortecida. É uma lembrança muito triste, mas eu quero sempre levar comigo as lembranças boas que tive com meus irmãos que partiram", disse o goleiro.

Os outros dois jogadores que sobreviveram, Neto e Alan Ruschel, se recuperaram bem e "estão correndo, já estão fazendo academia", de acordo com Follmann.

Saudade

O time da Chapecoense foi completamente refeito para a temporada e tem sido acompanhado de perto por Follmann, que costuma assistir aos jogos. Ele, no entanto, admite que a emoção é grande quando ele vê o gramado.

"Tudo o que eu sabia fazer era jogar futebol. Quando vejo jogos dá uma saudade muito grande, mas tudo tem um por quê", disse.

Concentrado na recuperação, Follmann ainda não sabe o que fará no futuro. A única certeza é que será dentro do esporte.

"Ainda é cedo para pensar o que vou fazer, porque sou uma pessoa que foca bastante na recuperação. Pretendo me recuperar bem. Mas claro que o esporte eu não vou largar nunca. Sou um atleta, não me vejo como ex-atleta e sim como atleta, vou estar sempre praticando esporte, vou ver as modalidades que se encaixam melhor para mim", afirmou.

"Meu sonho é poder continuar tocando a vida, ter minha família, filhos. Deus me deu essa segunda chance de viver."