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Chefe da vela no Brasil vê interesse estrangeiro em críticas à Guanabara

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

16/04/2015 17h11

As críticas de estrangeiros quanto à situação da raia olímpica de vela da Baía de Guanabara não são imparciais, segundo o presidente da CBVela (Confederação Brasileira de Vela), Marco Aurélio de Sá. Para ele, atletas de ponta que virão ao Rio de Janeiro disputar uma medalha em 2016 reclamam da condição das águas cariocas pois têm interesse de transferir as competições olímpicas para outro local.

"Eles querem tirar a regata da baía pois em mar aberto eles levam vantagem", disse Sá, nesta quinta-feira (16). "Austrália, França e Reino Unido. Toda reunião da federação internacional, eles tentam transferir as competições para outro lugar. Mas não vão conseguir. Há zero problema na baía como um local de competição."

Sá reconhece que a Baía de Guanabara é poluída. Disse que gostaria que um programa de limpeza mudasse essa situação. Frisou, porém, nada impede que uma competição olímpica de vela aconteça hoje nos locais já designados para as regatas da Rio-2016.

Segundo ele, todo as queixas públicas de velejadores estrangeiros sobre à Guanabara fazem parte de um jogo de interesses. "Os estrangeiros são mais rápidos. Eles querem competir em mar aberto", explicou Sá. "Na baía, a regata é como uma corrida de carro em Mônaco debaixo de chuva. Os melhores vencem, e os brasileiros são melhores."

O presidente da CBVela disse que entende que velejadores brasileiros reclamem da Guanabara pois eles querem o melhor para o espaço como cidadãos. Ele disse, porém, que teme que as entrevistas dos atletas nacionais engrosse o coro de alguns países por uma mudança no local de competição de vela na Rio-2016.

"Já avisei o Torben e a Marine Grael que toda entrevista que eles dão sobre a baía causa uma crise. São 50 e-mails que eu tenho que disparar para apaziguar," contou. "Eles estão no direito deles. Mas eu quero é que os atletas estejam focados nas competições."

O presidente da CBVela afirmou que o Brasil competirá nos Jogos de 2016 com a melhor equipe de vela de sua história. Para ele, focados, esses atletas têm condição de conquistar um "balde" de medalhas para o país.

Após essas conquistas, ele acredita que os velejadores ganharão ainda mais força política para reivindicar uma solução definitiva para a Guanabara. Sá só lamentou que a oportunidade olímpica de despoluição do espaço tenha sido perdida.

"Os atletas brasileiros reclamam porque veem a Olimpíada como uma oportunidade de limpeza da baía. Mas essa oportunidade já foi perdida", disse. "Não podemos brigar contra a realidade. A realidade é essa."