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Fã de Vettel, filho de Barrichello usa "dicas valiosas" do pai em estreia

Rubens Barrichello ao lado do filho Dudu nos Estados Unidos - Rafael Munhoz/Divulgação
Rubens Barrichello ao lado do filho Dudu nos Estados Unidos Imagem: Rafael Munhoz/Divulgação

Thiago Rocha

Do UOL, em São Paulo

18/05/2018 04h00

Aos 16 anos, Eduardo Barrichello leva uma vida de estudante, mas já encaixou compromissos profissionais à rotina. Desde abril, o filho de Rubens Barrichello iniciou a carreira de piloto, enfileirando-se no grid da Fórmula 4 dos Estados Unidos. O indício de que poderia seguir nos esportes a motor não surpreende, mas ficou evidente no fim de 2017, quando o garoto competiu (e venceu) as 500 Milhas de Kart da Granja Viana na mesma equipe do pai.

A bordo do carro da equipe DC Motosports, e com um patrocinador para custear o investimento de US$ 220 mil (R$ 814 mil na cotação do dia) para correr a temporada completa na categoria norte-americana, Dudu realizou testes coletivos e participou das duas etapas iniciais. Em Aton, no fim de abril, obteve um 13º como melhor colocação nas três provas do fim de semana. Em Atlanta, na semana passada, alcançou oitavo e nono lugares, somando seis pontos, os primeiros no campeonato. A próxima rodada tripla ocorrerá em Lexington, de 28 de junho a 1º de julho. 

É uma vida nova, ainda repleta de incertezas. Por isso, o filho mais velho de Barrichello prefere colher os frutos primeiro para não frustrar expectativas, ainda mais com o peso de carregar um sobrenome famoso, cravado na história da Fórmula 1 como o que mais disputou corridas na categoria (Rubens participou de 322 GPs em 19 temporadas). Para isso, usufrui da experiência do pai para moldar o seu caráter como piloto.

"Eu não diria que tenho só uma dica valiosa que o meu pai me deu. Diria que todas as dicas que ele me dá são valiosas, mas talvez a principal seja ter o foco na coisa certa, saber que você está lá porque ama, confiar no trabalho e não importa o que as pessoas falam, sempre ir para o que você quer e fazer acontecer", resume o jovem piloto ao UOL Esporte.

Dudu Barrichello - Rafael Munhoz/Divulgação - Rafael Munhoz/Divulgação
Dudu Barrichello em ação na Fórmula 4 norte-americana
Imagem: Rafael Munhoz/Divulgação

"Muitas pessoas falam do sobrenome para mim, se eu fico pressionado ou não. Na verdade, não fico pressionado. Estou lá porque quero, não tem nada a ver com o meu pai, e toda vez que estiver na pista eu vou dar tudo o que tenho. No lugar que chegar, pode ter certeza de que dei tudo o que tinha. As minhas expectativas para este primeiro ano logicamente não são altas, mas também não podem ser baixas. Não adianta treinar se não acreditar, você não vai a lugar nenhum", diz Dudu, que prefere ser chamado pelo apelido familiar. "Acho um pouco mais amigável do que Eduardo", explica.

Rubens é a principal referência como piloto, mas não a única. Ele também admira o alemão Sebastian Vettel, quatro vezes campeão da Fórmula 1 e atualmente piloto da Ferrari. "Tirando o meu pai, gosto muito do Vettel. Muito arrojado. Se alguém deixar um espacinho, ele vai passar. Piloto muito rápido, muito constante, bastante experiência, sabe muito o que está fazendo."

Quem segue Rubens Barrichello nas redes sociais percebe o brilho no olhar do pai quando o assunto das fotos e vídeos compartilhados é o início de carreira de Dudu. Mas nem sempre foi assim. Não que houvesse proibição ou falta de estímulo. O filho confessa que, por alguns anos e de forma quase inconsciente, Rubinho e a esposa, Silvana, tentaram ignorar o interesse do adolescente pelo automobilismo.

"Eles não tentaram me impedir, principalmente o meu pai, mas também não é que ele falava: 'Vamos aí, Dudu'. Tanto que, quando eu tinha 6 anos, ele me deu um kart, andei uma ou duas vezes, e nunca mais pedi. Fiquei uns dois, três anos parado. Depois de um tempo, eu que fui pedir a ele. Ele tentou me enrolar um pouquinho... Não diria que ele me impediu, mas demorou para devolver o meu kart", conta.

O discurso de Dudu Barrichello é de "deixar acontecer naturalmente". Ter um primeiro ano de experiência e avaliar possibilidades e o desenvolvimento como piloto na F-4 norte-americana. Mas é inevitável relacioná-lo a um desejo de estar na Fórmula 1 futuramente. Como lidar com o dilema entre expectativa e realidade é ponto-chave em sua temporada de estreia, avalia o jovem.

O que está claro para Dudu é a preferência por monopostos. Antes de fechar para correr nos Estados Unidos, ele testou a Stock Car Light. Gostou do carro de Turismo, mas não priorizou a categoria nacional. "Logicamente, a Fórmula 1 é um sonho", destaca. "Hoje em dia é difícil, o dinheiro que precisa é muito alto", pondera.

Um susto que uniu ainda mais a família

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O projeto de estrear como piloto quase precisou ser interrompido de forma trágica. No fim de janeiro, Rubens Barrichello passou mal em casa e ficou internado com suspeita de AVC (Acidente Vascular Cerebral). Em abril, durante entrevista ao programa "Conversa com Bial", da Rede Globo, ele revelou que o problema era mais grave, arriscando a sequência da carreira. Exames de imagem detectaram a presença de um tumor no pescoço, retirado em cirurgia.

O assunto não mexe apenas com os sentimentos do pai, que se emociona sempre que toca no assunto publicamente. Dudu ressalta, no entanto, que o susto uniu ainda mais a família e fez o pai desfrutar a vida de outra forma.

"Infelizmente, a nossa família passou por um enorme susto. Diria que foi o maior susto da minha vida. Isso me afetou bastante, tanto na escola quanto no kart. Fiquei muito preocupado, muito triste. Foi difícil, mas graças a Deus ficou muito bem. Meu pai saiu de uma forma diferente de lá, dando mais valor à vida, ao que realmente precisava e pronto para outra", conta.