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Brasil conquista primeiro título mundial feminino na vela olímpica

Do UOL, em São Paulo

21/09/2014 13h06

O Brasil é uma potência na vela mundial, mas, até este domingo, nenhuma mulher tinha conquistado, em classes olímpicas, o torneio mais importante da temporada. Para mudar essa história, foi necessário que o sobrenome mais famoso da modalidade por aqui entrasse em ação.

Martine Grael, filha do cinco vezes medalhista olímpico Torben Grael, é a nova campeã mundial da classe 49erFX. Ao lado de Kahena Kunze, ela venceu o Mundial da Isaf, disputado em Santander, na Espanha. É a primeira vez que uma dupla feminina vence um mundial adulto em uma classe olímpica. As duas já tinham o melhor resultado do gênero, o segundo lugar do ano passado, na França.

Em Olimpíadas, o melhor resultado até hoje é o bronze de Fernanda Oliveira e Isabel Swan, na classe 470, nos Jogos de Pequim-2008. Em Mundiais, porém, o melhor resultado da dupla foi um quarto lugar no Mundial de 2006, em Rizhao, também na China.

O título de Martine e Kahena coroa a melhor temporada de um brasileiro, homem ou mulher, em 2014. Elas chegaram ao campeonato espanhol como as líderes do ranking mundial, vencendo quatro das sete regatas que disputaram até agora – desde que a classe 49erFX foi confirmada nas Olimpíadas, elas disputaram 16 campeonatos, vencendo 8 (e a pior colocação, até agora, foi um sexto lugar em 2013, na etapa de Mallorca da Copa do Mundo).

Campeonato difícil, com virada no final

Para chegar ao primeiro lugar, Martine e Kahena precisaram ultrapassar suas rivais, as dinamarquesas Isa Nielsen e Marie Olsen na última regata. Elas chegaram atrás dois pontos e, na regata final, que vale em dobro, ficaram uma posição à frente das rivais – 3º x 4º. As duas duplas terminaram empatadas em pontos, mas as brasileiras levaram a melhor pelos critérios de desempate: vence quem chegou antes na Medal Race.

As dinamarquesas, inclusive, chegaram a montar a primeira bóia na frente das brasileiras. “Foi difícil, pois o vento estava bastante rondado, mas sabíamos tudo o que estávamos fazendo,”, disse Martine. “Foi muito bom disputar esta regata com tanta gente torcendo por nós. Foi emocionante”, completou Kahena.

As brasileiras ficaram entre as primeiras colocadas desde o início das regatas, mas todo o campeonato foi prejudicado pelas condições de vento do local. Nos primeiros dias, sem condições para a realização das regatas, o cronograma acabou atrasado. Nos últimos dois dias, cinco provas foram realizadas, aproveitando a melhora no vento.

O ouro na 49erFX foi a única medalha brasileira no Mundial da Espanha. Antes, Robert Scheidt terminou em quinto lugar na classe Laser – ele tinha sido campeão mundial em 2013. Nenhum outro velejador do país chegou à Medal Race de suas classes, que reúne os dez melhores das séries de classificação.