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Ex-dirigente peruano é absolvido em julgamento sobre corrupção na Fifa

Manuel Burga foi acusado de de receber propinas em troca de valiosos contratos de marketing e de direitos de transmissão - Por Jan  Wolfe
Manuel Burga foi acusado de de receber propinas em troca de valiosos contratos de marketing e de direitos de transmissão Imagem: Por Jan Wolfe

Da Reuters,

26/12/2017 14h23

FUT-PERUANO-ABSOLVIDO:Ex-dirigente peruano é absolvido em julgamento sobre corrupção na Fifa

Por Jan Wolfe

(Reuters) - O ex-presidente da Federação Peruana de Futebol Manuel Burga foi absolvido nesta terça-feira da acusação de associação ilícita por um júri em Nova York no caso envolvendo episódios de corrupção na Fifa, entidade que comanda o futebol mundial.

Burga foi acusado ao lado de Juan Ángel Napout, ex-presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) e da federação paraguaia, e de José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), de receber propinas em troca de valiosos contratos de marketing e de direitos de transmissão de eventos internacionais de futebol.

Os três foram os primeiros a serem julgados devido a acusações feitas por procuradores dos Estados Unidos em 2015, parte de investigações sobre a Fifa.

Napout e Marin foram condenados por vários crimes na sexta-feira, após um julgamento de cinco semanas em um tribunal federal no bairro do Brooklyn, em Nova York. Na ocasião o júri declarou não ter chegado a um consenso quanto à única acusação contra Burga.

Falando aos repórteres diante da corte depois da leitura do veredicto, Burga, de 60 anos, disse que o processo criminal foi uma provação para seus familiares e que está ansioso para passar algum tempo com eles no Peru.

O advogado de Burga, Bruce Udolf, disse que o veredicto foi a "coisa certa a fazer", mas que acreditou que seu cliente seria condenado porque uma pergunta feita pelo júri deu a entender que este estava se inclinando para a acusação.

Os procuradores norte-americanos acusaram 42 pessoas e entidades no caso, ao menos 24 das quais se declararam culpadas. Várias delas testemunharam para os procuradores no julgamento, denunciando uma corrupção que vai muito além dos réus em questão.

Em novembro Alejandro Burzaco, ex-diretor da empresa argentina de marketing esportivo Torneos y Competencias, disse aos jurados que pagou propinas aos três réus para garantir os direitos de transmissão de partidas, inclusive da Copa América e da Copa Libertadores. Burzaco assumiu a culpa e concordou em cooperar com os procuradores.

Burzaco afirmou que a Fox Sports, o Grupo Televisa do México e a Rede Globo pagaram propinas pelos direitos de transmissão de jogos. A Fox e a Globo negaram envolvimento com o pagamento de propinas, e a Televisa não quis comentar depois do depoimento de Burzaco.

Burzaco também disse que o Catar subornou autoridades da Fifa para sediar a Copa do Mundo de 2022. Hassan al-Thawadi, secretário do Supremo Comitê de Cumprimento e Legados do Catar, que organiza o evento, negou todas as alegações.

Santiago Peña, ex-gerente financeiro da empresa argentina de marketing esportivo Full Play, mostrou ao júri uma planilha detalhando o que disse terem sido pagamentos a oito dirigentes da Conmebol, incluindo Napout e Burga.