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Sucessor de Bernardinho deixou profissão para cuidar de filho com câncer

Renan Dal Zotto - novo técnico da seleção masculina de vôlei - CBV/Divulgação
Renan Dal Zotto - novo técnico da seleção masculina de vôlei Imagem: CBV/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

12/01/2017 04h00

Novo treinador da seleção brasileira de vôlei masculino, Renan dal Zotto, 56, não comanda uma equipe desde dezembro de 2008. Durante a estiagem, contudo, nunca se distanciou do esporte: trabalhou com clubes de futebol (Figueirense e Guarani de Palhoça), foi diretor de marketing da farmacêutica Cimed, que investia de forma consistente no segmento, e esteve na própria CBV (Confederação Brasileira de Voleibol) como diretor de marketing e de seleções. O curioso é que a experiência dele em cargos de gerência começou por um drama pessoal: Gianluca, filho mais novo de Renan, foi diagnosticado com leucemia linfática aguda e precisava de tratamento urgente.

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Ex-jogador de sucesso, Renan havia começado a trabalhar como treinador em 1993, quando assumiu o Palmeiras/Parmalat. Migrou em 1995 para o Frigorífico Chapecó, time que dirigiu por quase dois anos.

Foi nessa época que aconteceu o diagnóstico de Gianluca. “Foi como se tirassem seu chão ou puxassem seu tapete. Foi muito dolorido”, relatou Renan em entrevista à “RBS TV”. “Eu era treinador de um time de Chapecó, e um grande amigo, o Plínio David de Nes, transferiu toda a equipe para São Paulo para que eu pudesse acompanhar o projeto e cuidar do meu filho”, completou.

Gianluca (primeiro à esquerda), filho de Renan Dal Zotto, lutou contra um câncer nos anos 1990 - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Gianluca (primeiro à esquerda), filho de Renan Dal Zotto, lutou contra um câncer nos anos 1990
Imagem: Reprodução/Instagram

Gianluca passou por 42 transfusões de sangue. Foram quatro anos de tratamento e internações, e na reta final o pai foi obrigado a fazer mais uma mudança: “Parei com a atividade de treinador e decidimos escolher um lugar para nos estabelecer. Escolhemos Floripa [Florianópolis]”.

Na capital catarinense, Renan assumiu a função de gestor de esportes da Unisul. Essa foi a primeira experiência consistente do ex-jogador em um cargo diretivo, e o trabalho abriu caminho para iniciativas similares. Depois daquele hiato, o novo comandante da seleção só voltou a ser técnico no Sisley (Itália, de 2007 a 2008) e na Cimed (entre 2005 e 2007, período em que acumulou o trabalho de quadra e a gestão do projeto esportivo da empresa).

A experiência em funções gerenciais foi a porta de entrada para Renan na CBV. O atual treinador da seleção masculina foi contratado pela entidade em 2014 para assumir o marketing, e no ano seguinte migrou para a direção de seleções. Conviveu diretamente com Bernardinho, que dirigiu o time nacional por 16 anos e saiu depois de ter obtido o ouro nos Jogos Olímpicos Rio-2016.

“Hoje me sinto muito à vontade. Quando veio o convite, na hora subiu aquele frio na barriga. Minha esposa me perguntou se eu me sentia na condição de assumir, e eu disse que sim porque sempre estive dentro do processo. Encontrei dentro das seleções um ambiente maravilhoso para trabalhar”, relatou Renan.

O filho dele, Gianluca, é formado em engenharia de produção elétrica pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Construiu carreira no mercado financeiro e teve apenas uma sequela do tratamento: o crescimento foi afetado, e ele parou em 1,74m.