Otávio Mesquita deleta lado engraçado por auge como piloto aos 52 anos
O espectador da TV brasileira identifica facilmente Otávio Mesquita como aquele apresentador divertido que aparece em nossas telinhas nas madrugadas há mais de duas décadas. Mas, na vivência do automobilismo, sua grande paixão, o jornalista prefere descansar o famoso lado bem humorado para tirar proveito de seu melhor momento como piloto, aos 52 anos.
Otávio Mesquita brinca com o filho Pietro em casa, bem ao lado de réplica de capacete de Senna
Há poucas semanas Otávio comemorou em Santa Cruz do Sul (RS) sua primeira vitória na Itaipava GT Brasil (classe GT4), categoria de turismo em que anda com uma Ferrari Challenge, um ícone das pistas.
"Não sou humorista, sou um cara de humor acima da média. No começo as pessoas brincavam muito, mas hoje elas me respeitam na pista. Quando ponho capacete, tenho meu ritual de concentração, eu falo: ‘Não conversa comigo’. Fico imaginando a largada, a pista, a estratégia de defesa, de ataque. Até aquele momento, posso até fazer careta, brincar com as pessoas. Mas depois sou piloto. E sou um piloto encardido para passar, não dou mole", afirma o apresentador.
Otávio tem o mundo da velocidade como grande paixão desde criança, quando sonhava em ser um piloto da Fórmula 1. Na juventude, o futuro apresentador costumava ir com os amigos de Kombi para Interlagos para ver Emerson Fittipaldi e outros ídolos da época.
CURRÍCULO NAS PISTAS
1989 a 1991 – Fórmula 200 – Melhor colocação: 4° lugar |
1993 a 1996 – Fiat Uno – Melhor colocação: 7° lugar |
1997 – Copa Clio – Melhor colocação: 5° lugar |
2001 a 2003 – Fórmula BMW – Melhor colocação: 2° lugar |
2001 a 2004 – Mil Milhas – Vencedor da GT3 por duas vezes |
2005 a 2007 – Stock Car Light – Melhor colocação: 8° lugar |
2005 a 2010 – Porsche Cup – duas vitórias; 3° lugar em 2006 |
2011 – GT4 – Vitória na etapa de San Cruz do Sul (RS) |
"Obviamente não deu para ser piloto, era de uma família humilde, comecei a trabalhar com 11 anos, como empacotador em um supermercado. Mas tinha um plano B, que era ser famosinho. Algo que está dando certo. E aí, através disso, consegui começar a correr", relata.
Com as condições oferecidas pelo êxito na TV, Otávio começou a correr em 1989, na Fórmula 200, uma espécie de kart mais desenvolvido. Depois passou por uma série de categorias, até conseguir, em 2005, um lugar na Stock Light, divisão de acesso da Stock Car. Hoje anda na GT4, com um rol de patrocinadores pessoais, que tornam sua paixão sustentável. "O automobilismo representa 27% do meu faturamento", diz.
Na etapa de Santa Cruz do Sul, Otávio conseguiu sua primeira vitória numa categoria importante graças a uma ultrapassagem no fim sobre Cristiano Frederico. Nas últimas curvas, o apresentador se lembrou dos sonhos de criança com o automobilismo, da amizade com Ayrton Senna e caiu no choro.
"Era amigo dele [Senna], tínhamos uma relação um pouco mais íntima. Uma vez disse que no dia que eu ganhar uma corrida, iria dedicar o troféu para ele. Até já tinha ganhado duas vezes com Porsche, mas não lembrei dessa história. Não é fácil, só tem molecada lá, eu tenho 52 anos. Sempre quis saber o que se passa na cabeça nesta hora. Hoje eu sei. E aí comecei a chorar da metade para o fim da última volta, quase perco a concentração e me estrepo", conta o apresentador do programa Claquete.
SOUVENIR DE FÃ: UM F-1 NA PAREDE DE CASA
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Quem ama o mundo da velocidade sabe o fascínio que representa ver de perto um carro de Fórmula 1. Como apaixonado por automobilismo que se preza, Otávio Mesquita deu um jeito de estar perto do objeto de sua adoração em algumas oportunidades. Quando completou 40 anos, ao invés de fazer uma festança, o apresentador da Band resolveu gastar um dinheiro a mais em um presentinho especial para si mesmo. Otávio conseguiu alugar uma Renault e foi à França para dar 15 voltas com ela no circuito de Magny-Cours. Depois disso, a meta seguinte do jornalista era ter um F-1 dentro da própria casa. E a oportunidade surgiu quando um engenheiro da Jordan resolveu vender um modelo usado por Giancarlo Fisichella após ganhar uma disputa judicial com a equipe. "Acabei adquirindo um carro que era dele (Fisichella), sem motor e câmbio. Quando estava montando a casa, falei para o arquiteto que queria o carro em uma parede de 12 metros. E era um carro que havia ganho o GP Brasil de 2003", afirma. |
GAFE NA VOLTA DE APRESENTAÇÃO
Nos anos 90, ainda iniciando em categorias de destaque, Otávio foi convidado para correr no campeonato de Fiat Uno. O apresentador então patrocinado pela montadora partiu da última posição. Na volta de apresentação, largou como se estivesse valendo, passando todo mundo. "Pensei: 'Será que a Fiat colocou um turbo aqui no meu carro?'. Foi uma estreia desastrada". |
MORTES MARCAM CARREIRA DE MESQUITA
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Dois acidentes fatais marcaram a vivência de Otávio Mesquita no automobilismo, segundo o piloto. O primeiro deles aconteceu em 2007, quando Rafael Sperafico, então seu companheiro de equipe na Stock Light, morreu após colisão com outro carro. "Eu perdi o Sperafico, da minha equipe. Eu estava naquela batida, na confusão, era o carro 51, dá para ver se você procurar na internet. Aquela corrida foi maluca. Eu larguei em 18º lugar e naquela hora estava em 8º, só desviando das porradas", recorda. Naquele ano, Otávio também tinha como companheiro de equipe o piloto Gustavo Sondermann, seu amigo que morreu em um acidente em abril passado, na Copa Montana. Marcado pela perda de jovens amigos, o apresentador hoje se define como um piloto de cautela. "Sou super conservador, não arrisco a minha vida. Não faço isso para provar nada para ninguém, faço por prazer. Nunca bati nem essa Ferrari, já estou há mais de um ano com ela", diz. |
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