Advogado argentino citado em julgamento de caso Fifa comete suicídio, diz polícia
FUT-ARGENTINO-SUICIDIO:Advogado argentino citado em julgamento de caso Fifa comete suicídio, diz polícia
BUENOS AIRES/NOVA YORK (Reuters) - Um ex-advogado argentino de um programa de TV futebolístico do governo se jogou na frente de um trem em Buenos Aires e morreu na noite de terça-feira, horas após ser acusado em tribunal em Nova York de ter recebido propinas, informou a polícia.
Jorge Delhon, advogado do programa Futebol para Todos, recebeu propinas do final de 2011 até 2014, de acordo com testemunho do ex-chefe da companhia de marketing esportivo Torneos y Competencias, Alejandro Burzaco, segundo registros da transcrição do tribunal vistos pela Reuters.
O maquinista do trem disse à polícia que o homem posteriormente identificado como Delhon, de 50 anos, correu ao lado dos trilhos em Lanús, Buenos Aires, informou o departamento de polícia local em comunicado, chamando a morte de suicídio. O maquinista buzinou e tentou frear, mas o homem foi atropelado, segundo o comunicado.
A Reuters não conseguiu entrar em contato com a família de Delhon para comentários ou confirmar de forma independente se a morte foi um suicídio.
Javier Saldias, também ex-advogado do Futebol para Todos e que disse à Reuters ter sido amigo de Delhon, afirmou que Delhon era “um pai exemplar. Ele amava sua família”.
Burzaco testemunhou durante um julgamento de corrupção nos Estados Unidos de três ex-dirigentes do futebol que grandes empresas da mídia haviam pago propinas para assegurar direitos televisivos para partidas de futebol. O testemunho aconteceu durante o primeiro julgamento a ser realizado da investigação nos EUA sobre subornos envolvendo a Fifa.
Entre os três ex-dirigentes está o ex-presidente da CBF José Maria Marin.
Em seu testemunho em tribunal federal no Brooklyn, Burzaco descreveu propinas pagas para diversas autoridades internacionais do futebol, incluindo o ex-presidente da Associação Argentina de Futebol e dirigente da Fifa Julio Humberto Grondona, que morreu em 2014.
Futebol para Todos, um programa gratuito criado pela ex-presidente argentina Cristina Kirchner, levou partidas da primeira divisão para lares do país obcecado por futebol e era emblemático em suas políticas populistas.
O presidente de centro-direita Mauricio Macri, ex-presidente do Boca Juniors e que assumiu em dezembro de 2015, fez um acordo com a associação local de futebol para rescindir o contrato, conforme buscava cortar subsídios do governo.
Em março, divisões das companhias midiáticas norte-americanas Twenty-First Century Fox e Time Warner venceram um contrato conjunto para transmitir partidas de futebol da Argentina por cinco anos a partir da próxima temporada.
(Reportagem de Jorge Otaola, Eliana Raszewski e Luc Cohen, em Buenos Aires, e Brendan Pierson, em Nova York)
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